Ilda e Ramon - Sussurros de Liberdade

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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Dona Pandá: uma taça de vinho em homenagem à esperança ibiunense

A noite não foi sua amiga. Assustada acordou com seu próprio grito. Desentendida por alguns segundos, só conseguia saber da dor que sentia, depois localizou a fonte: o dedão do pé esquerdo. Em meio à dor, enquanto ainda buscava suas causas, teve a mente invadida pela infância e, lá, junto com a irmã, examina o pé de sua mãe. Acham uma linda peça e as duas expressam o fervoroso desejo de adquirir uma pinta na sola do pé, imitando a que veem no lindo pé da mamãe. Dona Pandá sorri complacente e se descuida da dor que, já amenizada pela lembrança infantil, perceber vir do simples roçar do lençol em sua unha encravada.

Após o banho, Dona Pandá havia tentado cortar aquela fonte de sofrimento e, sem competência para tanto, machucou o cantinho que, durante a noite, ignorando o destino das horas de repouso, permitiu o trabalho das bactérias que invadiram seu pobre dedão, inflamando-o. Resolveu, então, se lançar àquelas boas lembranças que, sentindo-se tímidas com a exigência dolorosa, foram-se, não atendendo a seus chamados. Não teve, pois, outra escolha a não ser se levantar e buscar a tintura de calêndula que jogou generosamente no tal cantinho torturador, mas calêndula, sendo um ótimo cicatrizante, não tratou da dor e nem deu conta da sua origem. O jeito foi se distrair com uma boa leitura e tentar relaxar. Com o pé quieto fora do alcance do lençol, acabou sendo alcançada por Morfeu.

Na manhã seguinte, Dona Pandá fez o que deveria ter feito bem antes de ser acordada pelo lençol. Ligou para a podóloga Midori que, informou haver uma desistência para as 15:00h. Neste horário, o dedão já um pouco mais gordinho foi examinado cuidadosamente. Midori é uma profissional muito ágil e sabe o que faz. Ficou quase duas horas e meia trabalhando o pé de sua pobre cliente. Esta tentou empregar a tática das boas lembranças, a respiração profunda, todas as técnicas de relaxamento que conhecia para, num dado momento, pedir água. A assistente da podóloga imediatamente lhe trouxe um copo, explicando que a água não estava muito gelada. Dona Pandá bebeu a água que não havia pedido, como uma nova tentativa de se distrair da tortura.

Começou, então, a conversar. Falou da situação terrível em que se encontra o município em que moram – Ibiúna – completando:

- E depois de dois meses das eleições ainda não sabemos quem vai ser o prefeito. - Neste momento, a compenetrada podóloga, desviou os olhos da enorme lente que coloca entre sua visão e o pobre pé da cliente e disse:

- Ontem, saiu o resultado do TSE, o Fábio foi condenado e, o Professor Eduardo tomará posse. – Dona Pandá ficou tão contente com a notícia que a esperta da Midori voltou a trabalhar o dedão sem que sua cliente gemesse por uns bons minutos.

A Lei da Ficha Limpa foi uma grande conquista do povo brasileiro, no entanto, para grande tristeza e decepção de muitos ibiunenses outros mais votaram no candidato ficha suja Fábio Bello de Oliveira que, apesar de ter sua candidatura impugnada, continuou a campanha e obteve a maioria dos votos. Recorreu o quanto pôde até que o TSE manteve a impugnação. Trata-se de um ex-prefeito que a cidade bem conhece e apesar disso ainda votou nele!

O segundo colocado, Professor Eduardo, apresentou um bom programa de governo, prometendo implantar o orçamento participativo e uma auditoria das contas públicas. É a grande esperança para o povo de Ibiúna, pois o município foi massacrado nas últimas gestões.

Dona Pandá achou que a notícia é, de fato, um bom motivo para se comemorar. Ainda ficará alguns dias com o dedão enfaixado e dolorido, mas tomou uma taça de vinho em homenagem à esperança ibiunense.

Manchete em Paris:“Brasil, o país onde é preciso estar”,

A presença da presidenta Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Paris, ganhou a atenção dos meios de comunicação e do empresariado francês. Como prova disso, o influente semanário econômico Challange dedicou a capa à visita de Dilma a França. A manchete da publicação não poderia ser mais explícita: “Brasil, o país onde é preciso estar”.

Por Eduardo Febbro, de Paris






A presidenta brasileira Dilma Rousseff prosseguiu quarta-feira (12) em Paris sua dupla ofensiva, ao mesmo tempo política, contra as medidas de austeridade que estão sendo impostas em toda a Europa, e também comercial, com a oferta feita aos empresários franceses para que invistam no Brasil. Em ambos os casos, a partida parece ganha: a política, porque esse é o credo do presidente socialista François Hollande, que propõe uma combinação de poupança pública e investimentos para fomentar o emprego; a segunda, com a sedução do empresariado francês. Como prova disso, o influente semanário econômico Challange dedicou a capa à visita de Dilma a França. A manchete não poderia ser mais explícita: “Brasil, o país onde é preciso estar”. O Brasil, de fato, atraiu a atenção da mídia francesa.

A dupla presença de Dilma e do ex-presidente Lula aqueceu e deu conteúdo ao frio outono francês. Lula participou do Fórum Internacional para o Progresso Social organizado conjuntamente pelo Instituto Lula e pela Fundação Jean Jaurés sob o lema “Escolher o crescimento, sair da crise”. O ex-presidente disse aos seus interlocutores que a crise era uma oportunidade para repensar a política.

Dilma Rousseff colocou uma carta tentadora sobre a mesa: durante seu encontro com a cúpula patronal francesa, a presidenta anunciou um ambicioso plano de infraestrutura aeroportuária: “os números no Brasil são enormes. Temos a intenção de construir cerca de 800 aeroportos ou mais. Serão construídos em cidades com mais de 100 mil habitantes”. A mandatária acrescentou que “queremos que todas as cidades com mais de 100 mil habitantes tenham acesso a um aeroporto que esteja a uma distância máxima de 50 ou 60 quilômetros do centro”. A realização deste projeto, assinalou, é “uma necessidade importante para o crescimento do país”.

Na mesma reunião com os empresários franceses, da qual participou um representante da ala esquerda do Partido Socialista, no poder, o ministro da Indústria, Arnaud Montebourg, ao lado de seu homólogo brasileiro, Fernando Pimentel, fixou o horizonte dos possíveis investimentos: “temos que buscar a abertura econômica, mas sem que isso signifique aceitar práticas depredadoras no comércio internacional, como vemos acontecer na Ásia”, disse o ministro.

A delegação brasileira surpreendeu os empresários franceses pela firmeza de suas propostas. Neste contexto, a presidenta Dilma criticou duramente as políticas de austeridade e chamou a França a reforçar a colaboração com seu país a fim de “explorar as novas oportunidades que a crise oferece”. Diante do empresariado, em vários momentos com ar maravilhado, a chefe de Estado brasileira expôs sua convicção de que “a redução dos gastos, a política monetária exclusiva e a diminuição dos direitos sociais não constituem uma resposta à crise”. Dilma se baseou no próprio exemplo do passado latino-americano – anos 1980 e 1990 – para defender seu ponto de vista: “ninguém reconhecia que as medidas que aumentavam as desigualdades, o desemprego e a desesperança nos países latino-americanos não levava a parte alguma”.
Em resposta à solicitação de uma cooperação renovada com Paris, o ministro da Indústria francês convidou o Brasil a “utilizar a França como cabeça de ponte” para o mercado europeu. Com respeito à compra ainda suspensa de 36 aviões Rafale, do fabricante Dassault, por cerca de 4 bilhões de euros, a dirigente brasileira precisou que, em função da crise, essa decisão segue suspensa. A história desses aviões é uma espécie de grande montagem organizada pelo ex-presidente francês Nicolas Sarkozy.

Em setembro de 2009, Sarkozy fez uma viagem relâmpago ao Brasil para negociar com Lula a venda dos aviões Rafale. De volta a Paris, Sarkozy deu o negócio por consumado e abriu garrafas de champagne para festejar publicamente o contrato. Nesta época, o entorno presidencial assegurava que os “brasileiros não podiam rechaçar essa proposta”. Na verdade, nada estava concretizado ainda.

A visita de Dilma Rousseff a França serviu também para que o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) interpelasse Paris e Brasília para que ambos ratifiquem e façam entrar em vigor o acordo firmado em 2008 pelos dois países para lutar contra a exploração selvagem de ouro. Em um chamado a Paris e Brasília publicado pelo matutino Libération e assinado pelos responsáveis do WWF na França e no Brasil, o Fundo Mundial para a Natureza denuncia a situação que impera nas fronteiras comuns que França e Brasil compartilham na Guiana: “no coração dessas gigantescas zonas protegidas e dedicadas à biodiversidade e às comunidades locais, um mal profundo se instalou: a febre do ouro”. Para o WWF, a visita de Dilma Rousseff é uma “oportunidade única” para que “se detenha a exploração aurífera ilegal nas zonas protegidas”.

Fonte: Carta Maior