Ilda e Ramon - Sussurros de Liberdade

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Fitoterapia: Saúde da Mulher

As Ervas Medicinais Amigas das Mulheres

Trabalho elaborado e publicado pelo Polo de Educação Permanente do Meio Norte Goiano - Centro de Humanização das Práticas Terapêuticas (2009)(1)




O cultivo da terra, no passado, constituiu uma atribuição feminina. Os homens partiam para a caça e as mulheres cuidavam das sementes e das plantações. Na observação atenta dos processos naturais e cósmicos, as mulheres desenvolveram um conhecimento valoroso sobre seus corpos, ritmos e ciclos, e adotaram hábitos de cuidarem de si mesmas a partir dos recursos da natureza que as envolviam. Por muitos anos o tratamento dos desconfortos da menstruação, da gravidez e da menopausa, bem como a fecundidade, foram de ordem exclusivamente feminina.
Esse conhecimento tradicional das mulheres e de suas práticas terapêuticas  com plantas foi sendo substituído, com a modernidade, pela medicação alopática. A menopausa passou a ser vista como doença e até mesmo a menstruação tem sido tratada como inútil, devendo ser “abolida a fim de restabelecer a ordem no corpo”.
Sem dúvida, essa visão vai ressoar na identidade da mulher, e cada vez mais mulheres se sentem incapazes de conviver com suas atribuições, desenvolvendo uma negação de todo o seu feminino.
A fitoterapia na saúde da mulher tem, pois,  um papel fundamental no fortalecimento da prática de cuidados femininos.
            Há várias plantas que suavemente podem equilibrar desde os incômodos com a menstruação até as doenças mais comuns, como cisto de ovário e miomas, Além de evitar o uso abusivo de medicamentos repletos de efeitos colaterais, essa prática terapêutica vai contribuir para a independência  cada vez maior da mulher em relação aos serviços de saúde, na medida em que ela passa a compreender melhor sua fisiologia e como lidar com suas alterações.
            É recomendável que as plantas amigas da mulher possam ser incorporadas nas indicações de tratamentos das equipes de saúde, bem como no cotidiano da vida das mulheres, para que estas resgatem sua sabedoria sobre seu corpo e sua saúde.



PROTOCOLO  DE  FITOTERAPIA  EM  GINECOLOGIA  E OBSTETRÍCIA


Orientações para a prescrição

Uso oral:
o   Chá: 100 a 200 ml por dose
                          duas a quatro vezes ao dia
o   Tintura-mãe (TM): 20 a 50 gotas por dose
                          duas a quatro vezes ao dia
Antes de diluir em água,deixar 15 minutos no copo para evaporar o álcool

Ir reduzindo a dose na medida em que apareça alívio dos sintomas
Evolução aguda: uso de 10 a 20 dias
Evolução crônica: uso de 20 a 60 dias
Quando do uso prolongado, após alívio dos sintomas, manter a mínima dose diária
As plantas indicadas a seguir podem ser usadas em conjunto ou separadamente, na forma de tintura-mãe ou chá (partes iguais)

Uso local:
o   Ducha vaginal:
Tintura-mãe - 15ml diluídos em 150ml  de água fervida
           
    Usar seringa descartável de cinco a 10ml ou aplicador ginecológico para
    a introdução do líquido na vagina.
    Fazer o mínimo de ducha, apenas quando exuberância do corrimento e        dos sintomas irritativos, no início do tratamento.

   Atenção :Na vagina existe uma protetora flora bacteriana que deve
   ser   preservada. Por isso deve-se aplicar lactobacilos ou coalhada
    após medicação de uso local.

o   Curativo vaginal:
Colocar 5ml da tintura-mãe em xícara.
Acrescentar 50ml de água fervida ou filtrada
Mergulhar o tampão vaginal (algodão envolvido em gaze)
Introduzi-lo na vagina
Retirar após 12 horas 
Repetir a aplicação, se necessário, após 12 horas


 MENSTRUAÇÃO

 
Comumente a menstruação ocorre a cada 28 dias e dura de três a seis dias. Entretanto isto varia de uma mulher para outra. O intervalo entre o 1º dia da menstruação e o 1º dia da outra menstruação é chamado de ciclo menstrual.

A maioria das meninas tem a 1ª menstruação entre 11 e 16 anos.

Menstruações irregulares ou doloridas são comuns na adolescência (até os 18 anos). Isto geralmente não significa que existe algo errado.

Os desconfortos menstruais refletem as desarmonias da vida da mulher, sobrecarregada pela vida agitada, estresse, excesso de preocupações e atividades. As emoções negativas e as dificuldades sexuais influenciam nessa desarmonia, como também a alimentação rica em produtos animais e pobre em vegetais e o uso de álcool e fumo. Isto se traduz em forma de irritabilidade, insônia, angústia, depressão, ansiedade, dor de cabeça, dor nas mamas, náuseas, prisão de ventre, inchaço e cólicas menstruais.

Todos estes sintomas são alerta do corpo de que algo não está andando bem.

A menstruação é uma das possibilidades de reajustamento do organismo. O fígado ajuda nesse processo e por isso, se ele se encontra muito sobrecarregado por toxinas produzidas pela alimentação não-saudável e emoções negativas será difícil a sua eliminação, trazendo prejuízos à saúde da mulher.
Por isso a mulher deve perceber a menstruação como uma possibilidade de equilíbrio constante do organismo, ficando atenta e aprendendo a ouvir e aceitar as suas reais necessidades.
  

DISFUNÇÕES DO CICLO MENSTRUAL


o   Ciclos curtos com fluxo excessivo ou normal:
 Plantas  com ação estrogênica e progestogênica, hemostáticas, hepáticas, sedativas e reguladoras de ciclo.
Plantas indicadas: mil em rama, algodão, sálvia,  cavalinha, margaridinha :
      Iniciar o uso após o 14º dia do ciclo até ao final do fluxo, durante seis     meses.
 o   Ciclos longos com fluxos escassos ou normais:
 Plantas  com ação estrogênica, reguladoras do ciclo, hepáticas, emenagogas.
Plantas indicadas: artemísia, sálvia, algodão, mentrasto, erva cidreira.
Iniciar o uso após o 14º dia do ciclo até o final do fluxo, durante seis meses.
 o   Cólicas  com  fluxo escasso:
Plantas emenagogas, hepáticas, antiespasmódicas, antiinflamatórias, sedativas,diuréticas
Plantas indicadas: poejo, algodão, menstrasto, artemísia.
Uso a partir do 20º a 25º dia do ciclo  até o final do fluxo,  por 3 a 6 meses.
 o   Cólicas menstruais e fluxo normal:
       Plantas antiinflamatórias, antiespasmódicas, hepáticas, diuréticas.
      Plantas indicadas : algodão, mentrasto, calêndula, erva de macaé.
            Uso a partir do 20º ao 25º dia do ciclo durante três a seis meses.
  o   Cólicas com fluxo excessivo:
Plantas antiinflamatórias, antiespasmódicas, hepáticas, diuréticas,     hemostáticas
Plantas indicadas :  margaridinha, algodão, mentrasto, mil em rama.    
      Uso a partir do 20º a 25º dia do ciclo durante três a seis meses.

TENSÃO PRÉ- MENSTRUAL - TPM

o   Objetivo do uso das plantas: aliviar irritabilidade, insônia, retenção de líquido.
o   Plantas  sedativas, diuréticas, hepáticas, depurativas.
Principais plantas: vitex, dente de leão, erva de Macaé, sálvia,  mulungu,  mil  em rama, erva cidreira verdadeira.
      Uso a partir do l5º dia do ciclo durante três a seis meses

 TPM com alterações psicoemocionais:
Plantas  tranqüilizantes, hipnóticas.
Plantas indicadas : mulungu, erva cidreira verdadeira,  artemísia , alecrim.
Uso a partir do 15º  dia do ciclo durante três a seis meses.

TPM com retenção de líquido na pré-menstruação:
Objetivo do uso das plantas: aliviar  a mastalgia e demais desconfortos na pré menstruação.
 Plantas diuréticas, hepáticas, analgésicas,  progestogênicas
Plantas indicadas : mil em rama, dente de leão, cavalinha.
Uso a partir do 15º dia do ciclo durante três a seis meses.

TPM com cefaléia recorrente:
Objetivo do uso da planta: aliviar cefaléia relativa a alterações hormonais.
 Plantas hepáticas, estomáticas, tônicas do sistema nervoso.
Plantas indicadas: manjericão, alecrim, artemísia,  margaridinha.
 
HEMORRAGIA UTERINA

Plantas com ação hemostática, estrogênica e progestogênica, sedativa,hepática, vasoconstritora, adstringente, tônica.
Plantas indicadas: algodão, cavalinha, mil em rama, sálvia, erva de Macaé,   vitex; entre casca do coco da Bahia (chá).
Usar até cessar a hemorragia
 
MIOMAS

Plantas de ação progestogênica hemostática, antiinflamatória, depurativa, hepática, diurética, antiespasmódica.
Plantas indicadas: erva de Macaé, algodão, cavalinha, mil em rama, erva de bicho, dente de leão, vitex.
Uso diário uma a três vezes ao dia durante três a seis meses
CISTO DE OVÁRIO

Objetivo do uso da planta: controle do cisto de ovário
Plantas com ação estrogênica, progestogênica, diurética, depurativa, hepática, antinflamatória
Plantas indicadas:  algodão, cavalinha, sálvia, erva de Macaé.
Uso diário uma a três vezes ao dia durante três a seis meses
 
Corrimentos

 Plantas com ação anti-séptica, antiinflamatória, depurativa, adstringente.
Uso oral : calêndula, tanchagem, cana de macaco,algodão, algodãozinho.
Uso local : calêndula,  barbatimão, manjericão, cana de macaco, hortelã graúdo, algodão.
Uso diário três vezes ao dia durante l5 a 30 dias.

Candidíase
Corrimento com prurido e ardência sugestivo de cândida.
Uso diário três vezes ao dia durante  l5 a 30 dias
Oral : erva cidreira verdadeira, calêndula, manjericão,
Local: erva cidreira verdadeira, calêndula,  manjericão., alecrim, alho, açafrão.

Cervicite

Plantas com ação cicatrizante, anti-séptica, antiinflamatória, adstringente.
Oral: calêndula, tanchagem,  mil em rama, algodãozinho.
Local: barbatimão, hortelã graúdo, mil em rama.
Uso diário três vezes ao dia durante l5 a 30 dias.
  
DOR PÉLVICA CRÕNICA

 Plantas com ação antiespasmódica, anti-séptica, antinflamatória, laxante,   hepática, depurativa, diurética.
Uso durante as crises três vezes ao dia durante l0 dias.
Plantas indicadas: algodãozinho, dente de leão, mil em rama, mentrasto, folha santa.
 
FACILITADORES DO PARTO E PUERPÉRIO

Ameniza a dor do parto:
 Atua no amadurecimento  do colo uterino:  sálvia, artemísia.
Iniciar o uso após 37 semanas completas de gestação.
Uso: TM 30 gotas  três vezes ao dia

Estimula contrações uterinas
Algodão, artemísia, tanchagem, canela, gengibre, noz moscada.
Iniciar após 37 semanas completas de gestação.
Uso: TM 30 gotas três vezes ao dia

 Plantas galactogogas
Algodão, funcho, manjericão, dente de leão
 Plantas para reduzir o leite
Sálvia, artemísia, salsa, vitex.
 Plantas que diminuem o sangramento pós parto
Algodão, tanchagem, margaridinha
MENOPAUSA

A menopausa, assim como a adolescência, é uma passagem da vida reprodutiva da mulher. Esta passagem marca o fim da fase reprodutiva e das menstruações, e é diferente para cada mulher.
Ocorre mais freqüentemente na faixa etária de 45 a 55 anos,quando a mulher poderá sentir alguns incômodos, até se acostumar com a nova situação do seu corpo, como ondas de calor, secura vaginal, alterações  psicoemocionais, irregularidades do ciclo ou ausência da menstruação

Para alívio dos sintomas são recomendadas plantas fitoestrogênicas e progestogênicas, sedativas, tônicas, remineralizantes, depurativas, hepáticas, diuréticas, e anti-sudoríparas.
Uso diário uma a três vezes ao dia, três a seis meses
Plantas indicadas: sálvia, artemísia, mil em rama, erva cidreira verdadeira, cavalinha, funcho, vitex, dente de leão.

Fitoestrogênios:
o   São hormônios contidos nas plantas que mimetizam os estrogênios.
o   Fitoestrogênios não são a mesma coisa que os estrogênios do corpo,
mas podem ter efeitos benéficos similares.
o   Existem diversos tipos : isoflavonas, flavonas, lignanas, terpenóides.
o   As isoflavonas são as mais potentes e encontradas na soja, oferecem maior proteção óssea e cardiovascular
o   Os terpenóides são encontrados na cimicifuga racemosa e aliviam mais sintomas psíquicos e urogenitais
As flavonas e lignanas são encontradas em cereais, frutas e vegetais.   
o   Mecanismo de ação: competem com os receptores de estrogênio que estão presentes  em quase todas as  células do corpo - efeito adaptogênico, modulador ou equilibrador. Por isto podem ser usados  quando há excesso ou carência de estrogênio.
o   Não estimulam o crescimento de tecidos sensíveis ao estrogênio
o   Estudo em animais mostrou que inibem tumores de mama.
o   Tem atividade antioxidante (previne danos causados às células pelos radicais livres) e antiproliferativa  (previne crescimento anormal das células)

  • Além de proporcionar sabor e valor nutritivo, podem exercer ações terapêuticas, adequando os processos fisiológicos
  • Exemplo: plantas crucíferas, como o brócolis, possuem o fitoquimico índole-3-carbinol, que converte os estrogênios mais perigosos do corpo em variedades mais fracas, reduzindo o risco de câncer
  • O consumo diário dessas plantas  está associado à redução do câncer de mama e demais sintomas mamários relativos aos excessos de estrogênio.Sua atividade estrogênica é menor, na faixa de um centésimo
     a um milésimo da do estradiol.
  • São encontrados  em mais de 300 plantas, dentre elas maçãs, cenouras, aveia, azeitonas, feijões e demais leguminosas, sementes de girassol e outras.
  • A soja e a linhaça são muito ricas nessa substância

(1)Elaboração: Centro de Humanização das Práticas Terapêuticas do Hospital São Pio X-CHPT - Ceres , Goiás, 2006.

Coordenação: Mila Lemos Cintra
Equipe técnica: Evando de Queiroz, Lívia Martins Carneiro, Maria Esther de Albuquerque Vilela, Mila Lmos Cintra,Vitor José de Souza Machado