Ilda e Ramon - Sussurros de Liberdade

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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Cavalinha para Mariazinha

 Dona Panda foi fazer sua caminhada fora da Chácara e se encontrou com Dona Bartô toda apressada para pegar o ônibus: 
- Tenho que correr e ainda acabo perdendo o ônibus se ele não subir até aqui no Morro Grande porque, a senhora sabe, né, se chove um bocadinho, o motorista já diz que não dá pra passar. Preciso ir até a cidade comprar um remédio para a Mariazinha que amanheceu com o olho tão arruinado que quase não consegue abrir.
- Calma, Dona Bartô – foi se intrometendo Dona Pandá – Se a senhora está indo só para isso, não precisa. Tenho lá em casa a cavalinha que é tiro e queda, queda da conjuntivite.
Cavalinha
-  Ah! A senhora não viu a Mariazinha! Ontem, quando chegamos lá da sua chácara, ela foi depressa mexer com as ferramentas. Queria fazer uma surpresa para o pai, mas não deu conta pois era muita coisa pra lixar. Quando ouviu o barulho dos cachorros avisando que Olívio estava chagando, escondeu tudo pra terminar hoje, depois que o pai saísse pra roça. Sabe, minha filha está com sorte. Nestes dias, o Olívio está indo com o trator para passar a grade aonde colheu os brócolis. Ele vai plantar, no lugar, coentro. Cada hora ele planta uma coisa. Fala que é pra terra não se acostumar.
- Seu Olívio está certo, assim a terra não se esgota. Cada planta tira dela nutrientes diferentes e cada planta tem suas pragas mais comuns. Fica mais fácil o manejo com essa rotatividade que ele faz. Mas a senhora falava dos olhos de Mariazinha...
- Pois é, hoje ela nem foi pegar nas ferramentas. Mal acordou e começou a me gritar, mostrando como estavam seus olhos e diz que arde muito. Está com um humor do cão!
- Então vamos lá em casa buscar a cavalinha. Olha o nome científico dela é Equisetum sp. Do que a senhora está rindo?
- Desculpe, é que é um nome engraçado.
- É mesmo. As ervas têm nomes diferentes em cada lugar, por isto é bom saber o nome científico que é em latim e não muda. Já vou lhe contando como fazer: simples de tudo, faz o chá, deixa esfriar e põe compressa nos olhos. Precisa ter muito cuidado porque essa inflamação é contagiosa. O que se usa no olho doente só pode usar outra vez depois de ferver. Se usar um paninho para fazer a compressa, precisa fervê-lo antes e depois. E precisa também ter paciência e colocar as compressas muitas vezes.
- Não será bom tomar também?
- Pode tomar sim. A cavalinha é boa também para a osteoporose, mas como é ainda diurética, não é bom exagerar.
- Ah! É legal a Mariazinha tomar muito pra ficar só fazendo xixi e não sair de casa, Aquela lá não pára! - Dona Bartô acabara de arrumar uma forma de prender a filha ruadeira!
Foram chegando ao portão da chácara Xury, onde os cachorros já esperavam sua dona que entrou e os prendeu nas correntes que ficam penduradas nas árvores próximas e, só depois, convidou Dona Bartô a entrar. Neste momento, Vanderlei, o rapaz que trabalha na chácara, veio saber o que acontecia devido ao barulho dos três: Bia e Bei (os grandes) e Pretinho, o pequenino que faz a maior algazarra por qualquer coisa. Quando Vanderlei soube da doença de Mariazinha:
Vanderlei e Bia
- Eu tinha conjuntivite o tempo todo. Era uma tristeza, me atrapalhava trabalhar. Dona Pandá me ensinou a fazer as compressas com o chá, sarei e nunca mais tive. A senhora conhece a malva, Dona Bartô? É boa para afta.
- É mesmo? Malva eu tenho lá em casa. Ela também tem nome engraçado? – Sorrindo, Dona Pandá respondeu:
- Malva sylvestris e é boa também para problemas circulatórios. Precisa tomar cuidado ao colher para não usar quando apresentar aspecto esbranquiçado que é fungo.
Malva
-  Antes de vir trabalhar aqui – Vanderlei, contente por mostrar sua assimilação aos costumes da chácara falou  – eu vivia tomando remédio de farmácia, até injeção doída. Agora aprendi e só uso as ervinhas. Ontem, mesmo eu comecei com uma tosse besta, fiz um chá forte de guaco e já quase não estou mais tossindo. É que fiquei com preguiça e ainda não tomei hoje.
Guaco
-  O nome científico do guaco é Makania glomerata, - já adiantou Dona Pandá - e ele também combate reumatismo. Bem, vamos cuidar da Mariazinha.

O Libertas recomenda duas esclarecedoras matérias

Entrevista com Claus Roxin, jurista alemão especialista na teoria do domínio do fato:
http://olhosdosertao.blogspot.com.br/2012/11/teoria-do-dominio-do-fato-foi-usada-de.html


Matéria, baseada em uma investigação de fôlego, de autoria do jonalista Raimundo Pereira, com o título "A vertigem do Supremo":
 http://www.oretratodobrasil.com.br/

Mulheres Negras


Livro conta história das mulheres negras no Brasil
Com pesquisas originais, que esmiúçam fontes e privilegiam as biografias, o livro Mulheres Negras no Brasil Escravista e do Pós-Emancipação oferece um quadro amplo e fascinante das experiências das mulheres negras, primeiras agentes da emancipação da comunidade de africanos e de seus descendentes na diáspora.



O livro reúne artigos de 20 importantes especialistas na temática, cobrindo o Brasil de norte a sul. Os temas da escravidão e da presença africana tiveram destaque no chamado pensamento social brasileiro desde o alvorecer do século 20. Por meio de inúmeras publicações, sabemos cada vez mais sobre as estruturas sociais, demográficas, econômicas e culturais de várias regiões, assim como de sua população de africanos e descendentes.

Entretanto, pouco se sabe sobre as experiências de mulheres negras. Como foi sua participação na organização da sociedade escravista e nas primeiras décadas do pós-emancipação? Como elaboraram sociabilidades, modificando a própria vida e a de seus familiares? Como protestaram com obstinação, minando a escravidão e contrariando a ideia de que aceitaram com passividade a opressão imposta?

A principal proposta do livro, segundo os organziadores, foi não somente caminhar a partir das mulheres, mas com elas e por meio delas. Por conta disso, os textos tiveram como centro da análise os percursos de pequenas biografias, em uma diversidade territorial que abrange grandes cidades escravistas, destacando principalmente os estados de Minas Gerais, Bahia,
Paraíba, Goiás, Pernambuco, Sergipe, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro.

Silhuetas encobertas

"Donas de passados e presentes atuais e verdadeiros, sólidos tal qual uma rocha, na historiografia sobre a escravidão e a pós-emancipação, as mulheres negras são pouco abordadas como protagonistas das mais diversas histórias. Embora só um começo, esta coletânea dá alguns passos nessa direção, revelando silhuetas até então encobertas pelas hierarquias de gênero e raça", concluem os organizadores.

A obra, organizada pelos historiadores Giovana Xavier, Juliana Barreto Farias e Flávio Gomes, começa a descortinar essa história. O livro reúne artigos de 20 importantes especialistas na temática, cobrindo o Brasil de norte a sul em termos teóricos e no uso de fontes diversas. A coletânea passeia por cidades, plantações e áreas de mineração nos séculos 18, 19 e primeiras décadas do século 20.

"São textos de pesquisa que dão conta não só de cidades, engenhos, fábricas, mansões, mas que fundamentalmente reconstroem cenários e desenham paisagens revelando sombras, suspiros e formas de vida, do corpo, da mente e da alma das mulheres na escravidão e nas primeiras décadas do pós-emancipação", explicam os organizadores.

Os autores apresentam textos com uma narrativa diferenciada da abordagem acadêmica tradicional. A qualidade dos artigos e a originalidade da temática somam-se à diversidade de fontes documentais utilizadas nas pesquisas. Processos, jornais, literatura, inventários, músicas, poesias, registros de óbito, de batismo, iconografia etc. foram fartamente explorados para apresentar um panorama amplo da história da mulher negra, contemplando sua presença e participação em diferentes partes do país.

Nossa fonte: Vermelho