Este blog se destina a discutir ideias e caminhos ligados à literatura, à vida de bem com a natureza, à construção de um país mais justo. Buscar ser feliz é nossa obrigação. Vamos falar de livros,artesanatos, bichos,plantas orgânicas, saúde,movimentos sociais. LULA PRESIDENTE!
quarta-feira, 6 de novembro de 2019
"Bolsonaro não odeia Lula. Em muitos aspectos, o admira", diz filósofo - CartaCapital
"Bolsonaro não odeia Lula. Em muitos aspectos, o admira", diz filósofo - CartaCapital: Em novo livro, Paulo Ghiraldelli usa elementos da filosofia para avaliar o presidente e seu governo
sexta-feira, 4 de outubro de 2019
Celso Amorim sobre homenagem de Paris a Lula: a cidade-luz iluminou o reino das trevas
Celso Amorim sobre homenagem de Paris a Lula: a cidade-luz iluminou o reino das trevas: Ex-chanceler nos dois governos Lula, Celso Amorim comenta a notícia de que o ex-presidente foi agraciado com o título de Cidadão de Honra de Paris por seu compromisso de reduzir a desigualdade social e econômica no Brasil. Somente outras 17 pessoas receberam o mesmo reconhecimento na história
quarta-feira, 2 de outubro de 2019
Uma crise grave e sem saída à vista
João
Pedro Stedile(1)
Com tantas contradições, solução será mais dolorida
O Brasil vive uma crise profunda.
A estagnação da economia, decorrente da dependência do capitalismo mundial,
impôs uma grave crise social. Mais desemprego, perda de direitos, precarização
e achatamento salarial. Essa situação resultou na atual crise política, em que
o governo não representa os interesses da maioria do povo e da nação.
O grande capital quer se proteger
da crise e implementa diversas medidas para salvar as grandes empresas e o
capital financeiro. Apropriação de bens da natureza (petróleo, minérios,
energia, água e biodiversidade) para obter uma renda extraordinária. Corte dos
direitos trabalhistas para aumentar sua taxa de lucro. Privatização de 133
empresas que dão muito lucro. Transformação do direito à educação e à saúde em
mercadoria. Subordinação ainda maior do nosso destino ao capital dos Estados
Unidos.
Para levar adiante esse plano,
somente com um governo de extrema-direita. Para elegê-lo, tiveram que prender
arbitrária e injustamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT),
favorito na disputa.
Agora, vem à tona os crimes da
dupla de Curitiba que usou o apoio da mídia à Operação Lava Jato para se
locupletar com benefícios pessoais. E só conseguiram eleger o capitão com
mentiras nas redes sociais, com apoio de robôs do exterior.
A situação do país está piorando,
em todos os sentidos. Sem investimentos produtivos, a estagnação seguirá por
muitos anos, segundo economistas de todas as correntes.
A concentração ainda maior da
renda e da riqueza impede o aumento da demanda e do consumo. Apenas os seis
maiores capitalistas do Brasil ganham mais do que a soma da renda de 120
milhões de brasileiros. Os bancos, por sua vez, nunca lucraram tanto.
A crise ambiental se aprofundou
com as políticas de desmonte dos órgãos ambientais, os crimes dos madeireiros,
a expansão do agronegócio e das mineradoras, especialmente na Amazônia.
Não há futuro com este governo e
seu plano para tirar o grande capital da crise. A verdadeira saída é construir
um programa de desenvolvimento baseado na reindustrialização, no controle dos
bancos, no investimento na produção, na agricultura de alimentos e no mercado
interno. As empresas públicas, como Petrobras, Eletrobras e Correios, devem ser
defendidas para elevar os investimentos e sustentar um novo ciclo de
crescimento, emprego e distribuição de renda.
Os militares que se diziam
nacionalistas e defensores do povo estranhamente silenciam. Devem estar
envergonhados do capitão que apoiaram. O Poder Judiciário, omisso ou conivente,
deveria cumprir a Constituição Federal, agir imparcialmente e soltar Lula da
prisão.
O povo precisa ir às ruas lutar
por emprego, educação, saúde e em defesa da soberania nacional. Assim, será
construída a unidade política de forças populares e setores empresariais que
ainda queiram defender o país ?e não apenas seus bolsos.
Ainda estamos longe de uma
solução. A burguesia tem sido surda e burra. O governo é irresponsável e
continua com maluquices. E o povo ainda não se mexeu.
No entanto, essas contradições
vão se agravar. Quanto mais tempo demorar, mais dolorida será a solução.
(1)João Pedro Stedile
Economista, coordenador do MST e
da Frente Brasil Popular
Comunicado N° 58 do MST
Veja link da matéria:
segunda-feira, 30 de setembro de 2019
"Em Lula, o personagem político é maior do que sua condição humana"
Fernando Brito: em Lula, o personagem político é maior do que sua condição humana
"A grandeza de Lula o coloca em
uma altura diante da qual a Força Tarefa da Lava Jato tem a estatura de um anão
moral", diz ainda o editor do Tijolaço
Por Fernando Brito, editor do Tijolaço – Na
entrevista que deu a Luiz Gonzaga Beluzzo e Eduardo Moreira, para o GGN, o
ex-presidente Lula recusa, expressamente, uma progressão de regime de sua pena
e a possibilidade de sair do cárcere com uma tornozeleira eletrônica.
Parece chocante, num regime judicial
em que fazer negócio penal – “entrega o fulano que eu solto você” – que alguém
esteja recusando sair de uma cela para sua casa.
Mas é o normal, ao qual nos
desacostumamos.
Que a verdade e a dignidade pautem o
comportamento humano.
E o comportamento dos políticos.
O melhor argumento em favor da
honestidade de Lula é a honradez de seu comportamento.
Lula é o único político que pode ser
ouvido nos ambientes populares e se contrapor ao populismo de extrema direita,
com sucesso.
Tendo com argumentação essencial o
que foi, que fez e o que é.
Este personagem é maior que o ser
humano, embora dele seja derivado.
Mas em Lula o personagem político é
mais forte que sua condição humana .
A grandeza de Lula o coloca em uma
altura diante da qual a Força Tarefa da Lava Jato tem a estatura de um anão
moral.
quarta-feira, 25 de setembro de 2019
A advertência de Raoni, atacado por Bolsonaro na ONU: "você sentirá medo"
Leia um impactante artigo de Raoni Metuktire, líder do povo indígena
Kayapó, antes de ser atacado violentamente no discurso de Bolsonaro na ONU. O
artigo de Raoni foi publicado pelo jornal The Guardian e tem uma advertência a
Bolsonaro: "O que você está fazendo mudará o mundo inteiro e destruirá
nossa casa – e destruirá sua casa também". E conclui: "Então você
sentirá o medo que nós sentimos".
Por muitos anos, nós, os líderes indígenas e os povos da Amazônia, temos
avisado vocês, nossos irmãos que causaram tantos danos às nossas florestas. O
que você está fazendo mudará o mundo inteiro e destruirá nossa casa – e
destruirá sua casa também.
Temos deixado de lado nossa história dividida para nos unirmos. Apenas
uma geração atrás, muitos de nossos povos estavam lutando entre si, mas agora
estamos juntos, lutando juntos contra nosso inimigo comum. E esse inimigo comum
é você, os povos não-indígenas que invadiram nossas terras e agora estão
queimando até mesmo aquelas pequenas partes das florestas onde vivemos que você
deixou para nós. O presidente Bolsonaro do Brasil está incentivando os
proprietários de fazendas perto de nossas terras a limpar a floresta – e ele
não está fazendo nada para impedir que invadam nosso território.
Pedimos que você pare o que está fazendo, pare a destruição, pare o seu
ataque aos espíritos da Terra. Quando você corta as árvores, agride os
espíritos de nossos ancestrais. Quando você procura minerais, empala o coração
da Terra. E quando você derrama venenos na terra e nos rios – produtos químicos
da agricultura e mercúrio das minas de ouro – você enfraquece os espíritos, as
plantas, os animais e a própria terra. Quando você enfraquece a terra assim,
ela começa a morrer. Se a terra morrer, se nossa Terra morrer, nenhum de nós
será capaz de viver, e todos nós também morreremos.
Por que você faz isso? Você diz que é para desenvolvimento – mas que
tipo de desenvolvimento tira a riqueza da floresta e a substitui por apenas um
tipo de planta ou um tipo de animal? Onde os espíritos nos deram tudo o que
precisávamos para uma vida feliz – toda a nossa comida, nossas casas, nossos
remédios – agora só há soja ou gado. Para quem é esse desenvolvimento? Apenas
algumas pessoas vivem nas terras agrícolas; eles não podem apoiar muitas
pessoas e são estéreis.
Você destrói nossas
terras, envenena o planeta e semeia a morte, porque está perdido. E logo será
tarde demais para mudar
Então, por que você faz isso? Podemos ver que é para que alguns de vocês
possam obter uma grande quantia de dinheiro. Na língua Kayapó, chamamos seu
dinheiro de piu caprim, “folhas tristes”, porque é uma coisa morta e inútil, e
traz apenas danos e tristeza.
Quando seu dinheiro entra em nossas comunidades, muitas vezes causa
grandes problemas, separando nosso pessoal. E podemos ver que faz o mesmo em
suas cidades, onde o que você chama de gente rica vive isolado de todos os
outros, com medo de que outras pessoas venham tirar seu piu caprim. Enquanto
isso, outras pessoas passam fome ou vivem na miséria porque não têm dinheiro
suficiente para conseguir comida para si e para seus filhos.
Mas essas pessoas ricas vão morrer, como todos nós vamos morrer. E
quando seus espíritos forem separados de seus corpos, seus espíritos ficarão
tristes e vão sofrer, porque enquanto vivos fizeram com que muitas outras
pessoas sofressem em vez de ajudá-las, em vez de garantir que todos os outros
tenham o suficiente para comer, antes de alimentar a si próprio, como é o nosso
caminho, o caminho dos Kayapó, o caminho dos povos indígenas.
Você tem que mudar a sua maneira de viver porque está perdido, você se
perdeu. Onde você está indo é apenas o caminho da destruição e da morte. Para
viver, você deve respeitar o mundo, as árvores, as plantas, os animais, os rios
e até a própria terra. Porque todas essas coisas têm espíritos, todas elas são
espíritos, e sem os espíritos a Terra morrerá, a chuva irá parar e as plantas
alimentares murcharão e morrerão também.
Todos nós respiramos esse ar, todos bebemos a mesma água. Vivemos neste
planeta. Precisamos proteger a Terra. Se não o fizermos, os grandes ventos
virão e destruirão a floresta.
Então você sentirá o medo que nós sentimos.
(A tradução é da Mídia Ninja)
Fonte: 247 - Artigo de Raoni Metuktire, líder indígena brasileiro da etnia caiapó, publicado no britânico The Guardian em 2 de setembro.
quarta-feira, 28 de agosto de 2019
10 ações práticas para ajudar a salvar a Amazônia - e você mesmo - CartaCapital
10 ações práticas para ajudar a salvar a Amazônia - e você mesmo - CartaCapital: Para reverter este quadro, precisamos usar tudo o que está acontecendo como forma de expansão de consciência
segunda-feira, 26 de agosto de 2019
MP da Liberdade Econômica é um Cavalo de Troia para os trabalhadores - CartaCapital
MP da Liberdade Econômica é um Cavalo de Troia para os trabalhadores - CartaCapital: Medida Provisória anarcocapitalista é uma ruptura com a tradição jurídica do País
quinta-feira, 22 de agosto de 2019
Entramos no cheque especial dos recursos ambientais e muita gente nem se deu conta - CartaCapital
Entramos no cheque especial dos recursos ambientais e muita gente nem se deu conta - CartaCapital: Podemos nós mesmos, no nosso dia a dia, sermos mais criteriosos com nossas escolhas, principalmente com aquilo que compramos
terça-feira, 20 de agosto de 2019
500 dias de Lula na prisão: as dores e a resistência do ex-presidente - CartaCapital
500 dias de Lula na prisão: as dores e a resistência do ex-presidente - CartaCapital: Em Curitiba, no cárcere da Policia Federal, apesar dos percalços e das fatalidades, Lula resiste
sábado, 13 de julho de 2019
Chico de Oliveira
Tristeza: Lá se foi o querido professor Chico de Oliveira
O Libertas presta sua homenagem, provocando o leitor a ler no Blog da Boitempo o texto completo do aperitivo que Schawarz nos presenteia.
Roberto Schwarz sobre Chico de Oliveira
“O marxismo aguça o senso de realidade de alguns, e embota o de outros. Chico evidentemente pertence com muito brilho ao primeiro grupo. Nunca a terminologia do período histórico anterior, nem da luta de classes, do capital ou do socialismo lhe serve para reduzir a certezas velhas as observações novas. Pelo contrário, a tônica de seu esforço está em conceber as redefinições impostas pelo processo em curso, que é preciso adivinhar e descrever. Assim, os meninos vendendo alho e flanela nos semáforos não são a prova do atraso do país, mas de sua forma atroz de modernização. Algo análogo vale para as escleroses regionais, cuja explicação não está no imobilismo dos tradicionalistas, mas na incapacidade paulista para forjar uma hegemonia modernizadora aceitável em âmbito nacional. Chico é um mestre da dialética.”
Leia o texto completo no Blog da Boitempo.
O Libertas presta sua homenagem, provocando o leitor a ler no Blog da Boitempo o texto completo do aperitivo que Schawarz nos presenteia.
Roberto Schwarz sobre Chico de Oliveira
“O marxismo aguça o senso de realidade de alguns, e embota o de outros. Chico evidentemente pertence com muito brilho ao primeiro grupo. Nunca a terminologia do período histórico anterior, nem da luta de classes, do capital ou do socialismo lhe serve para reduzir a certezas velhas as observações novas. Pelo contrário, a tônica de seu esforço está em conceber as redefinições impostas pelo processo em curso, que é preciso adivinhar e descrever. Assim, os meninos vendendo alho e flanela nos semáforos não são a prova do atraso do país, mas de sua forma atroz de modernização. Algo análogo vale para as escleroses regionais, cuja explicação não está no imobilismo dos tradicionalistas, mas na incapacidade paulista para forjar uma hegemonia modernizadora aceitável em âmbito nacional. Chico é um mestre da dialética.”
Leia o texto completo no Blog da Boitempo.
segunda-feira, 8 de julho de 2019
sexta-feira, 21 de junho de 2019
Novo habitante da 21 de Maio
Dona
Pandá recebeu um presente. Quem lhe deu foi Agnaldo, o
pedreiro-eletricista-encanador que está fazendo uma reforma no sítio Catita. A
casa – 21 de Maio – onde Dona Pandá está morando fica atrás da casa principal
do sítio. Agnaldo chegou cedo com o mimo e Dona Pandá estava bastante ansiosa,
acordou várias vezes e ficava pensando se havia feito bem em aceitar o presente
e, como é seu costume, levantou várias hipóteses positivas e outras tantas
negativas.
Ele
chegou - uma graça, pequenininho, amarelo, pelos arrepiados, olhos verdes,
expressivos – recebeu o nome de Chê.
Em
sua Chácara Xury, Dona Pandá teve o Ernesto, a Ilda e o Ramon. Agora, veio,
então, o Chê. No seu romance Ilda e Ramon - Sussuros de Liberdade,
Dona Pandá fala de seus bichinhos. É claro, que ela acha que Guevara é o homem
a ser admirado e seus gatos são sempre uma homenagem a ele.
Chê,
o gato – não que o guerrilheiro não tenha também sido um gato – encontrou no
sítio duas moradoras caninas, Lau e Bela, que iniciaram imediatamente um
processo esquisito de boas-vindas. A experiência de Dona Pandá com o
compartilhamento do espaço entre caninos e felinos lhe sugere prudência, muita
prudência. Lau e Bela têm um relacionamento próximo ao de amor e ódio, onde a
nota dominante é o recíproco ciúme. Chê, mesmo petitito sabe que apesar da
vontade de brincar e da proximidade das residentes, deve se mostrar pouco
dócil. O resultado, no primeiro encontro, foi fortalecer a prudência de Dona
Pandá. Lau e Bela querem saber tudo do novo habitante da casa 21 de Maio, onde
as portas são abertas com a proteção de grade. Felino de dentro, caninas de
fora. Dona Pandá quer saber até quando terá que fazer o severo monitoramento
dessas relações. Quando relaxa um pouco, já que os três parecem tão amigáveis,
eis, de repente, um rosnado e tudo volta ao início: tensão e novo chamado da
prudência.
Pode-se
dizer que Dona Pandá seja quase nada prudente. O que aparece mais nesta senhora
é uma certa tendência a aventuras. Pensando melhor há uma grande contradição
para uma só pessoa. Quer planejar tudinho como se a vida fosse algo
controlável. Quer ter o controle desde que nada a controle. O Chê vai lhe
proporcionar momentos de grandes exercícios na maratona aventura prudente.
O
filhote está com dois meses e já recebeu uma crueldade neste mundo dos humanos:
mataram sua mãe. Ele tem uma vantagem enorme, não sabe das delícias filiais proporcionadas
pelos cuidados maternos, não as conheceu, não sente sua falta. Busca, porém
calor de colo, aconchego, instintivamente vai atrás dos cuidados de que precisa
e Dona Pandá tenta oferecer o que ele procura.
Chê,
no mesmo dia em que chegou, já usou o banheiro com a areia higiênica, achou a
água e o alimento. À noite a estória é outra, tem o domínio total da situação.
Quantas opções de cama lhe foram oferecidas, quantas serviram de trampolim para
a cama de Dona Pandá. Este é o atual desafio: fazer o Chê entender que é norma
da casa dormir sozinho.
sábado, 15 de junho de 2019
Estou de cabeça inchada
Carta Capital pergunta, em sua manchete de capa, se “O
Brasil engole mais esta?” Pergunto-me se
os brasileiros terão indigestão. Quem são os brasileiros?
Minha geração achava
que poderia curtir sua aposentadoria em paz. Vimos muitos dos nossos serem
abatidos emocional, mental e fisicamente durante nossa luta contra a ditadura
de 1964. Pensávamos que conhecíamos este Pais pelo qual corremos risco de
morte. Nem naquele terrível período vislumbramos quem são estes brasileiros que
não gostam do Brasil. Querem acabar com o que de melhor temos. Àquela época, o
comando estava nas mãos de militares bem diferentes dos que hoje aí estão. Eram
brasileiros que entendiam sua função, a defesa da Pátria, eram defensores dos
brasileiros e de suas riquezas, eram militares nacionalistas. Praticaram
torturas e mortes, mas defenderam a Pátria.
Caraca! Como está difícil escrever o que ando sentindo! O
Brasil, o meu País, a minha Pátria está doente! Os brasileiros estão se
mostrando Judas, aquele das 30 moedas!
Começou quando? Vamos colocar como ponto inicial – por uma
questão de viabilidade didática – o mensalão. Foi o início da TV no plenário da
Suprema Corte, quando da passagem de suas excelências a artistas e/ou
políticos. A atuação do senhor togado presidente do STF, trazendo à corte
figuras inovadoras nos julgamentos, quase o transformou em candidato à vida
política explícita. Chegou-se a falar em sua candidatura a um alto cargo
eletivo. Lembro-me de minha perplexidade em alguns momentos, como quando uma
ministra, em seu voto, disse ao Senhor José Dirceu que, embora não tivesse as
provas, ela iria condená-lo assim mesmo porque a literatura o permitia.
O povo doutrinado pela mídia, tendo à frente o grupo Globo,
passou a comungar os valores das alta e média burguesias. A ideia de que a
classe política era a responsável por todas as mazelas do País e a corrupção
precisava ser estraçalhada por uma força tarefa especial foi sendo passada às
pessoas. Formou-se, pois, a Lava Jato que, em sendo especial, não seguia
propriamente as mesmas leis impostas no País. O juiz se metamorfoseou
publicamente em herói e, internamente, em chefe supremo da força tarefa, onde
os procuradores-promotores (aqueles que investigam e acusam) seguiam sua
orientação. Esse juiz só não era hierarquicamente superior ao togado do Supremo
Tribunal Federal com quem toda a Lava Jato podia contar. Não que precisassem de
orientação, pois eram bem treinados pelo Norte e lá tinham (têm) muito boa
relação, camaradagem excepcional de troca de informações. O Norte orienta de
acordo com sua própria necessidade e o Sul lhe passa os dados de que precisa
para obter seus objetivos.
Montado o cenário com seus devidos personagens, chega o
momento de mudar os mandatários do Brasil. Vem a campanha eleitoral. A
população já está devidamente preparada pela Globo e cia. Entretanto, surge um
problema grave. As pesquisas mostram que Lula ganha disparado de todos os
candidatos e ganha no primeiro turno. O Norte, aliado ao capital interno -
bancos e grandes empresas -, entrega ao juiz da metamorfose a tarefa de impedir
a candidatura do Lula. Sabem do tamanho do homem que saiu do seu segundo
mandato com a aprovação única de mais de 80%. Se ele abre a boca para ungir um
candidato este seria eleito. O jeito de garantir é acabar com a reputação do
Lula e também de seu partido e qualquer candidato que possa vir do Partido dos
Trabalhadores que, como o nome indica, não é do grande capital, portanto,
inimigo de quem paga as metamorfoses.
Moro começou atacando Lula e sua família, com grampos e
vazamentos ilegais – chegou ao absurdo de grampear a Presidenta da República e
saiu ileso, sem que algum togado mais elevado fizesse alguma coisa -, condução coercitiva,
invasão de domicílio com apreensão de aparelhos, como por exemplo, celular do
neto do Lula.
Fica uma pergunta dolorosa. Dona Marisa Letícia morreu. O
que causou sua morte?
O togado da metamorfose condenou e prendeu Lula, proibindo-o
de dar entrevistas para não facilitar a eleição do seu candidato.
Como não podia deixar de acontecer frente aos acontecimentos
promovidos pela Lava-Jato, o eleito foi o pior dos candidatos – o cara que
distribui o ódio e a mentira - que está
vendendo para o Norte o que lhe interessa.
Quem são os brasileiros que puseram o vendedor do Brasil no
Alvorada?
quinta-feira, 6 de junho de 2019
terça-feira, 14 de maio de 2019
Juíza admite que usou sentença de Moro como modelo para condenar Lula
Comentário do Blog: A moça Gabriela Hardt, que tem a função de juíza, copiou e colou sem sequer ter o cuidado de fazer as adaptações ao caso, numa demonstração de incompetência e desonestidade. Na minha profissão, se algum autor faz isto, além de poder ser processado por plágio, é desmoralizado como escritor.
REDAÇÃO de carta Capita, 13
DE MAIO DE 2019
Segundo
declarou Gabriela Hardt, a prática é normal na magistratura e que ‘todas as
informações essenciais’ estavam no processo
A juíza
Gabriela Hardt, da 13ª Vara Federal de Curitiba, admitiu ter usada a sentença
de Sergio Moro como modelo para a decisão que condenou o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva pela segunda vez.
Hardt disse a jornalistas que participavam de um evento em Curitiba que
a prática é normal na magistratura, e que sempre usa decisões de colegas como
base de suas sentenças. “A gente sempre faz uma sentença em cima da outra. E a
gente busca a anterior que mais se aproxima”, disse. Afirmou ainda que “todas
as informações essenciais” envolvendo o caso já estavam no processo.o por
corrupção e lavagem de dinheiro relacionada a obras do sítio Santa Bárbara, que
ele frequentava com a família em Atibaia. Já naquela época, os advogados do
ex-presidente questionaram a decisão da juíza, considerada semelhante demais à
de Moro no caso.
Uma perícia encomendada pela defesa constatou “certeza técnica de
que a Sentença do Sítio foi superposta ao arquivo de Texto da Sentença do
Triplex, diante das múltiplas e extremamente singulares ‘coincidências’
terminológicas”.
Na página
114 do documento, a juíza cita “depoimentos prestados por colaboradores e
co-réus Leo Pinheiro e José Adelmário” como se fossem pessoas diferentes.
Noutro trecho, anotou que “deverão ser descontados os valores confiscados
relativamente ao apartamento“.
A decisão contra Lula no caso Atibaia é baseada num pedido do Ministério
Público Federal,com base em delações. O MPF considera que Odebrecht, a OAS
e a também empreiteira Schahin gastaram pouco mais de 1 milhão de reais em
obras de melhorias no sítio em troca de contratos com a Petrobras. Apesar de o
imóvel estar registrado no nome de Jacó Bittar, amigo de Lula, o MP sustenta
que a posse oculta é do ex-presidente.
O
ex-presidente foi condenado, em fevereiro, a doze anos e 11 meses de prisão por
corrupção e lavagem de dinheiro relacionada a obras do sítio Santa Bárbara, que
ele frequentava com a família em Atibaia. Já naquela época, os advogados do
ex-presidente questionaram a decisão da juíza, considerada semelhante demais à
de Moro no caso.
Uma perícia encomendada pela defesa constatou “certeza técnica de
que a Sentença do Sítio foi superposta ao arquivo de Texto da Sentença do
Triplex, diante das múltiplas e extremamente singulares ‘coincidências’
terminológicas”.
Na página
114 do documento, a juíza cita “depoimentos prestados por colaboradores e
co-réus Leo Pinheiro e José Adelmário” como se fossem pessoas diferentes.
Noutro trecho, anotou que “deverão ser descontados os valores confiscados
relativamente ao apartamento“.
A decisão contra Lula no caso Atibaia é baseada num pedido do Ministério
Público Federal,com base em delações. O MPF considera que Odebrecht, a OAS
e a também empreiteira Schahin gastaram pouco mais de 1 milhão de reais em
obras de melhorias no sítio em troca de contratos com a Petrobras. Apesar de o
imóvel estar registrado no nome de Jacó Bittar, amigo de Lula, o MP sustenta
que a posse oculta é do ex-presidente.
segunda-feira, 13 de maio de 2019
Beethoven - Sonata ao Luar + 300 Pinturas
Um presente do amigo Sérgio para os amigos do Libertas. Obrigada, Sérgio.
segunda-feira, 6 de maio de 2019
Porque ‘Lula livre’
Cientista político
e ex-ministro da Ciência e Tecnologia entre 2003 e 2004
Publicado no 247 em 3
de Maio de 2019
A
entrevista do presidente Lula à Folha de S. Paulo e
ao El País já é o fato político mais importante deste
ano, pela sua excepcionalidade e pelo que encerra, a um só tempo, de absurdo e
lógica, irracionalidade e razão.
Trata-se de algo inédito: a
condenação e encarceramento de um ex-presidente da República mediante processo
despudoradamente político e eivado de vícios e ilegalidades insanáveis,
comandado por um militante politico travestido de juiz.
Em sua lógica intrínseca,
apresenta-se como peça fundamental, friamente racional, do processo político
ainda em curso e de desenlache desconhecido; anunciando-se contra o líder
popular, visa à demonização das forças progressistas e de esquerda, num
primeiro momento, e, ao fim e ao cabo, à destruição mesma da democracia
reconquistada com a Constituição de 1988.
Essa prisão, denunciou o
ex-presidente em sua entrevista-manifesto, apresenta-se, porém, como uma
necessidade; foi o caminho encontrado pelas forças do atraso para, impedindo
sua candidatura à presidência da República, assegurar a ascensão do
bolsonarismo, o fecho e o cume do processo golpista desencadeado com a
deposição de Dilma Rousseff.
A concessão que nos permitiu o
reencontro com o líder encarcerado é a mesma que denuncia o arbítrio. Se foi um
alento para as massas encontrar um Lula forte, altaneiro e corajoso, foi uma
provação revê-lo a partir de um vídeo de entrevista concedida em seu tugúrio de
condenado político.
São, porém, as condições ditadas pela
atual correlação de forças. É preciso, portanto, alterá-la.
O ex-presidente acertou quando
reiterou a esperança de que o STF, senhor de baraço e cutelo do tempo, um dia
decidirá “segundo a prova dos autos”, como seria seu dever de ofício. Se assim
finalmente julgar, restituir-lhe-á a liberdade suprimida. Mas, todos sabemos, a
farsa do formalismo jurídico não encobre a essencialidade política do processo,
que só terá saída na ação política, cujo motor é a mobilização popular.
Lula – forjado nos embates sindicais,
apelou incansavelmente à organização e rearticulação dos movimentos sociais e
dos partidos de esquerda, inclusive de seu próprio partido; apelou ao
fortalecimento das lideranças de centro-esquerda, ponto de partida para a mais
ampla frente política, partidária e popular, porque também compreendendo o
movimento social.
Porque só uma frente – ampla –
terá condições de enfrentar e derrotar o funesto regime que aí está e
deter sua cruzada obscurantista.
Quando impera entre nós o
regressismo, quando se intenta refazer a História, quando se intenta negar a
tortura e os assassinatos da ditadura militar brasileira, que também é negada
como tal; quando o projeto do governo é destruir a educação e a cultura negando
as ciências humanas; quando a proposta é a ampliação da pobreza, Lula nos diz:
‘Vamos lutar!’. E assim transforma em esperança o desânimo e a tristeza,
retirando a militância democrática de sua ambiência depressiva.
Seu modelo de altivez em condições
tão adversas, seu exemplo de resistência quando tudo parecia perdido, é uma
injeção de ânimo que percorre todo o país ao tempo em que denuncia para todo o
mundo sua condição de preso político e escancara o protofascismo do governo do
capitão e seus generais, acumpliciados com um Judiciário abertamente
partidarizado.
A questão fundamental, diz o
ex-presidente, é salvar o país. Livrá-lo da crise econômica que o
neoliberalismo aprofunda, tirar o povo da pobreza que o neoliberalismo agrava,
salvar a soberania nacional abastardada por um servilismo que só encontra
precedente no governo do marechal Castelo Branco, primeiro presidente do
mandarinato militar. Mas é, concomitantemente e como condição essencial, o
combate ao projeto neofascista que ameaça consolidar-se. Em suma: a palavra de
ordem é estancar a desconstituição do país
É preciso defender a democracia
diariamente, pois é diária a ação dos que, falsamente, muitas vezes em seu
nome, ou em nome da liberdade, ou em nome do direito ou em nome do combate à
corrupção, tentam garroteá-la. Assim Getúlio e Jango foram depostos por
conspiracies reacionárias levadas a termo pela associação de militares com os
segmentos mais atrasados da economia nacional, com os olhos e a alma voltados
para os interesses do capital internacional, que volta a agir contra as
pretensões brasileiras de uma política externa soberana. Foi em nome do combate
à corrupção que Jânio Quadros e Fernando Collor – com a inefável contribuição
da grande imprensa, sempre – foram transformados em promessas de redenção
nacional.
Em nome do combate à corrupção a extrema-direita,
auxiliada pela adesão de liberais e autointitulados sociais-democratas, elegeu
o capitão e instaurou o regime civil-militar que nos governa de forma
desastrosa, antipopular e antinacional. Em nome do combate à corrupção, essa
aliança intenta destruir o que entende por petismo, lulismo, esquerdismo e
comunismo, impondo a ideologia do atraso como alternativa ao avanço.
A demonização das esquerdas não
resulta da análise racional de seus muitos erros no governo, mas da avaliação
de seus muitos méritos, das muitas conquistas populares que ensejou, dos
direitos que protegeu, da ascensão social que propiciou a milhões de brasileiros,
de negros e pobres aos quais abriu os caminhou da cidadania.
Para desconstruir a democracia, aqui
e em todo o mundo, a direita investe primeiro na desmoralização da política e,
na sequência, na desmoralização dos partidos e dos políticos, reduzidos todos a
meros instrumentos de corrupção. Este é o processo que vivemos presentemente.
Em tal cenário, Lula nos chega
retomando a política como o eixo da democracia representativa, que carece de
partidos fortes, autênticos e firmemente enraizados junto às grandes massas.
Não basta o fortalecimento do PT, pois sua sobrevivência também depende do
fortalecimento dos demais partidos de esquerda, sem o que tornar-se-á presa
fácil do totalitarismo.
Mesmo
a só sobrevivência da esquerda não será suficiente para a recuperação do país,
tarefa que pede uma frente ampla, amplíssima, como aquela que viabilizou a
histórica campanha das Diretas Já, sem a
qual não teria havido a implosão do colégio eleitoral montado pela ditadura
para assegurar sua prorrogação com a eleição do inefável Pauo Salim Maluf, nem
a Constituição de 1988 e com ela as eleições diretas de 1989, encerrando 25
anos de recesso democrático.
Lula, que ressurge revigorado física
e intelectualmente, vê a necessidade de unir o povo e proclama como seu instrumento
inafastável a unidade das forças progressistas.
Os números de 2018 mostram, à
saciedade, que, não obstante a onda de reacionarismo e primitivismo que se
mostrou maior e mais profunda do que a estimada, a eleição do capitão poderia
ter sido evitada se as esquerdas e as forças progressistas se tivessem
unificado e o centro não tivesse optado pela extrema-direita, suicidando-se.
Quem responderá perante a História
pelo ônus do bolsonarismo?
O chamamento à unidade em face do
grande projeto de salvação nacional – a questão está colocada realmente nestes
termos de salvação nacional –, a necessidade de as esquerdas saberem eleger o
adversário comum, abandonando a disputa autofágica, não amortece a necessidade
de denunciar a sociedade de classes e o imperialismo do qual o governo
brasileiro de hoje se transforma em servidor.
Este discurso está claro na
entrevista de Lula.
“Lula livre’, portanto, não é o ponto
de chegada, mas o ponto de partida fundamental para um grande esforço de
recuperação nacional, que depende, hoje mais do que nunca, da mobilização das
grandes massas, que o ex-presidente pretende liderar.
Lula dá uma lição de resistência
MINO CARTA
6
DE MAIO DE 2019 (publicado em Carta Capital)
E também
de altivez e sabedoria: é a entrevista do ex-presidente
A entrevista de Lula à Folha de S.Paulo e ao El País ainda vibra nesta redação e o que nos toca em primeiro lugar é a lição de altivez e desassombro que a marca para sempre. As palavras do ex-presidente sobre as razões que o levam a manter a resistência a partir da prisão curitibana nos comovem e nos empolgam.
Fundamental
na análise deste momento crucial da história nacional o depoimento de Lula,
dado antes do início da entrevista e gravado pelo valente Ricardo Stuckert,
extraordinário e fidelíssimo biógrafo de quem acompanha a largo tempo. A Folha não o publicou, ao contrário do El País, representado por Florestan Fernandes Júnior, e
pelo site online da Forum. Alguns trechos, os mais significativos, estão na
página ao lado.
Lúcida e
implacável a análise da sequência de ações que do impeachment de Dilma Rousseff levam à condenação
sem provas, aos desmandos de Temer e à eleição de Jair Bolsonaro. Fio condutor:
a demência como forma de governo, o entreguismo do súdito e a demolição do
Estado. O entrevistado reconhece a unicidade da conspiração à brasileira, do
fatídico jeitinho de inventar motivos e enganar a plebe rude e ignara. Sublinha
Lula haver países ameaçados, ou a pique, de perder as benesses criadas pela
democracia, enquanto o Brasil nem chegou a conquistá-las. Ao dar passos
essenciais neste sentido, dados pelo governo petista, foram engolidos
pelo golpe e suas consequências.
Se eu estivesse entre os entrevistadores,
teria perguntado a respeito do STF conivente e velhaco
Tenho pelo meu eterno presidente, do Sindicato dos Metalúrgicos de São
Bernardo e Diadema à República, uma amizade irrecorrível vincada pela franqueza
a caracterizar uma relação de autêntica substância. Ele nunca deixou de se
abrir comigo e eu nunca deixei de expor meu pensamento. Lula me cita a
propósito do caso Battisti: é fato que insisti junto ao então presidente, a
lamentar a espantosa ignorância de quantos viam um herói em um mero terrorista,
ex-ladrãozinho do arrabalde romano. Preferiu dar ouvidos a quem nada sabe a
respeito da história recente da Itália. Já a história deste Brasil formalmente
desigual ele a conhece a fundo e desnuda em toda a sua malignidade.
A situação em que precipitamos ele a percebe desde as raízes, aponta
inclusive a diferença abissal a separar os atuais parlamentares que desonram o
País e o Congresso que editou em 1988 a nova Constituição, presidida por
Ulysses Guimarães, notabilíssima personagem merecedora da melhor lembrança. E a
mim vem à memória o dia do começo de janeiro de 1984, quando o doutor e o
governador Montoro me pediram para procurar o jovem líder do PT e reiterar o
convite a participar da manifestação das Diretas Já convocada em São Paulo na
Praça da Sé no aniversário da cidade, a 25 daquele mês. Logo almocei com Lula e
ouvi dele o que esperava: “Estarei lá, obviamente”. Acompanhava-me um amigo
caríssimo, jornalista italiano de passagem por São Paulo, e ele carregou a
certeza de que eu era um potentado da República, a despeito do meu esforço de
demovê-lo desta convicção. Lula foi à manifestação e figurou na linha de frente
do palanque diante de uma plateia de 500 mil pessoas. Ao cabo da memorável
festa cívica, um grupo dirigiu-se à Avenida Paulista e incendiou uma perua da
Globo.
➤ Leia
também em Carta Capital: Em entrevista, Lula fala
em obsessão por desmascarar Moro e Dallagnol
Outro era o Brasil. Compreensível agora o apoio irrestrito que Lula dá
ao PT, a meu ver partido tíbio diante do descalabro terrificante dos dias de
hoje. Mas Lula é um ser de emoções à flor da pele, generoso por natureza, amigo
irredutível dos amigos ‒ e não lhe faltaram os traidores. Por causa desse
aspecto da sua personalidade, se quisermos encantador, e apesar do QI muito
elevado, do senso de humor agudo, da vocação da tirada irônica, às vezes ele
tropeça em enganos diria mesmo ingenuamente. Nem sempre a paz na terra premia
os homens de boa vontade, conforme cantaram os anjos na noite de Nazaré. De
todo modo, por raciocínios distintos, apreciei a sabedoria que o inspirou ao
falar de Guilherme Boulos e Ciro Gomes.
Comovem as razões que o levaram a resistir
a partir da prisão
Se eu
estivesse entre os entrevistadores, não teria hesitado em fazer perguntas a
respeito de uma alta corte naturalmente incumbida de velar pelo cumprimento da
Constituição. Como sabemos, deu-se o exato contrário. O Supremo poderia ter
agido desde 2014 para impedir a criminosa atuação da Lava Jato ao longo de um
processo que transforma o juiz imparcial em inquisidor disposto a condenar sem
provas ao sabor das fantasias dos pregadores de uma cruzada. E ignorou os
poderes que lhe permitiam intervir no processo de impeachment de Dilma Rousseff para coibir mais um
desacato à Lei Maior e a clamorosa injustiça cometida contra Lula. Um Supremo
conivente e velhaco aderiu, tal o verbo correto, ao golpe de forma decisiva em
todas as suas passagens. E ainda ter perguntado como enxerga agora os Toffolis
e Fachins da vida, as Rosa Webers e Cármen Lúcias, e outros que o quiseram onde
hoje se encontra.
De minha
parte, recordo que no dia 15 de abril de 2015, Dilma, no início do segundo
mandato, de Joaquim Levy a tiracolo, almocei com Lula em minha casa, com a
companhia do professor Belluzzo e de minha filha Manuela. Lá pelas tantas, ao
enfrentar um ossobuco com raspa de limão sobre o tutano, sustentei a
necessidade imperiosa de uma pronta reação. O plano do golpe já estava em
andamento desde a eleição e o impeachment da
presidenta e a condenação sem provas pelo inquisidor curitibano já figuravam
no script. Não se tratava de profecias, mas de
constatações. Sugeri: aluga um ônibus e organiza uma caravana, começa por sua
terra, Garanhuns, atravessa o Nordeste, vai ao Norte, desce para Salvador,
depois Belo Horizonte, enche as praças, abre os olhos do povo, faz um barulho
do capeta. Como sempre, disse o que penso. A caravana saiu quando era tarde,
Lula já condenado. Ninguém me tira da cabeça que, se ele aceitasse minha
sugestão, não haveria golpe e tudo o mais.
O prólogo
Confira trechos do documento lido antes da entrevista:
▪ Aquele golpe começou a ser preparado em 2013 quando a Rede Globo de
Televisão usou sua concessão pública para convocar manifestações de rua contra
o Governo e até contra o sistema democrático. Tudo valia para tirar o PT do
Governo, inclusive a mentira e a manipulação pela mídia.
▪ O novo Brasil que estávamos criando junto com o povo e as forças
produtivas nacionais foi retratado pela Rede Globo e seus seguidores na
imprensa como um país sem rumo e corroído pela corrupção.
▪ Nem em 1954 com Getúlio nem em 1964 contra Jango se viu tanta
demonização contra um partido, um governo ou um presidente. Centenas de horas
do Jornal Nacional e milhares de manchetes de revistas contra nós. Nenhuma
chance de defender nossas opiniões. Mesmo assim, em 2014, derrotamos os
poderosos nas urnas pela quarta vez consecutiva. Para quem não conhece o
Brasil, nossas elites dizimaram milhões de indígenas desde 1500, destruíram
florestas, enriqueceram por 300 anos a custas de escravos tratados como se
fossem bestas. Colonos e operários tratados como servos. Divergentes como
subversivos, mulheres como objetos. Diferentes, como párias. Negaram terra,
dignidade, educação, saúde e cidadania ao nosso povo.
▪ Criamos o PT em 1980 para defender as liberdades democráticas,
os direitos do povo e dos trabalhadores. O acúmulo das lutas do PT e da
esquerda brasileira, do sindicalismo dos movimentos sociais e populares nos
levou a consolidar um pacto democrático na constituinte de 1988. Esse pacto foi
rompido pelo golpe do impeachment em 2016 e por seu desdobramento que foi a
minha condenação sem culpa, e minha prisão em tempo recorde para que eu não
disputasse as eleições.
domingo, 28 de abril de 2019
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