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FEIRAS LIVRES são fonte inesgotável de riqueza humana.
Veja as amostras
colhidas hoje, na manhã deste sábado,
dezoito de janeiro.
A caminho da Alameda Rio Claro encontro um ex-ministro da
previdência de
Lula! um velho conhecido de escola, colega de
trabalho e agora vizinho de
bairro. Me alegro. Nos saudamos.
Pergunto se viu a recente entrevista de Lula
na TVT, em que
o ex-presidente menciona a questão da Previdência. Fico triste:
não tomou conhecimento. Nos despedimos depois de um
ping-pong ritual que
termina com ele dizendo: “Fica tranquilo
que eu te ligo”.
Na primeira parada na feira busco a Musa Paradisiaca. Este o
nome científico das bananas, não é lindo? Entre as frutas, a
minha diária
predileta. O Márcio é fornecedor preferencial há
muitos anos. Começou moleque
vendendo nas feiras livres das
Alagoas. Chegado a São Paulo virou comerciante.
Junto com
a Jessica e agregados formam família que luta diariamente nos
mercados. Tá sempre de bom-humor e mente alerta. Tem
resposta para tudo. Se não
tiver inventa uma engraçada.
Adoça a boca dos clientes com bananas gostosas e
os ouvidos
com tiradas engraçadas e respeitosas. Tira dos clientes o
dinheiro
de modo particular e inovador. No meu caso as
bananas formam um degradê de
maturação. Podem ser
apreciadas aos poucos e a contento no decorrer da semana.
Faz comigo o que faz com os outros. Para um só bananeiro
ajunta na sua banca
muita gente. Ainda mais se sabendo que
tem outra banca de frutas ali na frente.
Além de encontrar por ali ex-ministros, conheci pessoas interessantes, inclusive um simpático senhor, elegante, sempre com chapéu de palha, que compra frutas para os passarinhos de uma área pública do bairro que fica ali próxima, pertinho da nascente do Rio
Saracura, uma sobrevivente desta urbanização
maluca.
Hoje, conversando com o Márcio, sobre leitura, a propósito de
textos
difíceis, entrou na conversa o Hélio, lamentando a diminuição
da quantidade de livros lidos em relação a tempos anteriores.
Indaguei-lhe do tema de sua
predileção. Sobre o Espiritismo
me replicou. E contou coisas que me tocaram
sobre os escritos
de Alan Kardec que nos 1800s deu à luz a doutrina. “Espírito
ou espíritos,
no plural”, indaguei. No plural, respondeu. Cada ser tem seu
espírito afirmou.” Muito bem”, disse eu “Isso é congruente com
minha concepção
de um continuum infinito de matéria pelo
espaço-tempo” e, completou ele, com
minha anuência:
“em que há condensação da matéria”.
Prosseguiu dando-me dados históricos sobre a Doutrina
nascida na França
napoleônica. Soube que o Espiritismo
reinterpretou os Evangelhos. Mas,
conforme diz o Hélio,
apresentando sua convicção particular, trata-se de
ciência e
não de religião. Que bom que ele pensa assim. No terreno da
ciência
onde cabem todas as humanas dúvidas e os dogmas
são questionáveis, poderemos
nos entender. Noto que o
Espiritismo nasceu no mesmo período histórico em que
se
desenvolve o materialismo histórico e dialético. Me faz lembrar
de Friedrich
Engels que, deixou escrita e inédita, a ideia de que
“o pensamento é uma forma
superior de matéria” (publicada
post-mortem sob o título de Dialectica de la
Naturaleza. E, ao
fazê-lo deu substância à matéria espiritual. O Espírito
deixava
de ser o vazio, o imaterial, o inatingível).
Esta formulação, velha de mais de 100 anos, permanece atual.
É
congruente com avanços no campo da fisiologia do cérebro,
da neurociência, da
física quântica e em outros, em que Matéria
é constituída de variedade de partículas e elementos que se
movem no espaço ao longo do tempo. A capacidade
humana
de perceber o mundo, antes limitada aos cinco sentidos
imediatos, com aajuda de instrumentos, expandiu-se rumo ao
macrocosmo e aos micro-organismos.
Me lembra a companheira que precisamos de ovos e me despeço
do Hélio
encerrando as divagações sobre quão distantes ou
próximos estamos nós, os seres
humanos, os espiritas, os
materialistas dialéticos, os históricos, os confusos
e os outros.
Vou para a barraca do Augusto. Lá chegando, vejo como trata com
leveza um mal-entendido: um cliente pede desculpas por
expressar-se de forma
inadequada na presença da Dona Maria,
mãe e parceira, que incessantemente
trabalha na preparação dos
galináceos e quitutes. Comento com ele o acontecido. Me dá um
alegre sorriso, enquanto embala minha dúzia de quinze reais e faz
o
troco: “Feira é lugar de gente alegre!... tem gente aborrecida, sim,
mas estes raramente voltam! “. |
Este blog se destina a discutir ideias e caminhos ligados à literatura, à vida de bem com a natureza, à construção de um país mais justo. Buscar ser feliz é nossa obrigação. Vamos falar de livros,artesanatos, bichos,plantas orgânicas, saúde,movimentos sociais. LULA PRESIDENTE!
quarta-feira, 22 de janeiro de 2020
Crônica de sábado
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