Ilda e Ramon - Sussurros de Liberdade

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sábado, 18 de fevereiro de 2012

Vida e carreira de Leci serão cantadas pela Acadêmicos do Tatuapé


Leci Brandão é a homenageada do Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Tatuapé no Carnaval 2012 de São Paulo. A escola desfila no sambódromo da capital paulista na segunda-feira (20), às 3h, com o enredo “Da arte do samba, nasci para a comunidade, defesa e essência, sou guerreira, sou Leci Brandão!”.


Leci Brandão durante ensaio técnico no sambódromo / foto: divulgação

     A ideia de homenagear Leci foi do diretor de Carnaval da escola, Erivelto Coelho, que ao assistir um programa da TV Assembleia Legislativa, que a deputada estadual pelo PCdoB participava, falando sobre a importância do Carnaval.
      Os dois mil componentes da escola, pertencente ao grupo de acesso, contarão durante o desfile a vida e a carreira da artista, que se tornou parlamentar. Sambas de sucesso devem ser lembrados como Isso é Fundo de Quintal, Café com Pão e Zé do Caroço, onde fala do líder comunitário de Vila Isabel. Eles terão entre 50 e 60 minutos para percorrer a passarela do samba.
      “Recebi essa homenagem sobretudo com muita emoção. Afinal, nunca havia sido homenageada por uma escola de samba, apesar de ter sido comentarista por vários anos dos desfiles do Rio de Janeiro e de São Paulo. Também me sinto honrada por ser tema do enredo da escola no ano em que ela completa 60 anos de fundação”, declarou ao Vermelho a cantora e compositora, que começou sua carreira musical no início da década de 1970, tornando-se a primeira mulher a participar da ala de compositores da Escola de Samba Mangueira, do Rio de Janeiro.
      Leci vem no último carro alegórico da Acadêmicos do Tatuapé. Sua mãe, Dona Lecy, também estará em um dos carros. A cantora, que fez shows na quadra da escola, participou de todos os ensaios técnicos da escola no Anhembi.
A escola 

Leci e integrantes da Acadêmicos do Tatuapé / foto: divulgação
       Nas cores azul e branco, a Acadêmicos do Tatuapé completa 60 anos em 2012. Seu primeiro nome foi Unidos de Vila Santa Isabel fazendo rodas de samba na Praça da Sé, centro de São Paulo. Esteve presente no Carnaval paulistano até meados da década de 1980, com retorno em 1991 no grupo de seleção com bons resultados. Foi campeã do Grupo 1 da União das Escolas de Samba Paulistanas (Uesp) em 2010 subindo ao Grupo de Acesso. Mais recentemente, esteve no grupo Especial, entre 2004 e 2006. Nodesfile, o samba enredo será cantado pelo intérprete Vaguinho. 
     Letra do samba
O samba hoje pede passagem
Tão linda homenagem do meu pavilhão
Com a pureza de uma flor
Em Madureira a estrela nasceu 
A filha da Dona Lecy nos palcos brilhou
Guerreira, subiu o morro ao som do surdo de primeira
Mangueira, sua paixão verdadeira
Sublime o dom de compor
Eu "quero sim", seu "ombro amigo"
Com o axé dos Orixás
Não se deixou calar
"Bate tambor" que o povo quer cantar
Vem na palma da mão, vem pagodear
Quem avisa é o "Zé do Caroço"
"Olodum força divina" vi brilhar
Bailam acordes musicais
Pra embalar os seus ideais
O mundo conheceu...
Em sua voz lindas melodias
E na TV foi Severina, é divinal
Defesa da igualdade racial
"Valeu", por sua luta que emana
Cidadã Paulistana, com garra venceu!
- O que é isso meu amor, venha me dizer...
Isso é Leci Brandão, uma guerreira pra valer!
Um exemplo de amor e fé
Azul e branco, Tatuapé
Essência do samba, raiz, tradição
60 anos de emoção.


Ouça o samba:



Serviço:
Sambódromo de São Paulo: Avenida Olavo Fontoura, 1209 - Santana, SP
Telefone: 11 2226-0400
de São Paulo: Deborah Moreira

Nossa fonte:Vermelho

Michel Chossudovsky: EUA são piores do que a inquisição espanhola

Presidente e diretor do Centro de Pesquisa em Globalização (Centre for Research on Globalization), Michel Chossudovsky conversou com o ODiário.Info sobre a discussão de uma possível terceira guerra mundial, de que fala no seu livro “Towards a World War III Scenario: The Dangers of Nuclear War”. 


Por
Sara Sanz Pinto



Crítico da fortificação militar que os Estados Unidos estão construindo em torno da China, o professor canadiano da Universidade de Otava defende que a opinião pública é fundamental para evitar uma guerra nuclear.
ODiário.Info: Diz no seu livro que a guerra com o Irã já começou e que os Estados Unidos estão apenas à espera de um rosto humano para lhe dar. Acredita que os objetivos políticos e geoestratégicos de Washington podem levar-nos a uma guerra nuclear com consequências para toda a humanidade?
Michel Chossudovsky: Não quero fazer previsões e ir além do que aconteceu. Tudo o que posso dizer, e tenho vindo a dizê-lo de forma repetida, é que a preparação para a guerra está a um nível muito elevado. Se será levada a cabo ou não é outro patamar, e ainda não o podemos afirmar. Esperemos que não. Mas temos de considerar seriamente o fato de que este destacamento de tropas é o maior da história mundial. Estamos assistindo o envio de forças navais, homens, sistemas de armamento de ponta, controlados através do comando estratégico norte-americano em Omaha, Nebrasca, e que envolve uma coordenação entre EUA, Otan e forças israelitas, além de outros aliados no golfo Pérsico (Arábia Saudita e estados do Golfo).
Estas forças estão a postos. Isto não significa necessariamente que vamos entrar num cenário de terceira guerra mundial, mas os planos militares no Pentágono, nas bases da Otan, em Bruxelas e em Israel, estão a ser feitos. E temos de levá-los muito a sério. Tudo pode acontecer, estamos numa encruzilhada muito perigosa e infelizmente a opinião pública está mal informada. Dão espaço a Hollywood, aos crimes e a todo o tipo de acontecimentos banais, mas, no que toca a este destacamento militar que poderá levar-nos a uma terceira guerra mundial, ninguém diz nada. Isso é um dos problemas, porque a opinião pública é muito importante para evitar esta guerra. 
E isso não está a acontecer, as pessoas não estão se organizando para se oporem à guerra. Isto não é uma questão política, é um problema muito maior, e tenho de dizer que os meios de comunicação ocidentais estão envolvidos em atos de camuflagem absolutamente criminosos. Só o fato de alinharem com a agenda militar, como estão a fazer na Síria, onde sabemos que os rebeldes são apoiados pela Otan, na Arábia Saudita e em Israel, e como fizeram na Líbia, é chocante do meu ponto de vista, porque as mentiras que se criam servem para justificar uma intervenção humanitária. Em vez de uma guerra nuclear, não podemos assistir a um cenário semelhante à Guerra Fria, com os EUA, a União Europeia e Israel de um lado e a China, a Rússia e o Irã do outro?
Esse cenário já é visível. A Otan e os EUA militarizaram a sua fronteira com a Rússia e a Europa de Leste, com os chamados escudos de defesa antimíssil – todos esses mísseis estão apontados a cidades russas. Obama sublinhou em declarações recentes que a China é uma ameaça no Pacífico – uma ameaça a quê? A China é um país que nunca saiu das suas fronteiras em 2 mil anos. E eu sei, porque investigo este tema há muito tempo, que está sendo construída toda uma fortaleza militar em volta da China, no mar, na península da Coreia, e o país está cercado, pelo menos na sua fronteira a sul. Por isso a China não é a ameaça. Os EUA são a ameaça à segurança da China. E estamos numa situação de Guerra Fria. Devo mencionar, porque é importante para a UE, que, no limite, os EUA, no que toca à sua postura financeira, bancária, militar e petrolífera, também estão a ameaçar a UE. Estão por trás da destabilização do sistema bancário europeu.
ODiário.Info: E a colocação de mais tropas em torno da China vai trazer mais tensão à região.
MC: Quanto a isso não tenho dúvidas, porque os EUA estão aumentando a sua presença militar no Pacífico, no oceano Índico e estão tentando ter o apoio das Filipinas e de outros países no Sudeste Asiático, como o Japão, a Coreia, Singapura, a Malásia (que durante muitos anos esteve reticente a juntar-se a esta aliança). Portanto, Washington está formando uma extensão da Otan na região da Ásia-Pacífico, direcionada contra a China. Não há dúvidas quanto a isto. E não se vence uma guerra contra a China. É um país com uma população de 1,4 bilhões de pessoas, com um número significativo de forças, tanto convencionais como estratégicas. Por isso, com este confronto entre a Otan e os EUA, de um lado, e a China, do outro, estamos num cenário de terceira guerra mundial. E toda a gente vai perder esta guerra. Qualquer pessoa com um entendimento mínimo de planejamento militar sabe que este tipo de confronto entre superpotências – incluindo o Irã, que é uma potência regional no Médio Oriente, com uma população de 80 milhões de pessoas – poderá levar-nos a uma guerra nuclear. E digo isto porque os EUA e os seus aliados implementaram as chamadas armas nucleares tácticas – mudaram o nome das bombas e dizem que são inofensivas para os civis, o que é uma grande mentira.
ODiário.Info: Mentira porquê?
MC: Está escrito em todos os documentos que a B61-11 [arma nuclear convencional] não faz mal às pessoas e planeiam usá-la. Tenho examinado estes planos de guerra nos últimos oito anos, e posso garantir que estão prontos a ser usados e podem ser acionados sem uma ordem do presidente dos EUA. Olhe para o que eles designam “Nuclear Posture Review” de 2001, um relatório fulcral que integra as armas nucleares no arsenal convencional, sublinhando a distinção entre os diferentes tipos de armas e apresentando a noção daquilo que chamam “caixa de ferramentas”. E a caixa de ferramentas é uma coleção de armas variadas, que o comandante na região ou no terreno pode escolher, onde estão estas B61-11, que são consideradas armas convencionais. Se quiser posso fazer uma analogia, é a mesma coisa que dizer que fumar é bom para a saúde. As armas nucleares não são boas para a saúde, mudaram o rótulo e chamaram–lhes bombas humanitárias, mas têm uma capacidade destruidora seis vezes superior à de Hiroxima.
ODiário.Info: Mas a maior parte das pessoas não parece consciente da gravidade do cenário…
MC: A ironia é que a terceira guerra mundial pode começar e ninguém estará sequer a par, porque não vai estar nas primeiras páginas. Na verdade, a guerra já começou no Irã. Têm forças especiais no terreno, instigaram todo este tipo de mecanismos para desestabilizar a economia iraniana através do congelamento de bens. Há uma guerra da moeda em curso – isto faz parte da agenda militar. Desestabilizando-se a moeda de um país desestabiliza-se a sua economia, bloqueiam-se as exportações de petróleo, e isto antecede a implementação de uma agenda militar. Se eles puderem evitar uma aventura militar contra o Irã e ocupar o país através de outros meios, fá-lo-ão. É isso que estão a tentar neste momento. Querem a mudança de regime, o colapso das petrolíferas, apropriar-se dos recursos do país, e têm capacidade para fazer isto tudo sem uma intervenção militar, embora alguma possa vir a ser necessária. Mas o Irã é considerado uma das maiores potências militares da região e basta olharmos para as análises da sua força aérea, a sua capacidade em mísseis, as suas forças convencionais que ultrapassam um milhão de homens (entre ativo e reserva), o que permite que de um dia para o outro consiga mobilizar cerca de metade, ou até mais. Tendo em conta estes números, os EUA e os seus aliados não conseguem vencer uma guerra convencional contra o Irã, daí a razão pela qual estão a tentar fazer a guerra com outros meios, e um desses meios é o pretexto das armas nucleares.
ODiário.Info: Acha que o Ocidente pode lançar um ataque preventivo contra o Irão mesmo sem provas?
MC: Claro que sim! Olhe para a história dos pretextos para lançar guerras. Olhe para trás, para todas as guerras que os EUA começaram, a partir do século XIX. O que fazem sistematicamente é criar aquilo que chamamos incidente provocado para começar a guerra. Um incidente que lhes permite justificar o início de um conflito por motivos humanitários. Isto é muito óbvio. Em Pearl Harbor, por exemplo, sabe-se que foi uma provocação, porque os EUA sabiam que iam ser atacados e deixaram que tal acontecesse. O mesmo se passou com o incidente no golfo de Tonkin, que levou à guerra do Vietnã. E agora são vários os pretextos que emergem contra o Irã: as alegadas armas nucleares são um, outro é o alegado papel nos atentados 11 de Setembro, pois desde o primeiro dia que acusam o país de apoiar os ataques, a afirmação mais absurda que podem fazer, pois não existem quaisquer provas. Mas os media agarram nestas coisas e dizem “sim, claro”.
ODiário.Info: Pode explicar às pessoas de uma forma simples a relação entre guerra contra o terrorismo e batalha pelo petróleo?
MC: A guerra contra o terrorismo é uma farsa, é uma forma de demonizar os muçulmanos e é também a criação, através de operações em segredo dos serviços secretos, de brigadas islâmicas, controladas pelos EUA. Sabemos disso! Estas forças, ligadas à Al-Qaeda, são uma criação da CIA de 1979. Por isso a guerra contra o terrorismo é apenas um pretexto e uma justificação para lançar uma guerra de conquista. É uma tentativa de convencer as pessoas de que os muçulmanos são uma ameaça e de que estão a protegê-las e para isso têm de invadir países perigosos, como o Irã, o Iraque, a Síria e a Coreia do Norte, que perdeu 25% da sua população durante a Guerra da Coreia, mas, no entanto, continua a ser tida como uma ameaça para Washington. É absurdo! Os americanos são um pouco como a inquisição espanhola. Aliás, piores! O que mais me choca é que os EUA conseguem virar a realidade ao contrário, sabendo que são mentiras e mesmo assim acreditando nelas. A guerra contra o terrorismo é uma mentira enorme, mas todas as pessoas acreditam e o mesmo se passava com a inquisição espanhola – ninguém a questionava. As pessoas conformam-se com consensos e quem assume a posição de que isto não passa de um conjunto de mentiras é considerado alguém em quem não se pode confiar e provavelmente perderá o emprego. Por isso esta guerra é contra a verdade, muito mais séria que a agenda militar. Contra a consciência das pessoas – parece que ninguém está autorizado a pensar. E depois vêm dizer-nos “Ah, mas as armas nucleares são seguras para os civis”. E as pessoas acreditam.
ODiário.Info: Será Israel capaz de atacar Irã sem o apoio dos EUA?
MC: Não. Eles podem enviar as suas forças, por exemplo para o Líbano, mas o seu sistema está integrado no dos EUA e, como o Irã tem mísseis, têm de estar coordenados com Washington. É uma impossibilidade em termos militares. Em 2008, o sistema de defesa aérea de Israel foi integrado no dos EUA. Estamos a falar de estruturas de comando integradas. Quer dizer, Israel pode lançar uma pequena guerra contra o Hezbollah ou até contra a Síria, mas contra o Irã terá de ser com a intervenção do Pentágono. Embora tendo uma fatia significativa de militares, Israel tem uma população de 7 milhões de pessoas e não tem capacidade para lançar uma grande ofensiva contra o Irã.


Sara Sanz Pinto é jornalista.
Fonte: ODiário.info