Ilda e Ramon - Sussurros de Liberdade

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sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Haddad: mais uma vítima da "grande" mídia brasileira

Foi preciso que um jornal estrangeiro reconhecesse o que Haddad vem fazendo em São Paulo

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Por Paulo Nogueira Do DCM

O Wall Street Journal – conservador, pertencente a Murdoch – disse que em cidades mais mentalmente arejadas Haddad seria reconhecido como um “visionário urbano”.
Mas São Paulo, minha São Paulo, a cidade onde nasci e onde hei de morrer, bem, a cidade hoje é um monstro.
Era uma cidade popular, corintiana, à frente do resto do país em dinamismo, pujança e capacidade de trabalho.
Virou uma cidade reacionária, raivosa, preconceituosa e, sob muitos aspectos, obtusa.
Haddad inventou a bicicleta em São Paulo, e você pode dizer: demorou.
São Paulo quase não anda por causa de congentionamentos monstruosos, que entre outros efeitos poluem criminosamente a cidade.
Era óbvio que a cultura da bicicleta tinha que surgir como resposta ao pesadelo cotidiano de motores parados e motoristas neurotizados.
Sim, era óbvio. Londres, Paris, Nova York – todas as grandes metrópoles do mundo fizeram isso, no rastro dos exemplos extraordinários de Copenhague e Amsterdã.
Mas o que fizeram os antecessores de Haddad, notadamente Serra e Kassab?
Nada.
Kassab, pelo menos, não se vangloria de ser um cérebro à frente de seu tempo.
Mas Serra sim. E a verdade é que, você vendo sua folha corrida, Serra é exatamente o oposto.
Ele nunca fez nada que prestasse. São Paulo, sob ele, foi a cidade das árvores e faróis destruídos a cada chuva, dos pernilongos em festa – e dos automóveis caoticamente ocupando as ruas. Quando Serra falou emmobilidade urbana quando prefeito?
São Paulo virou a cara de Serra, em suma.
Se Serra teve sempre maciço apoio da imprensa para gerir bisonhamente São Paulo, Hassad enfrentou desde o início um brutal ataque.
Ele teve, de saída, uma iniciativa brilhante para enfrentar um dos dramas paulistanos: a desigualdade.
Montou um plano segundo o qual o IPTU de bairros periféricos seria reduzido em troca da elevação da taxa das zonas mais ricas.
Já aí ele mereceria aplausos.
Mas aconteceu o oposto. A imprensa crucificou Haddad, e os paulistanos mais abastados reagiram de uma forma pateticamente egoísta e míope.
Só que Haddad estava certo.
Assim como está coberto de razão na bicicleta.
Passada esta fase sinistra de São Paulo, superado o ódio dos que batem panelas e vestem roupas da CBF para manifestações pedir a volta dos militares, se verá o quanto Haddad acertou ao criar a cultura da bicicleta entre os paulistanos.
É possível, e até provável, que ele não consiga se reeleger em 2018.
Será uma pena, uma imensa pena para a cidade.
Caso ele não ganhe um segundo mandato, será por causa de suas virtudes – por ser um visionário urbano, como definiu o WSJ, numa terra tão reacionária.
 

Leia a matéria completa em: Foi preciso que um jornal estrangeiro reconhecesse o que Haddad vem fazendo em São Paulo. Por Paulo Nogueira - Geledés http://www.geledes.org.br/foi-preciso-que-um-jornal-estrangeiro-reconhecesse-o-que-haddad-vem-fazendo-em-sao-paulo-por-paulo-nogueira/#ixzz3moAkNtPe

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

O FIM DA ISENÇÃO DE IR EM LUCROS E DIVIDENDOS FECHARIA ORÇAMENTO 2016

André Barrocal

Valter Campanato/Agência Brasil

Levy (esq) venceu Barbosa e optou por não transmitir sinal contrário ao “andar de cima”


O governo anunciou na segunda-feira 14 alguns aumentos de impostos para tentar transformar o rombo de 30 bilhões de reais no orçamento de 2016 em uma sobra de 34 bilhões. Embora tivesse à mão um leque de opções capazes de tornar o sistema tributário brasileiro mais justo, o pacote tem propostas progressivas tímidas. O motivo foi o boicote do ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Entre as medidas anunciadas, só duas atacam a injustiça da tributação nacional, concentrada na taxação do consumo, um modelo punitivo dos mais pobres.

Uma cria uma tabela progressiva de imposto de renda (IR) sobre o lucro obtido na venda de imóveis. Hoje, há uma alíquota de 15% de IR no lucro nestas transações. O governo quer cobrar 20%, 25% ou 30% em cima dos ganhos que, durante um ano, superem um milhão de reais.

A outra reduz um pouco as vantagens obtidas pelas empresas no uso de um dispositivo chamado “juros sobre capital próprio”. Este mecanismo, criado por uma lei de 1995 e existente só no Brasil, permite às pessoas jurídicas inventar uma despesa para pagar menos IR.

Juntas, as duas medidas, caso entrem em vigor tal qual propostas pelo governo, vão render 2,9 bilhões de reais anuais, nas contas da equipe de Levy.

A principal aposta tributária do governo para fechar o orçamento de 2016 é recriar a CPMF com uma alíquota de 0,20%. Renderia 32 bilhões de reais por ano.

Além da volta da CPMF, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, defendia dentro do governo duas medidas tributárias progressivas. Alíquotas maiores para o Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). E fim da isenção de IRPF na distribuição de lucros e dividendos a donos e sócios de firmas.

Barbosa contava com o apoio de ao menos dois ministros do chamado núcleo duro do governo: Miguel Rossetto (Secretaria Geral) e Ricardo Berzoini (Comunicações). Segundo um ministro deste núcleo duro, Levy resistiu a “enfrentar os tubarões”, tendo optado por propostas que lhe pareciam “neutras”, ou seja, incapazes de transmitir sinal contrário ao “andar de cima”.

“A principal medida de progressividade tributária hoje no Brasil é acabar com a isenção de IR nos lucros e dividendos”, diz Sérgio Gobetti, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e ex-secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda.
Por coincidência, Gobetti participou logo após o anúncio do governo de um debate na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado sobre a carga tributária nacional. Ele e o também pesquisador do Ipea Rodrigo Orair examinaram dados recém-divulgados pela Receita Federal sobre o IRPF e concluíram que a maior distorção está na blindagem dos lucros e dividendos.

A isenção foi instituída pela mesma lei de 1995 que inventou o “juro sobre capital próprio”. Na declaração de IR entregue pelos brasileiros em 2014, essa isenção protegeu 71 mil contribuintes recebedores de quase 200 bilhões de reais isentos de tributação. “Há uma brutal concentração de renda no Brasil graças a essa isenção”, afirma Orair.

A volta do IR sobre a distribuição de lucros e dividendos poderia resolver quase sozinha os problemas do orçamento de 2016. Com uma alíquota de 15% como era até 1995, dizem os pesquisadores do Ipea, a taxação renderia 53 bilhões de reais por ano. Já com a aplicação da tabela progressiva do IRPF, com um teto de 27,5%, a arrecadação chegaria a 72 bilhões de reais anuais.

“O Brasil já avançou no gasto público para fazer justiça social. Falta arrecadar melhor”, diz o senador Lindberg Farias (PT-RJ), relator da subcomissão da CAE

FONTE: CARTA CAPITAL

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Dilma assume plataforma neoliberal. E agora?

negrobelchior 



Foto CUT

Lideranças da CUT, aliadas históricas dos governos de Lula e Dilma, têm sido enfáticas na crítica às ações econômicas do governo. Muitas afirmações,noticiadas em diversos meios de comunicação, são muito fortes: “A culpa da crise está sendo imputada aos trabalhadores”; “Falta diálogo do Governo junto a sociedade”; “O governo sinaliza para setores que não o apóia”; “Dilma prometeu uma coisa e está implementando outra”; “O governo desvia a política econômica para um rumo neoliberal, de direita, que não se sensibiliza com injustiças sociais”. Ao mesmo tempo em que são incisivas na crítica ao pacote e à política econômica do governo, são duras também da defesa do mandato da presidenta e no enfrentamento às iniciativas pró- impeachment, que chamam de “Golpe”.
Abordagem parecida com a da recém formada Frente Brasil Popular, que para além das críticas, apresentam uma plataforma progressista como alternativa à crise política e econômica que vivemos.
Assim como há tempos bradam as organizações que fazem oposição pela esquerda ao governo, parece que os setores mais alinhados chegaram também a conclusão de que é necessário construir saídas que possam superar a experiência petista no poder, sem no entanto, abrir mão das poucas conquistas sociais.
Mas há, me parece, duas perguntas que precisam ser respondidas: Será possível a construção de alternativas tendo como protagonistas das ações, os mesmos atores que dirigiram o processo político até aqui? Importantes atores políticos e sociais que até aqui apoiaram o governo, hoje tem suas pautas ignoradas e atacadas por ele. Estes terão legitimidade, representatividade, credibilidade moral para propor um novo caminho?

A saída é taxar as grandes fortunas e a especulação

Do Site da Smetal

Em nota à imprensa, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região, Ademilson Terto da Silva, criticou as medidas de ajuste fiscal anunciadas esta semana pelo governo federal. Em nome do SMetal, Terto disse que a instituição jamais concordará com medidas que joguem o peso de qualquer crise econômica nas costas dos trabalhadores.
O SMetal defende a taxação de grandes fortunas e do capital especulativo como forma de equilibrar as contas públicas, sem a necessidade de ressuscitar velhos e injustos tributos, como a CPMF, criada pelo governo neoliberal do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Uma reportagem da Carta Capital publicada dia 15/09 confirma que a tributação do capital não produtivo já bastaria para o governo alcançar o superávit necessário, sem mexer no bolso dos trabalhadores nem reduzir os recursos de programas sociais.
De acordo com a reportagem, um estudo recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) comprova que se o governo cobrasse 15% de imposto de renda sobre os lucros e dividendos recebidos por acionistas de empresas, as contas públicas já fechariam. Com essa taxação de capital especulativo, o governo iria arrecadas R$ 43 bilhões no ano, suficientes para cobrir o rombo orçamentário previsto para 2016.
Atualmente, devido à legislação aprovada em 1995, durante o governo de Fernando Henrique, os acionistas de empresas estão isentos de imposto de renda sobre os lucros e dividendos de suas ações. No mundo, apenas o Brasil e a Estônia são tão generosos com os investidores de bolsa de valores.
Não existe, na fala de Terto, nenhum indício de rompimento com o projeto de governo que começou com Lula e continuou no primeiro mandato de Dilma. Até porque, foi durante esse período que foram gerados mais de 10 milhões de postos de trabalho. A categoria metalúrgica na região de Sorocaba, por exemplo, cresceu de 19 mil trabalhadores em 2002 para 45 mil em 2014. Atualmente, mesmo com as demissões, a categoria é formada por mais de 42 mil metalúrgicos, mais do que o dobro da época de Fernando Henrique.
As críticas do SMetal visam ajudar a corrigir rumos da economia, e não retroceder na área social e na democracia. É necessário preservar programas como o Minha Casa Minha Vida, o Prouni, o Bolsa Família (transferência de renda condicionada à frequencia escolar), os incentivos à agricultura familiar, entre outros.
O problema atual do governo está justamente em se desviar para um rumo neoliberal, de direita, que não se sensibiliza com injustiças sociais.
A CUT e o SMetal pregam o diálogo entre trabalhadores, governo e empresários do setor produtivo para corrigir essa rota. Sempre que alguma medida prejudicar o trabalhador, a CUT será contra e vai lutar para revertê-la. Mas não é por isso que vai compactuar com golpismos e atentados à democracia.

Fonte: Carta Capital

domingo, 6 de setembro de 2015

Os dribles da idade


Não chove. O calor incomoda os cachorros e põe em risco a vida do minhocário. Os olhos das pessoas pedem umidificante. Dona Pandá se lembra da fazendeira Ana. Quer ir vê-la. Como poderia ajudá-la? Percebe que a única coisa que poderia fazer é mostrar sua solidariedade. Para quem está vendo seu gado passar fome e sede, sabendo que se não chover muito e no curtíssimo prazo, vai perder tudo vale alguma coisa esta solidariedade?

Impotência

Ontem, Dona Pandá conversava com sua amiga sobre a velhice e sabiamente falava de dribles à idade da dor, contrabalançando com a busca de prazeres. Vendo a tristeza em sua fisionomia, tentei uma provocação.

- Dona Pandá, a senhora não acha que, na sua idade, a busca de prazeres é muito limitada?

- Veja, existe aquela história de que cada idade tem os seus encantos. Acredito que se nos fiarmos nisto, estamos mal servidas. Precisamos ir atrás dos tais encantos.

- Como?

- Bem, cada pessoa tem os seus próprios limites. A tendência é colocarem os limites nos outros. Não podemos permitir. Ninguém sabe até onde posso e quero ir. Também cada pessoa sabe o que lhe dá dor ou prazer. Como não sou masoquista, separo bem uma do outro. Vamos procurar nossas fontes de prazer.

- A principal para a senhora é a terra.

- Sim, mas a arte é outra poderosa fonte.

- Claro! A literatura.

- Não só. A música, o teatro, a pintura, a dança.  Lembro de uma Bienal de São Paulo, há um bocado de anos, que fiquei emocionada com um bico de pena de Flávio de Carvalho, chamado “Retrato de Mio”. Foi uma emoção tão forte que ainda sinto seus vestígios. O trabalho criativo tem o poder de nos despertar e este despertar nos leva a um prazer, muitas vezes, perturbador.

- Flávio de Carvalho é aquele que saiu às ruas nu, vestindo um barril?

- Ele mesmo, foi há muitos anos. Como você sabe disso, menina? – Perguntou enquanto sorria maliciosamente. Prosseguiu:

- Você ouviu a Vina dizendo que não perde mais tempo com determinadas pessoas.

- Ouvi Dona Etelvina dizer algo parecido.

- Pois é. Na medida em que a gente envelhece, vai percebendo o valor do tempo, do nosso tempo. Então, uma porção de brigas deixa de nos interessar. Brigar somente pelo que de fato vale a pena.

- A senhora fui muito briguenta? – Ousei e já me arrependia. Ela fez uma cara de quem ia se defender com braveza, mas sorriu e disse:

- Olha aí, eu quase entro nessa sua provocação. A segunda. A primeira foi por boa causa, você me tirou a Ana e suas desgraças da cabeça. É outra perda de energia. Nada posso fazer por ela, além de comprar algumas coisas que produz. Espero que chova logo. Pela Ana e por nós.







 

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Vamos dançar valsa?


Estava em minha bancada de trabalho e ouvi uma conversa que me fez parar e prestar atenção nas falas alheias. Não era uma conversa ao pé do ouvido, pelo contrário falavam num tom acima do costume.

- As senhoras querem um chá? – Perguntei ao passar por elas no meu caminho para a cozinha.
- Chá só se for gelado. Está um bocado quente. Você poderia colocar sua engenhosa imaginação para funcionar e nos trazer algo mais criativo, como por exemplo, uma cerveja do Alívio Gelado, geladaça! – Respondeu Dona Pandá que, só então, se lembrou de me apresentar à sua amiga.
- Vina, esta é minha assistente, Maria. Maria, esta é minha amiga de centena de anos, a senhora Etelvina Cruz.

Quando a senhora Etelvina falou “muito prazer”, percebi que ela era a responsável pelo tom acima. 
Fui tratar de ver, na geladeira, a cerveja do Alívio Gelado. (Quando Dona Pandá quer alguma bebida muito gelada, ela diz que é do Alívio Gelado, a pequena empresa entregadora de cerveja gelada do seu filho). Mesmo distante, acompanhei o que se passava na sala.

Dona Pandá explicava que sua amiga deveria colocar um aparelho auditivo.
- Mas Pandá, não tenho condições, minha única fonte de renda é a aposentadoria do INSS... preciso lhe dizer qual é minha faixa no Imposto de Renda?
- Não. Conheço bem este pedaço. Vou lhe ensinar o caminho das pedras. Vá a Unidade Básica de Saúde mais próxima de sua casa e agende uma consulta com o clínico para ele encaminhá-la ao otorrino.
- SUS! - Gritou a amiga, com uma expressão indignada.
- Ah! Você está vendo o meu aparelho? Coloquei pelo SUS. Excelente. Tive que esperar um bocado, porém valeu a pena. As fonos são competentes e atenciosas.
- Ih! Vou morrer de esperar.
- Por que você não faz assim: enquanto não morre, começa o processo na sua UBS? Olhe, você corre o risco de ter o aparelho antes.

 – Eu estava entrando com a cerveja e pude ver a expressão de espanto misturado com raiva de Dona Etelvina que, buscando, lá no fundo de sua vivência, a sabedoria da boa amizade, deu uma gostosa risada.

- Poxa! Pandá, não é que você tem razão.
- Sabe, Vina, essa tal velhice é mesmo uma merda! Você sente uma dor aqui, ali e acolá, vai ao médico e ele lhe diz: “Nada grave, não precisa se preocupar” e você, idiotamente, pergunta: “mas o que é? ” Ele, com a cara da indiferença de quem ignora o que é chegar lá, lhe sentencia: “nada, é da idade” E, claro, você sai de lá pensando: “Então, estou na idade das dores”.

- É verdade, já me aconteceu isto mesmo. E dizem que é a melhor idade...
- Acho que envelhecer nada tem de encantador. Por isto temos a obrigação conosco de aproveitar tudo o que podemos, inclusive os resultados da tecnologia para amenizar os desconfortos e mesmo para nos dar um bocado a mais de prazer. Prazer sim é encantador! Também usar a sabedoria de quem já conhece a situação e dar a volta é encantador...

- Uma coisa que tem acontecido comigo e, deve ser a sabedoria de que você está falando, é a seleção de enfrentamentos. Não brigo tanto mais. Não acredito mais que sou capaz de mudar alguém, sobretudo aqueles que não querem mudar, nem ouvir. Não perco meu tempo já que ele é pouco.

- Agora, que esta “Caracu” está deliciosa, está. Está ajudando a mandar a idade das dores pra lá e ficar com a idade dos prazeres. Estou pensando em fazer uma lista. A cada desconforto, dor ou algo ruim trazido pela idade, colocar um prazer. Por exemplo, se tenho dificuldade de pular o carnaval, vou dançar valsa.



quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Que o capital pague por sua crise


EDITORIAL do Brasil de Fato
Edição 653
                                                               31.08.2015                                                             
Que o capital pague por sua crise
                                                      
Depois do grande acordo a portas fechadas entre o grande capital, banqueiros, representantes do Governo, do Instituto Lula, do Partido dos Trabalhadores, etc., um silêncio surdo parece haver coberto o País.
 Negociados os “dossiês” mais urgentes – de modo que figuras de proa não tivessem (pelo menos, de imediato) suas imagens maculadas, nem fossem obrigadas a fazer faxina nos corredores de penitenciárias, casas de detenção ou delegacias, parece-nos viver uma trégua. Doce ilusão daqueles que, reféns dos seus próprios “desvios”, animaram e participaram das negociações imaginando que os nossos adversários e inimigos de classe se satisfarão com o negociado. Eles arrocharão sempre o torniquete, a cada momento que necessitem novas concessões. Se, por enquanto, os inimigos lhes tomaram as calças, noutro momento, vão querer os slips. E assim por diante, até exigirem aquilo que calças e slips não mais cobrem... .
 Doce ilusão, também, imaginarem que os trabalhadores e o povo (povo = explorados e oprimidos) respaldarão sempre seus recuos e rendições; que se deixarão trair passivamente. Isto não existe: ninguém engana todos, durante todo tempo.
 Por isto, a nossa pauta tem de ser outra: a crise econômica está aí e, a depender dos de sempre, seremos nós – a classe trabalhadora e o povo – quem pagará toda a conta. A depender de muitos que pensam e dizem nos representar, também.
 Rejeitaremos toda medida que transfira para nós, o preço da crise: seja em termos de tributos e taxações (tipo o modo como estão sendo conduzidos o ajuste fiscal ou a ressurreição da CPMF); seja no que diz respeito à entrega de nossas riquezas (Pré-Sal e outras); das nossas tecnologias (enriquecimento do urânio, submarino atômico etc.); seja de qualquer das nossas conquistas de 1988. Além – é pressuposto óbvio – da defesa intransigente da integridade do nosso território e da nossa soberania.
 Para garantir nossa pauta, é indispensável que tragamos para as ruas, avenidas, praças – enfim, para os espaços públicos – as nossas disputas, inviabilizando qualquer acordo de cúpula que não atenda aos nossos interesses de classe, e submetendo a luta institucional à pressão dos trabalhadores e do povo, organizados de forma independente e autônoma – como fizemos há duas semanas, no dia 20 de agosto. Ou seja, para garantir nossa pauta é indispensável nos transformarmos de fato em sujeito político – sujeito coletivo.

Sim, só o povo organizado derruba a impostura.
 Com a crise política e institucional (que está longe de chegar a um final – sobretudo a um final que corresponda aos nossos interesses); com a falência de diversos partidos do espectro de esquerda, formaram-se, em todo o País, grupos de militantes de todas as gerações, em busca da construção de instrumentos políticos (organizações frentistas, pautas, programas, etc.) capazes de intervir na conjuntura de modo a defender os interesses dos trabalhadores e do povo. Muitos têm avançado, apesar de enfrentarem problemas de todos os tipos. É fundamental que esses coletivos se fortaleçam, e procurem formas de trabalhar conjuntamente entre si, com os sindicatos e movimentos populares combativos e que agem no mesmo rumo. Alguns partidos têm também desempenhado importantes papéis nesse sentido.
 É fundamental que todos prossigamos.
É indispensável que todos prossigamos.
Não dá para baixar a guarda.
 É igualmente fundamental que deixemos de pensar no Brasil como uma ilha, isolado, portanto, das dinâmicas econômicas e políticas (e também ideológicas) que se desenvolvem mundo afora. Impossível pensar de modo adequado o que fazer (sempre do ponto de vista dos trabalhadores e do povo), sem ter em conta que as crises que se aprofundam nos Estados Unidos e na China, para além da influência que terão em toda a economia internacional, cobrarão um preço especial à nossa economia: Pequim e Washington significam os dois maiores mercados de importação dos nossos produtos.
Vamos todos juntos em torno de um programa que possamos construir coletivamente. Mas, são partes constitutivas de um programa, os métodos a serem utilizados. Métodos e programas são como forma e conteúdo: não podem ser separados. Eles constituem um todo indivisível. E, infelizmente, muitos camaradas ainda não perceberam que a maioria dos problemas que resultam em divisões e rachas na esquerda, tem origem na utilização de métodos que repetem aqueles dos nossos inimigos de classe (oportunismos, passa-moleques, rasteiras, golpinhos, etc.), e não necessariamente de divergências políticas que, mantidos os princípios, podem quase sempre ser negociadas, desde que de forma clara e transparente.
 Assim, se nos comprometermos a repelir os velhos métodos, vamos todos juntos e conquistaremos grandes vitórias.
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