Ilda e Ramon - Sussurros de Liberdade

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domingo, 23 de dezembro de 2012

Berinjela para mestres habilidosos



Dona Pandá continua com o objetivo de não deixar os produtos da horta
perderem com a chuva incessante. Berinjela, tomate, pimentão e pepino
são os que estão chegando, pelas mãos de Vanderlei. Sabendo do aperto
de Dona Pandá na cozinha, ele vem com a gamela cheia e antes que lhe
digam qualquer coisa, vai logo se desculpando:
- Se ficarem nos pés vão apodrecer. A pobrezinha da alface já se foi, suas folhas melaram tudo.


Vanderlei e sua bela gamelaHoje, Dona Pandá resolveu experimentar uma receita(1) que a mana sábia lhe passou por telefone.

Ingredientes: berinjela, tarine e temperos a gosto.
Jeito de fazer
Depois de higienizar a berinjela, espete-a num garfo, preferentemente de cabo longo. Leve ao fogo, girando o garfo para não deixar queimar. Quando a berinjela estiver assada, ela muda a consistência, ficando mole, retire a pele, amasse-a, coloque os temperos e uma colher de chá de tarine, misture bem. Coloque em um vidro, tampe e guarde na geladeira

Esta pasta vai bem com torradas, pão integral e, claro, com cerveja do Alívio Gelado (11 2812 3338/www.aliviogelado.com.br). 

Pois bem, a receita está aí. Agora, Dona Pandá já avisa (quem avisa amiga é) não é para qualquer um. Trata-se de uma receita que demanda muita habilidade. Passei certo apuro para me manter séria, enquanto Dona Pandá lutava com o garfo e a berinjela. Inicialmente, tudo estava indo conforme a receita, de repente, começou a sair fumaça e um cheiro de queimado. Alguém que passava por perto, gritou:
- Vire o garfo. – Imediatamente, veio a resposta:
- O que você acha que estou fazendo?
- Não está virando com a velocidade necessária.

De fato, nossa mestra cuca descobriu que de um lado estava pegando fogo, enquanto de outro, não havia sinal de alteração na cor da fruta. Corrigiu, no maior silêncio, o ritmo das viradas e toda contente achou que estava tudo como gosta, sob seu controle. E outro de repente apareceu para lhe tirar o sossego, a berinjela se espatifou no fogão. Correria para apagar o fogo. No atrapalhado da situação emergencial, nossa amiga pegou, sem qualquer proteção para as mãos, a fruta preta, deu um berro e a pobrezinha (da fruta...) foi parar dentro da pia (ainda bem que estava limpa). Os dedos da distraída (ou seria mesmo incompetente?) ficaram vermelhinhos. Turrona, de dedos queimados, continuou a operação. Conseguiu colocar a berinjela num prato e com o auxílio de um garfo menor e uma faca foi tirando a pele, percebendo que alguns potinhos pretos ficaram. Então, com uma colherzinha, depois de alguns minutos, achou que estava livre deles e começou a amassar a fruta que pôs resistência ao garfo, era a pele que fora retirada apenas a película exterior, restando ainda uma outra. Aí a cheia de dedos vermelhos resmungou:
- Caraca! não sabia que berinjela tem duas peles. 

 Ficamos no maior silêncio. Esperávamos o prato que, como Dona Pandá - ainda serena, antes de a berinjela mostrar sua personalidade -, havia dito, é muito saboroso. Quero dizer, o prato que a mana sábia fez, em Guarapari quando as duas lá estavam.

Depois dessa última operação, foi possível, enfim, amassar, temperar e misturar o tarine. Na receita, existe o alerta que o prato é melhor  depois de totalmente frio, mas a demora, aqui, neste nosso caso, foi tal que já estava no ponto de degustar.  Foi o que fizemos, com muito prazer.

Acho que os dedinhos vermelhos foram totalmente esquecidos. (é claro, que ninguém ousou tocar no assunto). É, de fato, um patê gostosíssimo!
Quem tiver habilidade um bocadinho mais que a da Dona Pandá pode fazer que a delícia é garantida. 

(1) Contribuição, com a maravilhosa receita, de Meiri Lemos Cintra, a quem a Chácara Xury muito agradece.