País perde a editora Companhia das Letras, agora
controlada pelo maior conglomerado editorial do mundo. Desnacionacionalização
revela falta de política pública: se fosse por falta de leitores, por que
estariam comprando?
Lucas Scatollini
Na
semana do Dia Internacional do Livro, o mercado editorial brasileiro respira
por aparelhos. O panorama geral revela: duas das maiores redes de livrarias —
Cultura e Saraiva — estão em recuperação judicial. Seu fracasso provoca o
supultamento de dezenas de editoras. Entre as sobreviventes, a “saída” se dá pela
venda de grande parte de seu capital aos gigantes estrangeiros, como ocorreu no
recente caso da Companhia das Letras.
Em
outubro passado, o Valor Econômico revelou
que a Penguin Random House (PRH) – maior grupo editorial do mundo – assumiu o
controle acionário da editora. Conhecida pelo imenso catálogo — 4500 títulos,
que têm por autores 34 vencedores do Nobel de Literatura e muitos dos
principais escritores brasileiros — a editora foi fundada e pertencia à família
Schwarcz. Esta mantém, agora, a posse de apenas 30% das ações. Segundo Luiz
Schwarcz, a decisão teve a ver com “visões de longo prazo em relação ao mercado
livreiro”.
Sabe-se,
porém, que a editora perdeu R$ 26,4 milhões com Cultura e Saraiva. Por isso,
questiona-se: o mercado editorial brasileiro estaria atrelado a um varejo
concentrado em pequenos grupos, que monopolizam a compra e venda de livros no
país?
A
desnacionalização, é claro, não se limita às editoras. Nos últimos cinco anos,
quase 400 empresas brasileiras passaram a ter controle do
capital estrangeiro. Seja como for, a perda da Companhia das
Letras é mais uma significativa derrota, além de abrir precedentes para que
mais empresas se curvem diante das presas do mercado financeiro.
Fonte: BLOGDAREDAÇÃO