Carta Capital pergunta, em sua manchete de capa, se “O
Brasil engole mais esta?” Pergunto-me se
os brasileiros terão indigestão. Quem são os brasileiros?
Minha geração achava
que poderia curtir sua aposentadoria em paz. Vimos muitos dos nossos serem
abatidos emocional, mental e fisicamente durante nossa luta contra a ditadura
de 1964. Pensávamos que conhecíamos este Pais pelo qual corremos risco de
morte. Nem naquele terrível período vislumbramos quem são estes brasileiros que
não gostam do Brasil. Querem acabar com o que de melhor temos. Àquela época, o
comando estava nas mãos de militares bem diferentes dos que hoje aí estão. Eram
brasileiros que entendiam sua função, a defesa da Pátria, eram defensores dos
brasileiros e de suas riquezas, eram militares nacionalistas. Praticaram
torturas e mortes, mas defenderam a Pátria.
Caraca! Como está difícil escrever o que ando sentindo! O
Brasil, o meu País, a minha Pátria está doente! Os brasileiros estão se
mostrando Judas, aquele das 30 moedas!
Começou quando? Vamos colocar como ponto inicial – por uma
questão de viabilidade didática – o mensalão. Foi o início da TV no plenário da
Suprema Corte, quando da passagem de suas excelências a artistas e/ou
políticos. A atuação do senhor togado presidente do STF, trazendo à corte
figuras inovadoras nos julgamentos, quase o transformou em candidato à vida
política explícita. Chegou-se a falar em sua candidatura a um alto cargo
eletivo. Lembro-me de minha perplexidade em alguns momentos, como quando uma
ministra, em seu voto, disse ao Senhor José Dirceu que, embora não tivesse as
provas, ela iria condená-lo assim mesmo porque a literatura o permitia.
O povo doutrinado pela mídia, tendo à frente o grupo Globo,
passou a comungar os valores das alta e média burguesias. A ideia de que a
classe política era a responsável por todas as mazelas do País e a corrupção
precisava ser estraçalhada por uma força tarefa especial foi sendo passada às
pessoas. Formou-se, pois, a Lava Jato que, em sendo especial, não seguia
propriamente as mesmas leis impostas no País. O juiz se metamorfoseou
publicamente em herói e, internamente, em chefe supremo da força tarefa, onde
os procuradores-promotores (aqueles que investigam e acusam) seguiam sua
orientação. Esse juiz só não era hierarquicamente superior ao togado do Supremo
Tribunal Federal com quem toda a Lava Jato podia contar. Não que precisassem de
orientação, pois eram bem treinados pelo Norte e lá tinham (têm) muito boa
relação, camaradagem excepcional de troca de informações. O Norte orienta de
acordo com sua própria necessidade e o Sul lhe passa os dados de que precisa
para obter seus objetivos.
Montado o cenário com seus devidos personagens, chega o
momento de mudar os mandatários do Brasil. Vem a campanha eleitoral. A
população já está devidamente preparada pela Globo e cia. Entretanto, surge um
problema grave. As pesquisas mostram que Lula ganha disparado de todos os
candidatos e ganha no primeiro turno. O Norte, aliado ao capital interno -
bancos e grandes empresas -, entrega ao juiz da metamorfose a tarefa de impedir
a candidatura do Lula. Sabem do tamanho do homem que saiu do seu segundo
mandato com a aprovação única de mais de 80%. Se ele abre a boca para ungir um
candidato este seria eleito. O jeito de garantir é acabar com a reputação do
Lula e também de seu partido e qualquer candidato que possa vir do Partido dos
Trabalhadores que, como o nome indica, não é do grande capital, portanto,
inimigo de quem paga as metamorfoses.
Moro começou atacando Lula e sua família, com grampos e
vazamentos ilegais – chegou ao absurdo de grampear a Presidenta da República e
saiu ileso, sem que algum togado mais elevado fizesse alguma coisa -, condução coercitiva,
invasão de domicílio com apreensão de aparelhos, como por exemplo, celular do
neto do Lula.
Fica uma pergunta dolorosa. Dona Marisa Letícia morreu. O
que causou sua morte?
O togado da metamorfose condenou e prendeu Lula, proibindo-o
de dar entrevistas para não facilitar a eleição do seu candidato.
Como não podia deixar de acontecer frente aos acontecimentos
promovidos pela Lava-Jato, o eleito foi o pior dos candidatos – o cara que
distribui o ódio e a mentira - que está
vendendo para o Norte o que lhe interessa.
Quem são os brasileiros que puseram o vendedor do Brasil no
Alvorada?