Ilda e Ramon - Sussurros de Liberdade

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domingo, 1 de abril de 2012

SUCURSAL DO INFERNO

Lançamento do livro de Izaías Almada
Dia 12 de abril das 18,30 hs às 21,30 hs.
Livraria da Vila - Rua Fradique Coutinho 915 - Vila Madalena - SP

Igrejas evangélicas e não só que mercantilizam a fé enriquecendo seus líderes; veículos de comunicação a exclusivo serviço de interesses econômicos e políticos; organismos policiais que mantém um pé na barbárie; políticos que voltam às costas para o ideário que os elegeram atirando-se inescrupulosamente nos jogos de poder; corrupção, falcatruas, caixa dois, crimes variados, desmandos.  Não, Sucursal do Inferno, que a Editora Prumo está lançando, não é um livro-reportagem. Contudo, os elementos que constroem a obra de Izaias Almada falam tanto de um Brasil atual que o autor achou conveniente alertar logo nas primeiras páginas: "Os fatos e os personagens apresentados são inteiramente ficcionais. Qualquer semelhança com a realidade brasileira contemporânea é pura e mera coincidência".

Sucursal do Inferno é o quarto romance de Izaías Almada. Ator, diretor, dramaturgo e prosador, ele compôs este livro também repleto de tensão dramática e política, propondo uma espécie de thriller policial-jornalístico. O centro da história é a investigação sobre os líderes de uma grande seita pentecostal, suspeitos de desviar contribuições dos fiéis para contas milionárias em paraísos fiscais. Tanto a Polícia Federal quanto os repórteres de um grande jornal empreendem tal investigação, mas cada um deles com interesses bem diferentes por que, acima de todos, há uma eleição presidencial e o apoio econômico e eleitoral dessa igreja é fundamental para os concorrentes.

Até o desfecho da história, Sucursal do Inferno alinha traições, urdiduras e venalidade, onde não faltam desde as marcas indeléveis da ação dos torturadores do DOPS paulista até os crimes dos nossos tempos. Como resume Francisco Foot Hardman, na apresentação do livro, "os novos barões da fé - em deus Mamon - continuam a delivrar seus monstros. E Brasília lhes dá lastro e segredo. No caminho, tombam todos esses nossos pequenos sonhos de verdade".

Vermelho entrevista Elifas Andreato


A arte de Elifaz Andreato
A arte de Elifaz Andreato

Elifas Andreato: minha arte é uma devoção e convicção


“Sou humilde, e quando faço algo me inspiro na vida. E tudo que eu fiz até hoje, fiz por convicção”. Foi como Elifas Andreato resumiu, ao Vermelho, durante alguns intervalos na preparação da festa dos 90 anos do PCdoB, no Vivo Rio (Rio de Janeiro), sua jornada pela terra até aqui. 

Por Joanne Mota


Nascido no Paraná, em 1946, considerado um dos mais importantes artistas gráficos do Brasil, como muitos brasileiros, Elifas conviveu com o analfabetismo, foi operário e militante político perseguido pela ditadura.

Iniciou sua carreira aos 14 anos e, sem instrução formal mas com muito talento e ousadia, tornou-se referência no meio intelectual e artístico do país por falar e retratar a realidade brasileira. E, sem nunca ter passado por um banco de escola, Elifas Andreato chegou a ser professor de Artes na Universidade de São Paulo (USP). 

Contribuiu não só para a cultura nacional, mas também para o entendimento e fortalecimento de nossa identidade brasileira, e encantou com seus desenhos muitas gerações. Imprimindo uma personalidade única a cada trabalho apresentado. É possível dizer-se que não há brasileiro que, da década de 1970 para cá, nunca tenha tido contato com uma obra de arte sua: uma capa de disco (ele foi um inovador neste item), uma capa de livro, um cartaz de teatro, o cenário de uma peça ou de um show.... 

“A arte se liga à história da vida, da minha vida, das vidas assemelhadas à minha, e serve para contar o que entendemos que seja o mundo, a justiça, a liberdade”, resume o artista

Elifaz Andreato, que ajudou a construir a festa dos 90 anos do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e, na conversa com o Vermelho, expressou sua felicidade em contribuir na construção de um país diferente e avançado. Segundo ele, sua história de luta se mistura à da militância. “Uma vida profissional dedicada ao combate”.

Acompanhe a entrevista:

Portal Vermelho: Nesse momento de festa, no qual o PCdoB completa 90 anos, como você vê sua contribuição nessa história. Que papel você tomou para compor esta peça?

Elifas Andreato: Toda a minha vida profissional foi dedicada ao combate, então a minha arte me aproxima muito do Partido. E quando isso começou? Começou lá no combate ao Regime Militar. E depois essa parceria se afinou em outras frentes, especialmente nas causas defendidas pelo Partido. Então, bandeiras como a luta pela redemocratização do país, do aperfeiçoamento desse espaço, tão importante para nós foi algo que tentei retratar na minha militância e em minha arte. Sempre atendi o que a história me convidou a fazer, sempre estive ao lado das causas que representaram a sociedade. 

Portal Vermelho: De onde vem sua inspiração? Como consegue colocar política em seus traços?

EA:O Ferreira Gullar tem uma frase inspirando que pode responder a sua pergunta. “A arte só existe porque a vida não basta”. Penso que vou por aí. Todos nós de certa forma fazemos arte, ou mesmo trabalhamos com comunicação, estamos sempre enfrentando desafios. E cada novo trabalho é um desafio. 

Portal Vermelho: Sabendo que você atua em diferentes trabalhos, como o Elifas artista traduz suas ideias?

EA: Bom! O Elifas artista é o cara que aprendeu a encontrar a tradução certa em uma única imagem para um conteúdo que é sempre mais importante que o meu trabalho. Eu fiz da minha arte uma devoção. E sempre que fiz arte, sempre fiz pensando, humildemente, na minha contribuição, na tradução dos acontecimentos. E sempre levando em conta que a obra maior não era minha, mas sempre dos outros. E nunca me imaginei fazendo outra coisa que não fosse o que faço.

E quando as pessoas dizem que meus desenhos possuem componentes fortes, que elas se emocionam, é porque, como um brasileiro típico, vivo nossa realidade e tento colocá-la em traços, de forma a expressar através da arte o que acontece de forma concreta.

Portal Vermelho: Você falou da realidade concreta. É daí que parte sua inspiração?

EA: Penso que a inspiração é um aprendizado, com o passar do tempo a gente descobre a maneira de fazer, os caminhos para atingir nosso objetivo. Penso que me coloco muito nas coisas que me disponho a fazer, todos os lances que compõem a minha experiência acabam compondo de certa maneira minha arte. Penso que para realizar qualquer coisa a gente tem que se entregar, tem que ter doação. Pra mim, tudo na vida depende de paixão de acreditar no que se está fazendo. E tudo que eu fiz até hoje, fiz por convicção.