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quinta-feira, 31 de março de 2011

O dia que durou 21 anos


Na TV Brasil, série  de três episódios revela imagens e depoimentos históricos sobre o Golpe de 64

Vejam às 22h nos dias 4, 5 e 6 de abri
Fonte: O Berro


 *Os que viveram a ditadura militar brasileira, os que passaram por ela em brancas nuvens e os que nasceram depois que ela acabou. Todos podem conhecer melhor e refletir sobre esse período, a partir* *da nova série* *?O Dia que durou 21 anos?,** *que a TV Brasil  exibe nos dias 4, 5 e 6 de abril, às 22 h.

 Em clima de suspense e ação, o documentário apresenta, em três episódios de
 26 minutos cada, os bastidores da participação do governo dos Estados  Unidosno golpe militar de
 1964 que durou até 1985 e instaurou a ditadura no  Brasil. Pela primeira vez na televisão, documentos do arquivo  norte-americano, classificados durante 46 anos como *Top Secret,* serão  expostos ao público. Textos de telegramas, áudio de conversas telefônicas,  depoimentos contundentes e imagens inéditas fazem parte dessa série  iconográfica, narrada pelo jornalista Flávio Tavares.

 O mundo vivia a Guerra Fria quando os Estados Unidos começaram a arquitetar o golpe para derrubar o  governo de João Goulart. As primeiras ações surgem em 1962, pelo então  presidente John Kennedy. Os fatos vão se descortinando, através de relatos  de políticos, militares, historiadores, diplomatas e estudiosos dos dois  países. Depois do assassinato de Kennedy, em novembro de 1963, o texano  Lyndon Johnson assume o governo e mantém a estratégia d e remover Jango,  apelido de Goulart. O temor de que o país se alinharia ao comunismo e  influenciaria outros países da América Latina, contrariando assim os  interesses dos Estados Unidos, reforçaram os movimentos pró-golpe.
 Peter Korneluh

 A série mostra como os Estados Unidos agiram para planejar e criar as  condições para o golpe da madrugada  de 31 de março. E, depois,  para sustentar e reconhecer o regime militar do  governo do marechal Humberto Castelo  Branco. Envergando uma roupa civil, ele assume o poder em 15 de abril. Castelo era  chefe do Estado Maior do Exército de Jango.

 O governo norte-americano estava preparado para intervir militarmente, mas  não foi necessário, como ressaltam historiadores e militares. O general Ivan  Ca valcanti Proença, oficial da guarda presidencial, resume: Lamento que foi  um golpe fácil demais. Ninguém assumiu o comando revolucionário.

 Do Brasil, duas autoridades americanas foram peças-chaves para bloquear as  ações de Goulart e apoiar Castelo  Branco: o embaixador dos Estados Unidos, Lincoln Gordon; e o general Vernon  Walters, adido militar e que já conhecia Castelo Branco. As cartas e o áudio  dos diálogos de Gordon com o primeiro escalão do governo americano são  expostas. Entre os interlocutores, o presidente Lyndon  Johnson,  Dean Rusk (secretário de Estado), Robert McNamara (Defesa). Além de  conversas telefônicas de Johnson com George Reedy Dean Rusk; Thomas Mann  (Subsecretário de Estado para Assuntos Interamericanos) e George Bundy,  assessor de segurança nacional da Casa Branca, entre outros.

  Foi uma das mais longas ditaduras da América Latina. O general Newton Cruz,  que foi chefe da Agência Central do Serviço Nacional de Informações (SNI) e  ex-comandante militar do Planalto ,
 conclui: A revolução era para arrumar a casa. Ninguém passa 20 anos para  arrumar uma Casa.

 Em 1967, quem assume o Planalto é o general Costa e Silva, então ministro da  Guerra de Castelo. Da linha dura, seu governo consolida a repressão. As  conseqüências deste período da ditadura, seus meandros políticos e  ideológicos estarão na tela. Mortes, torturas, assassinatos, violação de  direitos democráticos e prisões arbitrárias fazem parte desse período  dramático da história.

 O jornalista Flávio Tavares, participou da luta armada, foi preso, torturado  e exilado político. Através da série, dirigida por seu filho Camilo Tava res,  ele explora suas vivências e lembranças. E mais: abre uma nova oportunidade  de reflexão sobre o passado .

 *O Dia que durou 21 anos é uma coprodução da TV Brasil com a Pequi Filmes,  com direção de Camilo Tavares. Roteiro e entrevistas de Flávio e Camilo.*
  
 *Primeiro Episódio:* 
 As ações do embaixador dos Estados  Unidos, Lincoln Gordon, ainda no governo Kennedy, são expostas neste primeiro  capítulo. O discurso do presidente João  Goulart  pregando  reformas sociais torna-se uma ameaça e é interpretado pelos  militares como uma provocação. Nos quartéis temia-se uma movimentação de  esquerda e a adoção do comunismo, que poderia se espalhar por outros países  latinos. Entrevista s e reportagens da CBS são reproduzidas, bem como  diálogos entre Gordon e Kennedy. 
 O documentário expõe a efervescência da sociedade brasileira naquele  período. Para evitar que Goulart chegasse forte às eleições de 1965, foi  criado o IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática), que teria dado  cobertura às ações dos Estudos Unidos para derrubar João Goulart.

 *Segundo Episódio:* 
 Cenas da morte de John Kennedy e  a posse de Lyndon Johnson abrem este capítulo, dando sequência à estratégia  dos Estados Unidos de impedir ao que o ex-presidente americano chamou de  *um  outro regime comunista no hemisfério ocidental.* Vamos ficar em cima de  Goulart e nos expor se for preciso, diria Jonhson. 
 Imagens focam no discurso de Jango na Central do  Brasil,  em 13 de março de 1964, que foi considerado uma provocação pelos arquitetos  do golpe. Os americanos já preparavam o esquema, enviando suas forças  militares para o ?controle das massas?, como se refere um dos entrevistados.
 Paralelamente, articulações para levar Castelo Branco ao poder estavam sendo  engendradas. 
 As forças americanas não precisaram entrar em campo. João Goulart pegou o  avião, foi para Brasília e depois para o Sul do País. Por que Jango não  reagiu? É uma questão posta na tela . O general Cavalcanti, oficial da guarda presidencial, resume: Lamento que foi  um golpe fácil demais. Ninguém assumiu o comando revolucionário 
 Os Estados Unidos estavam mobilizados para, em caso de resistência, fazer a  intervenção militar pela costa e assim ajudar os militares. As  correspondências de Lincoln Gordon com o primeiro escalão da Casa  Brancasão mostradas ao  público, explorando as ações secretas junto às Forças  Armadas, a reação da imprensa e dos grupos católicos no Brasil. Os Estados  Unidos reconhecem o novo governo e imagens da vitória e manifestações de rua  entram em cenas. 

 *Terceiro Episódio:* 
 O cargo de presidente é declarado vago pelo presidente do Senado, Auro Moura  de Andrade . O presidente da  Câmara, Ranieri Mazzilli, é empossado. 
 No dia 15 de abril, o chefe das Forças Armadas, marechal Castelo Branco,  toma posse. 
 Castelo tinha relações amistosas com Vernon Walters, adido da Embaixada dos  Estados Unidos no Brasil. Depois de suas conversas com Castelo, ele se  ocupava em enviar telegramas para os Est ados Unidos, relatando o teor da  conversa. Os textos dos telegramas são revelados no episódio. 
 O governo Castelo Branco recrudesce e dá início aos atos institucionais. O  de número 2 extingue os partidos políticos e torna as eleições indiretas. E  mais: prorroga o seu mandato. Em 1967, ele é substituído pelo general Costa  e Silva , da chamada linha dura  do Exército. O AI 5 é decretado no ano seguinte, e o Brasil entra no  caos,  O AI5 foi uma revolução dentro da revolução, declara o general Newton  Cruz. 
 A repressão e a tortura dominavam o país. Militares e estudiosos falam desse  período. O brigadeiro Rui Moreira Lima, da Força Aérea Brasileira, declara:
 Eu conheci um coronel, filho de um general, que veio de um curso de tortura  no Panamá. Ele chegou e disse: agora estou tinindo na tortura, pega aí um  cara pra eu torturar.
 Os Estados Unidos continuam em campo e Lincoln Gordon pede para o governo  fortalecer ao máximo o regime militar brasileiro. O orçamento da embaixada  cresce, como registra o historiador Carlos  Fico,  da UFRJ, um dos entrevistados de Flávio Tavares.