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sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Nova política de controle de droga

Maconha consumida legalmente no Colorado é motivo de festa nos EUA

Por Redação do CdB, com agências internacionais - de Denver, EUA

No Colorado (EUA), é permitido que se plante até seis pés de maconha em casa

As primeiras lojas do mundo para a venda de maconha com fins recreativos sob licença do Estado contabilizaram “um movimento razoável”, segundo o diretor de um dos clubes da maconha que começaram a funcionar na quarta-feira no Colorado, com usuários formando filas para abrir um novo capítulo na cultura das drogas nos Estados Unidos. Cerca de 35 estabelecimentos que vendiam maconha para fins medicinais foram agora autorizados pelas autoridades estaduais a venderem a droga para consumidores interessados apenas na experiência mental. Algumas dessas lojas começaram a receber a clientela às 8h no primeiro dia do ano, (13h em Brasília). Alguns clientes vinham de Estados distantes, e muitos passaram horas enfrentando a neve e o frio para estarem entre os primeiros compradores da maconha legalizada.

– Este é um momento histórico – disse Jacob Elliott, 31 anos, funcionário de uma empresa de defesa na localidade de Leesburg, perto de Washington.

Na fila em frente ao 3D Cannabis Center, em Denver, ele refletia: “Nunca achei que isso fosse acontecer”. As autoridades estimam que o comércio de maconha no Colorado movimentará US$ 578 milhões por ano, sendo US$ 67 milhões em arrecadação para o Estado. A posse, cultivo e consumo pessoal privado da maconha por adultos para fins meramente recreativos já é legal há mais de um ano no Colorado, depois de uma emenda à Constituição eleitoral aprovada em referendo.

A diferença agora é que, a partir de quarta-feira, a maconha passou a ser legalmente produzida, vendida e taxada conforme um sistema já adotado em muitos Estados para a venda de álcool -mas que não existe em nenhum outro lugar no caso da maconha. Mesmo na Holanda, cujos “coffee shops” são mundialmente famosos por venderem maconha com o consentimento informal das autoridades, a distribuição da droga para esses negócios continua sendo ilegal. O Estado de Washington (noroeste dos EUA) aprovou a legalização da maconha junto com o Colorado, em novembro de 2012, mas lá as lojas só devem abrir dentro de alguns meses.

A lei federal continua enquadrando a maconha como um narcótico ilegal, mas o governo Obama promete dar mais liberdade aos Estados para adotarem regras quanto ao uso recreativo. Quase 20 Estados, incluindo o Colorado e Washington, já contrariam a lei federal ao aprovarem o uso da maconha para fins medicinais. A moderação certamente era a palavra de ordem neste Réveillon no Colorado, onde cartazes das autoridades no Aeroporto de Denver e outros lugares alertavam que as lojas de maconha só podem funcionar em horários regulamentados, e que o consumo ostensivo e público da droga continua sendo ilegal.

Prestígio mundial

No Uruguai, único país da América Latina onde o plantio, a distribuição e o consumo da maconha é legalizado, foi bem recebido o artigo publicado recentemente no diário conservador espanhol El Paíspor Mario Vargas Llosa, vencedor peruano do Nobel de Literatura. Llosa elogiou as duas reformas liberais adotadas pelo Uruguai em 2013 – a legalização do casamento gay e da maconha -, estimulando outros países a “seguirem este exemplo”.

“A revista The Economist fez bem ao escolher o Uruguai como o país do ano, e ao classificar como admiráveis as duas reformas liberais mais radicais tomadas em 2013 pelo governo do presidente José Mujica”, argumentou Vargas Llosa, no texto.

O escritor ressalta ainda que Mujica, um guerrilheiro na juventude, “respeitou as instituições democráticas” e deu ao Uruguai “uma imagem de país estável, moderno, livre e seguro, o que permitiu o crescimento econômico e a promoção da justiça social.”

O famoso autor de “A Cidade e os Cachorros” observa que, graças a esse “perfil democrático e liberal”, o Uruguai tornou-se “o primeiro país do mundo a mudar radicalmente sua política de combate ao problema das drogas”. Além disso, o escritor defende que a experiência uruguaia “de legalizar a produção e o consumo da maconha” será mais bem sucedida “se não for limitada a um único país, mas gerar um acordo internacional que envolva tanto os países produtores como os consumidores.”

“O importante é que a legalização seja acompanhada por campanhas educativas – como as que combatem o tabaco ou demonstram os efeitos nocivos do álcool – e de reabilitação. A liberdade tem seus riscos. O governo uruguaio entendeu isso e deve ser aplaudido. Oxalá outros governos aprendessem a lição e seguissem esse exemplo”, acrescenta.

Em relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, Vargas Llosa crê que a medida “combate um preconceito estúpido e repara uma injustiça que milhões de pessoas sofreram (e ainda sofrem)”.