Ilda e Ramon - Sussurros de Liberdade

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sábado, 8 de setembro de 2012

" Oxalá a revolução bolivariana chegue ao Brasil"

Um ato emocionante que conseguiu unificar o setor progressista brasileiro em torno de uma causa: o apoio à reeleição de Hugo Chávez Frias, presidente venezuelano. Assim muitos participantes definiram o evento da campanha Brasil Está com Chávez realizado nesta quarta-feira (5) na Casa de Portugal, em São Paulo. Entusiasmado, o escritor Fernando Morais exultou: “que [o processo venezuelano] nos contamine. Oxalá a revolução bolivariana (…) chegue ao Brasil”.

Por Vanessa Silva

Movimentos e partidos sociais compuseram a mesa do ato Na atividade, que contou com mais de 200 pessoas, entre representantes de movimentos sociais, da intelectualidade e de partidos políticos, o Brasil manifestou sua solidariedade ao povo e ao governo venezuelano, que conduz a chamada revolução bolivariana no país.

A ideia da criação desta campanha surgiu durante o Fórum de São Paulo, realizado em Caracas entre 4 e 6 de julho deste ano. O grupo aprovou uma resolução final em apoio e solidariedade ao presidente Chávez, dentro do espírito da declaração do ex-presidente Lula, que, em vídeo gravado para o evento, declarou: “Chávez, a sua vitória é a nossa vitória”. Este é elo norteador das atividades da solidariedade com a Venezuela, como manifestou o representante do Fórum, Valter Pomar.

Não se trata de defender algo que está longe, que é estranho a nós, ressaltou Pomar. “A América Latina é muito importante para o futuro e o destino da esquerda mundial. O destino da América Latina passa pela integração entre nossos povos”. Segundo ele, no entanto, esse processo progressista no continente está ameaçado pela rearticulação da direita e do imperialismo. “A Venezuela tem dado mostras de que é necessária uma integração com conteúdo social diferente. Não basta uma integração formal entre países, é preciso [um processo] que signifique democracia real, poder popular, uma vida melhor para nossos povos, que tenha um horizonte de transformação social e que seja um horizonte claramente socialista”, ressaltou.

Para Pomar, a direita manipula os fatos por meio da imprensa hegemônica. Por isso, os jornais brasileiros começam a dizer que, apesar do claro favoritismo de Chávez, Capriles teria chance de ganhar, tal como visto no editorial do jornal Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (4). Fazem isso porque “sabendo que vão perder, estão tentando montar um clima para desconhecer o resultado da eleição e fazer na Venezuela o que fizeram em outros países recentemente”, disse.

Trata-se de uma eleição continental, reforçou o coordenador do MST e da Via Campesina, João Pedro Stédile. “O que está em jogo na Venezuela não é só uma eleição, mas a disputa de dois projetos, com influência em todo o continente. De um lado está Capriles, representante da direita, do capitalismo, do outro, Chávez com um projeto alternativo popular dos povos da América Latina. (…) É uma luta de classes continental, que em cada um dos nossos países toma o caráter de luta ideológica. Derrubando a direita em nossos países, estaremos contribuindo para a vitória do povo venezuelano e latino-americano nesta batalha da Venezuela”.

O perigo que corremos, sintetizou Stédile é que “se Chávez perder essa disputa, os capitalistas retomarão a ofensiva e quiçá teremos em um novo período neoconservador em toda a América Latina, como foi nos anos 1960 e 1970 com as ditaduras militares”.
Batalha travada na mídia
O escritor e intelectual Fernando Morais fez questão de comparecer ao evento. "Sou chavista. Comprometido com o processo bolivariano”. Ele avaliou a campanha que a imprensa faz contra o processo bolivariano e o presidente Hugo Chávez. Durante o lançamento de seu livro mais recente, "Os Últimos Soldados da Guerra Fria", fez diversos debates em todo o país. O assunto recorrente era seu apoio à Venezuela. Então sempre lançava um desafio: se não tiver uma matéria insultuosa contra o Chávez na capa de um dos três principais jornais da Venezuela, eu sorteio meu notebook, dizia. “O notebook está até hoje na minha mochila” brincou, concluindo que não há nada “mais eloquente do que a verdade”.

Morais lembrou ainda de outro livro de sua autoria “Chatô — o Rei do Brasil”. Em determinado momento de sua vida, Francisco de Assis Chateaubriand, o Chatô, brigou com o arcebispo de Belo Horizonte, Dom Antonio dos Santos Cabral, e ligou para o diretor dos seus jornais em Minas dizendo “eu descobri que Dom Cabral estuprou a irmã quando era jovem. Quero uma matéria sobre isso na capa em uma semana”. Como em uma semana não obteve o desejado, ligou de volta: “porque ainda não saiu nada?”. E o jornalista respondeu: “doutor Assis, é que descobrimos que D. Cabral não tem irmãs, é filho único”. E ele respondeu “isso não é um problema nosso, mas de D. Cabral”. E é “exatamente isso que nossa imprensa faz com a Venezuela”, ilustrou.

Para lutar contra esse monopólio, temos uma “coisa que está comendo por baixo igual cupim, que é a internet, é onde nós vamos disputar com eles. E é na internet que vamos ganhar. Temos que enfrentá-los onde podemos vencer”. Morais ressaltou que a revolução naquele país é transformadora e democrática. “Não há um preso político na Venezuela, um preso de consciência sequer. Que isso nos contamine. Oxalá que a revolução bolivariana (…) chegue aqui no Brasil”.

Integração solidária
A presidenta do Cebrapaz e do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes, enalteceu a unidade latina e sustentou que a garantia do projeto bolivariano da Venezuela é fundamental para assegurar a paz, a soberania e a autodeterminação dos povos: “Chávez demonstrou que era possível resgatar os recursos do povo que estavam sendo assaltados durante décadas, como o petróleo, o gás e as terras, e entregá-los ao povo, e ele fez isso, garantindo os interesses da Venezuela. O nosso destino é o destino da Venezuela, do Equador, da Bolívia. Nosso destino é um só”.

Entre os pontos abordados pelo secretário de Relações Internacionais do PCdoB, Ricardo Alemão Abreu, está a diferença entre os projetos de integração para o continente. “A Venezuela propõe uma integração solidária. Não é a integração daquele Mercosul que os governos de Carlos Menen [Argentina] e Fernando Collor criaram: um Mercosul livre cambista que tinha como objetivo ser integrado posteriormente à Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Mas um novo Mercosul que acaba de receber a Venezuela e vai receber o Equador, a Bolívia e todos os países da Alba e da América do Sul para fazer essa integração verdadeiramente solidária, econômica, social, política e cultural”.

De maneira poética, o presidente da União Nacional dos Estudantes, Daniel Iliescu, emocionou-se: “nossa geração pode viver um momento pelo qual outras gerações lutaram muito nos tempos da resistência. [Lutaram] para que fosse possível produzir os avanços que nosso tempo vê, um projeto que de fato afirma em cada um de nossos países a necessidade da integração política, social, econômica, cultural, simbólica e energética da América Latina. A integração latino-americana precisa crescer na consciência do nosso povo, da população brasileira, da juventude da América Latina como uma necessidade para nossos países serem mais justos, democráticos e avançados socialmente”.
E concluiu: “tenho orgulho de fazer parte de uma geração que reivindica seu passado, nossa trajetória de luta, reivindica a memória daqueles que tombaram, mas se agarra às possibilidades que o presente oferece para construir um futuro mais justo para a nossa gente. E esse futuro passa pela eleição de Chávez e é por isso que a juventude está com Chávez”.
Venezuela está com o Brasil
Encerrando o evento político, o embaixador da Venezuela no Brasil, Maximilian Arvelaiz, observou que a solidariedade é antes de tudo um gesto de amor: “senti um pouco do espírito do Che Guevara que dizia que a solidariedade está na ternura dos povos. E senti muito amor e muita ternura hoje neste evento”. Segundo o diplomata, quando Chávez tomou conhecimento da campanha, há um mês, quando esteve no Brasil para oficializar a entrada do país no bloco, “ficou muito emocionado e disse: ‘sabemos que temos uma grande responsabilidade frente a todos [os brasileiros]’”. Nós sabemos “que podemos contar com vocês e saibam que podem contar também com todos os venezuelanos na luta de vocês”.

O ato cultural foi mais uma mostra de que existe uma sincronia entre Brasil e Venezuela também culturalmente. Sem ensaio, o sambista Tobias da Vai Vai e a banda venezuelana Tambores Bomboyá tocaram juntos em um som que misturou pandeiros brasileiros e ritmos caribenhos.

Um grande ato
Integraram a mesa do evento os representantes do Fórum de São Paulo, Valter Pomar; do MST e Via Campesina, João Pedro Stédile; do PCdoB, Ricardo Alemão Abreu; da Marcha Mundial de Mulheres, Nalu Faria; da UNE, Daniel Iliescu; do PSOL, Plinio de Arruda Sampaio; do PT, Adriano Diogo; da CTB, Nivaldo Santana; do Movimento Consulta Popular, Ricardo Gebrim; do Cebrapaz, Socorro Gomes; do Movimento de Moradia do Centro, GG; da União da Juventude Socialista, André Tokarski; o escritor e intelectual, Fernando Morais, o jornalista Max Altman, o cônsul de Cuba em São Paulo, Lázaro Méndez Cabrera, o embaixador da Venezuela no Brasil, Maximilian Arvelaiz, o deputado pelo PT de São Paulo, Simão Pedro e o vereador de São Paulo pelo PCdoB, Jamil Murad.

Nossa fonte: Vermelho

A Revolução em Verso

Poema Vladimir Ilitch Lenin


Vladimir Lenin, pouco antes da Revolução Russa

“Acredito que este livro, ao mesmo tempo em que se converte em um deleite para os amantes da poesia, também se converterá em um reforço dos ideais de justiça, de paz e solidariedade”.
Foi como resumiu Adalberto Monteiro, presidente da Fundação Maurício Grabois, ao falar da importância do lançamento em português do livro Vladimir Ilitch Lenin, poema de Vladimir Maiakovski, que ocorreu na noite passada, no Espaço Revista Cult, em São Paulo.

Segundo ele, a obra de Maiakovski é lida e traduzida no mundo inteiro, e a Grabois – junto com a editora Anita Garibaldi, e com a dedicação de Zoia Prestes, que traduziu o poema, e Mazé Leite, que o ilustrou – tem a felicidade de oferecer esta bela peça para a literatura brasileira.

Conhecido como o Poeta da Revolução, Maiakovski é tido por muitos como um dos maiores poetas da língua russa, e também é conhecido como um dos fundadores da poesia moderna. Estamos felizes em poder contribuir trazendo para os brasileiros este belo poema – explicou.

Adalberto também frisou que “oferecer uma obra de Maiakovski por si já é uma grande contribuição. Mas, este livro possui uma singularidade, é um livro-poema que o autor escreveu, em 1924, por ocasião da morte de Lênin, e embora tenha sido escrito sob o impacto da morte de Lênin, não é um poema triste, é um canto de louvor a Revolução Russa de 1917 e as realizações dos trabalhadores e do povo soviético”.
Em entrevista, Zoia Prestes externou a importância da tradução da obra do russo para o português. Segundo ela, “traduzir Maiakovski foi um desafio enorme, nunca traduzi poesia, ainda mais de um autor que admiro tanto. E essa tradução traz para a literatura brasileira, além do seu valor cultural e artístico, um poema que retrata um personagem histórico, um líder de uma Revolução, que pôs no debate questões que ainda hoje estão na ordem do dia. Ou seja, este poema também contribuirá para o entendimento da história e dos desafios que ainda temos que superar”.

Jeosafá Fernandes Gonçalves, doutor em Literatura, parabenizou a iniciativa da Fundação Maurício Grabois e da Editora Anita Garibaldi.

Acredito que a língua portuguesa ganha, se enriquece, e os leitores e leitoras amantes da literatura, da poesia, passarão a ter acesso a essa bela obra, que até então só possuía alguns trechos traduzidos – salientou.

Segundo ele, mesmo com quase 100 anos, a obra de Maiakovski é atual e nos convida a refletir sobre as questões do nosso cotidiano.

Em seus versos ele sempre dialogou com o futuro, sempre conversou com as gerações futuras. Percebemos em sua obra uma convicção de que ela resistiria ao tempo, iria vencer o desafio do tempo – explicou Jeosafá Fernandes, que também é escritor.

Ainda durante a sua fala, Jeosafá afirmou que o livro deve ser divulgado em todo país, deve compor as bibliotecas das escolas.

Os jovens precisam ter contato com esta literatura, que se, por um lado, tem uma riqueza poética, por outro, contribuirá para o entendimento de questões que atravessaram a história –acrescentou.

Artistas russos
Inspirada na vanguarda russa, a artista plástica Mazé Leite afirmou que ilustrar o livro, além de ser uma honra, também foi uma grande responsabilidade:

– Entendo o trabalho do ilustrador também como um tipo de tradução. E para retratar a essência do poema tive que lê-lo diversas vezes e beber em outras fontes da vanguarda russa. E sabendo que Maiakovski, além de poeta, também foi designer gráfico, pintor, dramaturgo e ator, ficou claro o desafio que estava em minhas mãos. Então o meu trabalho acaba sendo também uma homenagem aos artistas russos que influenciaram as artes em diversas partes do mundo.

Segundo ela, o poema traz, fundamentalmente, esperança, especialmente em um momento de crise.

Falamos de um poema que fala sobre a vida. Além disso, observamos a ampliação do interesse pelas ideias marxistas, desse modo, acho que esse livro acontece em um momento bom, para que as pessoas, lendo o poema, saibam que a história é muito maior do que se possa imaginar e que o sonho não acabou – disse.

Dimensão Política
Adalberto Monteiro explica que, além de seu caráter lírico, o poema de Maiakovski é uma defesa do socialismo, que retrata a confiança no poder de realização dos trabalhadores:

Ele foi um grande crítico do capitalismo, e o mundo hoje é sacudido por uma grande crise desse sistema. Isso retrata que o poeta teve a absoluta razão em dedicar suas energias à luta contra esse sistema. E aqueles que aspiram a construção de um mundo novo vão encontrar nessa obra, certamente, uma fonte cristalina para se revigorar das jornadas que precisam ser travadas.

Zoia Prestes concorda e ressalta que a dimensão política da obra contribuirá para fomentar o debate em torno das questões atuais.

Penso que hoje, no início do século XXI, falar de revolução, bem como falar de Lênin e de socialismo, é muito importante para essas gerações que estão aí. E o livro se converte não só em uma grande contribuição para o debate, mas também em um reforço para o desenvolvimento dessa nova geração. Acredito que a cultura possibilita ampliar horizontes e a iniciativa da Fundação Maurício Grabois e da Editora Anita Garibaldi, em traduzir esta obra, se converte em uma ação muito importante para a ampliação destes horizontes – reforçou a tradutora.

Lênin humanizado
Com emoção, o lançamento do livro foi encerrado com a declamação de alguns trechos da obra pela atriz Ana Petta.

Declamar esses trechos é um enorme prazer. É um texto muito bonito, que humaniza a figura de Lênin. Ao ler o poema você percebe ver retratado um Lênin simples afetuoso, muito humano –externou Ana Petta.

Segundo ela, essa tradução é um presente aos comunistas.

Trazer esse texto para o Brasil fortalece a literatura comunista e os que defendem essa literatura. Isso só contribui para agregar às pessoas ideias que podem ajudar a construir um futuro melhor. Além disso, Maiakovski é um poeta comunista e precisa ser valorizado e lembrando sempre.

Nossa fonte: Vermelho