Ilda e Ramon - Sussurros de Liberdade

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segunda-feira, 29 de abril de 2013

A União Europeia e a Taxa Tobin



Para a grande surpresa da maioria dos analistas, foi aprovada a criação de um Imposto sobre Transações Financeiras (ITF), que começará a ter vigência a partir de 01 de janeiro de 2014 em 11 países do espaço europeu. Como era de se esperar, a proposta está sendo severamente bombardeada pelos analistas e colunistas vinculados à banca, em todos os meios de comunicação.
Paulo Kliass

As conseqüências da crise econômico-financeira têm afetado de forma particular os países menos consolidados da União Européia. As propostas apresentadas pela chamada “troika” chegam a assustar apenas pela expectativa de seu possível anúncio. É assim que ficou conhecida a trinca institucional composta pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), pelo Banco Central Europeu (BCE) e pela Comissão Européia (CE). Até o momento, os representantes desses organismos têm trabalhado em sintonia e bem articulados entre si, com a edição de medidas que visam, em tese, encontrar soluções para a crise no espaço do velho continente.

Ocorre que, ao fazermos um balanço preliminar da atuação desses órgãos, torna-se evidente uma espécie de esquizofrenia funcional. Quando se trata de salvar os grandes conglomerados do sistema financeiro e todo o mundo empr esarial que gira em seu entorno, a “troika” não tem poupado esforços. O BCE e os próprios governos nacionais têm injetado recursos orçamentários trilionários para evitar a quebra dos bancos e instituições assemelhadas, com o discurso de que eles são “grandes demais para quebrar” (expressão que veio do jargão em inglês “too big to fail”). Assim, cai por toda terra todo o discurso de que não haveria recursos disponíveis nos orçamentos para executar as políticas sociais e os novos investimentos necessários em infra-estrutura. Isso porque, em oposição às benesses oferecidas graciosamente para o financismo, a troika recomenda aos governos dos países integrantes da União Européia muita austeridade e seriedade no controle do gasto público. Leia-se: corte radical nas despesas. Os resultados dessa política irresponsável nós temos assistido nos casos de Irlanda, Portugal, Grécia e Espanha, entre outros. As conseqüências são o aprofundamento da recessão, o aumento do desemprego e a redução significativa das políticas de bem estar social.

Até o FMI já admite taxar as transações financeiras
No entanto, a profundidade da crise que assola o território europeu é de tal monta que, por vezes, os próprios espaços institucionais de tais organismos multilaterais apresentam contradições, de acordo com o discurso do momento e com a correlação de forças em seu interior naquele período. O FMI, por exemplo, já iniciou um lento movimento de alguma renovação interna e começa a apresentar proposições que apontam em direção distinta daquela ortodoxia radical e cega que tanto marcou os anos de ouro do apogeu do neoliberalismo.

Um dos temas, até anteontem considerado como um grande tabu entre os economistas do “establishment”, é a medida conhecida como Taxa Tobin. Trata-se de um imposto a ser aplicado sobre as transaçà µes financeiras em escala internacional e que teria o efeito de promover algum grau de redistribuição de renda no interior dos países que o adotassem ou em nível global, caso se converta em medida aceita pelo conjunto das nações. De certa forma, a nossa antiga Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) era um tributo de natureza semelhante, mas de uso apenas no plano doméstico. Foi instituída para dar sustentabilidade financeira aos recursos necessários para saúde e seu fim tem provocado sérias perdas para esse setor, tão estratégico e sempre tão carente de verbas públicas.

Mas a novidade é que a realidade concreta da crise tem se revelado tão dura que até o FMI já começa a admitir a possibilidade de implementação da Taxa Tobin em nível global. As dificuldades são enormes, pois a engenheira diplomática para fazer valer uma medida desse porte é bastante complexa.

Os “lobbies” da banca sobre seus pró prios governos nacionais e sobre as instâncias multilaterais são conhecidos e a resistência à sua aceitação ainda é muito grande. A começar por países como Estados Unidos e Inglaterra, por exemplo. Mas o movimento em prol da medida avança, na trilha oferecida por movimentos que lutam por uma nova ordem econômica mundial. É o caso da ATTAC, sigla da “Associação para a Taxação das Transações Financeiras para Ajuda aos Cidadãos”, criada da França em 1998. Rapidamente, a iniciativa começou a ganhar espaço na cena internacional, muito na onda do altermundismo e das articulações em torno das diversas etapas do Fórum Social Mundial.

A União Européia cria tributo similar à Taxa Tobin
No Brasil os representantes dos interesses do financismo estremecem nas bases, só de ouvir uma simples menção ao assunto. Tanto que não há espaço algum na agenda controlada pelos editores de economia dos grandes órgãos de comunicação. Nem mesmo a publicação de uma obra consolidada sobre o tema, editada em uma parceria do IPEA com a Fundação Alexandre Gusmão (Ministério das Relações Exteriores), ganha alguma linha ou comentário. Trata-se do livro “Globalização para Todos – Taxação Solidária sobre os Fluxos Financeiros Internacionais”. Na obra são recuperadas discussões sobre a matéria e apresentados trabalhos mais atuais. Assim podem-se perceber previsões de arrecadação que chegariam a US$ 300 bilhões, caso a taxa seja implementada em escala global com uma alíquota irrisória de 0,01%.

Apresenta-se, dessa forma, como um bom ca minho para custear programas de combate à miséria e à pobreza no mundo, além de promover algum tipo preliminar de redistribuição de renda no plano internacional.

E nessa espécie de vácuo de idéias e de políticas para a crise, a União Européia acabou incorporando uma medida similar em sua agenda política. Para a grande surpresa da maioria dos analistas, foi aprovada a criação de um Imposto sobre Transações Financeiras (ITF), que começará a ter vigência a partir de 01 de janeiro de 2014 em 11 países do espaço europeu. De acordo com a medida, França, Alemanha, Bélgica, Estônia, Grécia, Espanha, Itália, Áustria, Portugal, Eslovênia e Eslováquia compõem o primeiro grupo de países a adotar o novo tributo. No conjunto, eles representam quase 70% da atividade econômica européia. A partir de eventual sucesso nessa primeira etapa, a medida seria pouco a pouco ampliada, por meio da incorporação de outros países ao espaço econômico a ser tributado.

A proposta ainda é muito tímida e não atinge as atividades de famílias e as pequenas transações realizadas nos bancos comerciais. Ela busca proteger a chamada “economia real” e não incorpora as atividades de indivíduos e pequenas empresas nas suas relações com as instituições financeiras. A intenção é intervir no jogo mais pesado do financismo, tentando reduzir os ganhos com a especulação pura e buscando reduzir os riscos inerentes em tais operações que pressupõem maior risco. Além disso, a meta é a constituição de novos fundos financeiros para recuperar a ação dos Estados na esfera social. De qualquer maneira, as previsões iniciais apontam para uma arrecadação anual equivalente a US$ 40 bilhões.

Importância do sucesso da medida na Europa
Como era de se esperar, a proposta está sendo severamente bombardeada pelos analistas e colunistas vinculados à banca, em todos os meios de comunicação. Espera-se, porém, que ela consiga ser aprovada de forma unânime pelos governos de todos esses países e possa entrar em atividade a partir do ano que vem. Está prevista uma alíquota de apenas 0,1% para as operações nas bolsas de valores e de ridículos 0,01% nos chamados “mercados de derivativos” (onde está operando uma parte substantiva da ameaça especulativa, vinculada ao mercado financeiro futuro).

Um muito pouco, um quase nada, mas que provoca enorme reação contrária. Representantes de governos que não participam da União Européia e que dependem muito da atividade financeira sentem-se bem ancorados pelo discurso de funcionários públicos norte-americanos. É de lá que surgem as grandes contestações à medida, alertando - como sempre! - para o risco de fugas de capitais e de redução da atividade econômica pela perda de rentabilidade financeira.

As forças políticas progressistas deveriam acompanhar com mais atenção essa oportunidade a ser gerada pela medida inovadora. O movimento sindical, o movimento estudantil, o movimento ambientalista, enfim todos temos a ganhar com a proposta. Parece inequívoco que se trata de um experimento estratégico, essencial para a possibilidade de expansão da Taxa Tobin em escala global. A boa aceitação e o sucesso do ITF poderão servir como certificação para uma proposta de abrangência internacional. Caso o resultado seja outro, certamente levará mais tempo ainda para que a riqueza das finanças possa contribuir, ainda que de forma infinitesimal, para minorar a miséria e a pobreza do mundo.


Paulo Kliass é Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal e doutor em Economia pela Universidade de Paris 10.
Fonte: Carta Maior

"Há um pacto perverso para a verdade não vir a público"



A ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Maria do Rosário foi entrevistada pelo jornal Zero Hora e afirmou conviver com a dificuldade em desvendar mistérios do regime militar. Leia trechos da entrevista abaixo:

Foto: Daniel Conzi / Agencia RBSZero Hora


  — Por que permanece a dificuldade em desvendar crimes cometidos pelo regime militar?
Maria do Rosário — A ditadura não teve apenas uma atuação de violação dos direitos promovendo tortura. Ela também teve agentes profissionais em criar versões errôneas para disfarçar seus crimes. No fundo, havia a consciência de que o futuro não seria conivente com os crimes cometidos. Daí, a preocupação de tudo esconder, de tudo disfarçar.

-Os arquivos nacionais foram de fato abertos? Há documentos que sumiram?
- No governo federal, todos os documentos que dizem respeito ao período da ditadura militar, que versam sobre direitos humanos, devem ser enviados ao programa Memórias Reveladas, do Arquivo Nacional. É uma decisão da presidenta Dilma, reforçada na própria na Lei de Acesso à Informação.

- Mas a determinação vem sendo cumprida?
- É uma determinação para todo o governo. Documentos oficiais que estão de posse formal do Brasil foram disponibilizados. Se existem outros documentos, que foram subtraídos, fica difícil dizer.

- A Comissão Nacional da Verdade tem poder de confiscar acervos de documentos que estão com civis ou militares?
- A comissão tem o poder de fazer a busca a qualquer momento, mas parece ainda ter um movimento de perversa disciplina, de cumprir primeiro a responsabilidade com a sua corporação, deixando de lado a história do país e a democracia.

- A comissão vai completar o primeiro ano em maio. Qual a sua avaliação até o momento?
- Talvez a comissão sofra as mesmas dificuldades que todos os que trabalham pela verdade sofrem até hoje: as informações são fragmentadas e contraditórias sobre os mortos e desaparecidos. Os verdadeiros agentes do período não falaram e não tiveram até o momento a dignidade de falar a verdade.

- A senhora é favor de ampliar o prazo de trabalho da comissão, que expira em 2014?
- Não tenho posição firmada sobre prorrogar ou não. É uma decisão da presidente, mas certamente a comissão terá bons resultados.

- Dos casos sem solução, a Guerrilha do Araguaia é emblemática. Quais as dificuldades para localizar os corpos?
- Nossa obrigação é seguir buscando, mas enfrentamos barreiras em uma região úmida, com rios e de floresta. No entanto, a principal dificuldade é a ausência de informações efetivas e até as ameaças feitas a pessoas da região que tentam colaborar com nossas buscas. É uma situação absurda. Há um pacto perverso para a verdade não vir a público.

- Existe a possibilidade de o Brasil reconhecer por escrito que não encontrou os corpos por ter destruído os cadáveres?
- Claro que existe, mas antes de chegarmos a essa medida precisamos fazer o máximo.
Nossa fonte: Vermelho.





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quarta-feira, 24 de abril de 2013

O QUE VOCÊ ALIMENTA QUANDO SE ALIMENTA?

CONVITE:  Seminário na USP    Terra, alimento e liberdade: 

O QUE VOCÊ ALIMENTA QUANDO SE ALIMENTA?


De 3 a 7 de Junho – Auditório do Departamento de Geografia e História – USP

O Seminário tem como objetivo ampliar os espaços de discussão sobre os temas referentes à Agroecologia dentro da Universidade de São Paulo – USP. Esta iniciativa é fruto de um processo coletivo de estudos e práticas relacionados à temática dentro e fora da Universidade ao longo dos últimos anos. As discussões relacionadas à Agroecologia por estudantes de distintas áreas do conhecimento na Universidade de São Paulo, têm demonstrado a necessidade da ampliação desse debate, através do formato de seminário e com a participação de intelectuais tanto da USP como de outras Universidades, assim como de militantes do movimento agroecológico.

Segue abaixo a proposta de composição das cinco mesas com os seus respectivos temas , com convidados ainda por confirmar.

Mesa 1 (dia 3/06): Hábito Alimentar, indústria e urbanização.

A construção do hábito alimentar no processo de modernização

Alienação nas práticas cotidianas e urbanização – contradição campo-cidade

Indústria alimentícia e saúde

Mesa 2 (4/06): Sistemas produtivos: aspectos socioambientais da produção em sistemas de monocultura.

Origem e desenvolvimento da monocultura e escravidão

Uma agricultura para a sustentação da indústria do agrotóxico.

Impactos da monocultura em agroecossistemas tropicais.

Mesa 3 (dia 5/06) – Sistemas produtivos: aspectos socioambientais da produção em sistemas agroecológicos.

Princípios da Agroecologia e potenciais agrícolas nos ecossistemas tropicais.

A produção de alimentos por meio do cultivo de sistemas agroflorestais na Mata Atlântica.

Estrutura fundiária necessária para os sistemas agroecológicos com base na agricultura familiar e a problemática dessa estrutura no contexto brasileiro. Aspectos de sociabilidade específicos do pequeno agricultor familiar e a incompatibilidade com a estrutura latifundiária.

Mesa 4 (dia 6/06): Soberania alimentar e sociobiodiversidade, biotecnologia e monopólio

Ética na ciência – Manipulação genética e apropriação privada de organismos vivos (transgenia)

Soberania Alimentar e monopólio da biodiversidade.

Resgate, partilha, preservação e mobilidade internacional das sementes crioulas. O papel da mulher na sua preservação.

Mesa 5 (dia 7/06) – A questão da terra no Brasil: entre o mercado e a luta.

Latifúndio, produção de alimentos e o papel do agronegócio na economia brasileira.

Entre o mercado e a luta: o MST, a reforma agrária e a permanência na terra – produzir o quê e como?

O ambiental enquanto mercadoria: novas formas de expansão do capital; a produção de orgânicos em larga escala e sistemas de monocultura.

Autonomia do agricultor e democratização do alimento saudável frente ao crescente mercado de orgânicos. Certificação e a construção de sistemas participativos de garantia.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

O luxuoso banheiro de Joaquim Barbosa


Altamiro Borges

(em seu blog)

Durante o midiático julgamento do chamado “mensalão do PT”, o ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), virou o novo herói dos falsos moralistas – que lembram os golpistas da velha UDN. Nas vésperas das eleições municipais, por motivos óbvios, ele foi a principal estrela da TV Globo.


Imagem meramente ilustrativa. Foto webluxo.com.br

Durante o midiático julgamento do chamado “mensalão do PT”, o ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), virou o novo herói dos falsos moralistas – que lembram os golpistas da velha UDN. Nas vésperas das eleições municipais, por motivos óbvios, ele foi a principal estrela da TV Globo. Também ganhou uma capa bajuladora da revista Veja. Vários “calunistas” da velha mídia chegaram a lançar seu nome para a disputa presidencial em 2014. Só que o mundo dá voltas e, aos poucos, o Batman – como foi apelidado por setores embasbacados da imprensa – vai tirando a máscara.

Neste sábado, os jornalistas Rubens Valente e Andreza Matais, da Folha, revelaram que “o STF gastará R$ 90 mil para reformar, com material de ‘primeira qualidade, os quatro banheiros do apartamento funcional que o presidente da corte, Joaquim Barbosa, ocupará a partir de julho. O presidente do STF decidiu mudar do apartamento funcional que já ocupa na Asa Sul, em Brasília, para um mais amplo, de 523 metros quadrados, na mesma região. A futura residência do ministro, com cinco quartos, quatro salas, biblioteca e adega, era ocupada até o final do ano passado pelo ministro Ayres Britto, que se aposentou do STF em novembro.

Ainda segundo a reportagem, a obra prevê a aquisição de 23 peças em mármore e granito por R$ 15,5 mil. Um terço desse valor irá para uma prateleira e uma bancada. Assento e tampo dos quatro vasos sanitários custarão R$ 396 cada”. A própria Folha tucana, que sempre blindou o ministro, estranhou a luxuosa reforma do banheiro.

“Na presidência do STF e do CNJ, Barbosa adota um rigoroso discurso de contenção de despesas do Judiciário. Na semana passada, envolveu-se em polêmica com entidades de juízes, ao criticar gastos desnecessários com a criação de Tribunais Regionais Federais”, ironiza o artigo.

*Altamiro Borges
é jornalista, secretário nacional de Questão da Mídia do PCdoB e presidente do Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

OAB critica declarações de Barbosa sobre criação de tribunais


O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) divulgou nota em que chama de "impertinentes e ofensivas" as declarações do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, sobre a criação de novos tribunais regionais federais (TRFs).
Em reunião com dirigentes de associações de juízes nessa segunda-feira (8), Barbosa afirmou que a aprovação dos quatro tribunais ocorreu de forma "sorrateira" e "à base de cochichos".

Durante a reunião, Joaquim Barbosa disse, em tom de ironia, que as novas sedes, aprovadas pela Câmara na semana passada, seriam instaladas "em resorts". Em resposta, a OAB afirma que a criação dos tribunais tramitou normalmente no Congresso e foi debatida publicamente.

"Ao aprovar a PEC 544/2002, após a realização de audiências públicas e intenso debate parlamentar, o Congresso Nacional exerceu, com ponderáveis e justas razões, o poder constituinte derivado, que lhe é exclusivo e indelegável", diz trecho da nota, aprovada na noite dessa segunda-feira (8).

Abaixo, a íntegra da nota:

"O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, durante sessão ordinária realizada nesta data (08/04), tomou conhecimento de declarações do sr. ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal, acerca da Proposta de Emenda Constitucional nº 544, do ano de 2002, recentemente aprovada pelo Congresso Nacional, que institui quatro novos Tribunais Regionais Federais.

Tais declarações proferidas em reunião com os presidentes de três associações de magistrados (AMB, Ajufe e Anamatra) reiteram críticas exacerbadas do senhor ministro à criação dos referidos Tribunais. Causam espécie, notadamente, os seguintes trechos de tal pronunciamento: "Os Tribunais vão servir para dar emprego para advogados ..."; "e vão ser criados em resorts, em alguma grande praia..."; "foi uma negociação na surdina, sorrateira".

O Conselho Federal da OAB entende do seu dever refutar e repudiar tais declarações, por inexatas, impertinentes e ofensivas à valorosa classe dos advogados. A bem da verdade, a Emenda Constitucional em questão tramita no Congresso Nacional desde o ano de 2002, tendo observado o processo legislativo próprio, revestido da mais ampla publicidade. Além disso, resultou de antiga e legítima aspiração dos jurisdicionados em nosso país e contou com o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil. Ao aprovar a PEC 544/2002, após a realização de audiências públicas e intenso debate parlamentar, o Congresso Nacional exerceu, com ponderáveis e justas razões, o poder constituinte derivado, que lhe é exclusivo e indelegável.

Não faz sentido nem corresponde à relevância do tema supor que a criação de novos Tribunais Regionais Federais objetive criar empregos, muito menos para os advogados. Em momento algum cuidou-se de favorecimento à classe dos advogados ou de interesses que não fossem os do aprimoramento da Justiça Federal no Brasil.

O assunto merece ser tratado em outros termos, respeitando-se a independência dos poderes e a dignidade dos órgãos e associações que pugnam pela melhor realização da Justiça no país."
Fonte: O Estado de S. Paulo
Nossa Fonte: Vermelho

Mensalão: os fatos novos e sua importância



Fase de linchamento midiático dos réus terminou. Novidades comprometem tese do ministro Joaquim Barbosa, que tenta restringir ação da defesa


Por Luís Nassif, em seu blog

Não se iludam os Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) com a aparente unanimidade da mídia em relação ao julgamento do mensalão. O enquadramento das redações e colunistas impediu manifestações maiores de dúvida sobre a isenção dos magistrados. Fosse em tempos de maior pluralidade, a mídia teria servido de freio a alguns abusos cometidos.

Além disso, todo tema complexo permite o exercício do arbítrio pelo especialista – pela óbvia dificuldade em se entrar nos meandros da discussão e identificar as vulnerabilidades das conclusões.

Quando os primeiros questionamentos foram feitos – ainda em plena efervescência do julgamento -, não foram levados a sério por indicarem inconsistências tão absurdas, que soavam inverossímeis.

Muitas pessoas com quem conversei, simpáticas a uma condenação exemplar, acreditavam que entre as dezenas de milhares de páginas do inquérito haveria evidências capazes de derrubar as críticas.

A questão é que o tempo passou, houve a oportunidade de trabalhos mais alentados e meticulosos sobre o inquérito.

Cada vez mais é evidente que a análise das acusações tem produzido dúvidas significativas nos colunistas que contam.

Mesmo com a imensa dose de cautela, compreensível nesses tempos bicudos, houve a manifestação de Elio Gaspari, avalizando o trabalho em que Raimundo Pereira desconstrói as acusações contra João Paulo Cunha. Direto, Jânio de Freitas explicita as enormes dúvidas em relação as acusações contra Henrique Pizzolatto.

Nenhum dos dois pode ser acusado de petista, assim como outros jornalistas de renome que, fora das grandes redações, puderam exercitar livremente sua opinião.

A indignação decorre do abuso de poder. E, como tal, são caracterizadas as ações em que os magistrados colocam sua vontade acima dos fatos analisados.

É bem possível que as agências de publicidade tivessem pago pedágio ao PT, pelas contas conquistadas. Mas não foi isso o que a acusação apurou.

Tratou como desvio a verba de publicidade da Visanet ignorando um relatório detalhado do Banco do Brasil indicando todas as fontes de aplicação dos recursos.

Atribuiu a responsabilidade total da destinação das verbas a Henrique Pizzolatto, ignorando documentos que demonstravam expressamente que as decisões eram colegiadas, com a participação de representantes de outros sócios da empresa.

Salta aos olhos de qualquer jornalista o absurdo de considerar, exclusivamente nas operações da Visanet, os BVs (bônus de veiculação, o dinheiro que as agências recebem dos órgãos de mídia onde anunciam) como indício de corrupção. E não estender esse julgamento a todo o universo de BVs. Ou não exigir a devolução do dinheiro dos beneficiados – grandes órgãos de mídia.

No caso de João Paulo Cunha, tratou como ocultação o fato de não ter ido receber pessoalmente os R$ 50 mil do PT, mas enviado a esposa, que apresentou RG e assinou o recibo. E ignorou totalmente a comprovação do uso dos recursos para pesquisas eleitorais.

A postura de Joaquim Barbosa – impedindo prazo maior para a apreciação da defesa – não se deve ao seu conhecido espírito de torquemada. É mais que isso: é receio de que as inconsistências das acusações sejam expostas agora, não mais em matérias de blogs, mas nos próprios autos do processo.

É paura, medo de uma discussão na qual o clamor da mídia não servirá mais de respaldo para o uso do poder imperial
Nossa fonte:  Outras Palavras. 

sábado, 6 de abril de 2013

Cartilha agroecológica de produção familiar




Resumo:
Essa cartilha apresenta a proposta agroecológica como uma alternativa viável e sustentável de produção familiar. A agricultura orgânica tem como objetivo dar maior sustentabilidade às propriedades familiares, além de gerar discussões a respeito da conservação do meio ambiente com toda sociedade. Ao longo do texto são apresentadas práticas de implantação e manejo de uma lavoura agroecológica; experiências vivenciadas com esse modelo, visando reduzir os impactos ao meio ambiente e, ao mesmo tempo, proporcionar uma integração com a família rural.

ANJOS, P.J.S.; SARAIVA, J.M.; COSTA, M.; OTTE, B. Cartilha agroecológica de produção familiar do CERAC, Paranaíba, PI., 2009, 32 p.