Ilda e Ramon - Sussurros de Liberdade

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segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Dona Pandá se foi...para as Alterosas, de novo


Desta vez, sem retorno. Foi o que ela disse naquela madrugada quando entrou na Preta ao lado do filho que estava no lugar do motorista. Atrás, na carroceria, com a capota fechada, seus fidelíssimos Bia e Bei.

O sem retorno foi dito na despedida de suas amigas Dai e Bel. A madrugada deve ter sido escolhida para o escuro da ainda noite esconder a fuga, as lágrimas contidas que iam e as amigas árvores que ficavam guardando o lugar que foi a sua Chácara Xury, o seu lugar.

Isto aconteceu há 10 meses, o tempo que Dona Pandá precisou para falar sobre sua mudança. Diz que “a razão tem razões que o coração desconhece” e este desconhecimento o deixa apalermado, preguiçoso.

Bia acompanhando o coração da dona, olhava sem ver, não queria entrar na caminhonete. Bei entrou e rosnou até com o amigo, exigindo um tempo. Nas horas dos 600 quilômetros, a presença forte e cuidadosa do filhão e a atenção exigida pelos cachorros amenizaram a viagem dolorosa.

A chegada na nova casa, a Morada 21 de maio, foi para Dona Pandá um turbilhão de emoções contraditórias. De um lado, a dor de um estado de sofrimento por uma perda do tamanho do seu mundo, de outro, o acolhimento carinhoso, cuidadoso de Iriem, a irmã sábia.  Ainda bem que Bia e Bei demandaram atenção especial para a entrada em seu novo lar. Como sempre, eles conseguiram mudar o assunto da perda para as novidades do desconhecido.

A Morada 21 de maio foi construída no fundo do sítio Catita, de propriedade da mana sábia.  Os detalhes da casa e do canil foram cuidadosamente planejados para que o acolhimento fosse perfeito.

Tudo foi muito bem preparado. Iriem só não conseguiu dar à casa e sua área de influência o jeito de Dona Pandá que é rústica, uma gambiagem, enquanto a mana é sofisticada, de fino acabamento. Durante um bocado de tempo, ao planejar o mobiliário, Dona Pandá procurava fazer com que o que fosse colocado dentro combinasse com a construção. Foi um fracasso total. Quem, hoje, entra na Morada 21, pode até perceber o esforço do desengonçado querer colocar uma gravata de seda e, no entanto, no lugar aparece um pano xadrez desfiado.

Um vírus invadiu Dona Pandá e fez um baita estrago. Foi no dia seguinte à visita do filho. Sem entender, não conseguiu se levantar e durante 20 dias a cama foi seu lugar. Quando conseguiu, foi colocar as mãos na terra, onde pegou sua boa energia e, com os cuidados da mana sábia, começou a recuperação, bem mais lenta que esperada. A prescrição da sua Bruxa  - a médica homeopática Regina – completou o processo. Dona Pandá se voltou, então, às suas atividades curativas da alma. 

Tratou de fazer uma horta e recuperar o pomar.
Agora, as dificuldades estão no seu campo de conhecimento. Delimitar o pedaço para cercar a horta, preparar a terra. Ai, ai, ai, que solo pobre! Precisamos de húmus, muito húmus! Onde encontrar esterco e minhocas?! Enquanto não acha o fornecedor, o jeito é comprar o húmus que parece feito de ouro! Caríssimo! Passa por muitos numa cadeia infinita para chegar ao Catita. Mais uma vez, a estória se repete: o produtor mal consegue pagar seus custos e o consumidor se dependa!
Dona Pandá inicia nova fase. Ela prometa contar todo o caminho da alface que chega à mesa do Catita. Este foi o capítulo da chegada às Alterosas. O próximo será o início da transa com a terra, o grande desafio!