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sábado, 12 de novembro de 2011

“O Palhaço”, uma nova cara para o cinema brasileiro


Filme de Selton Mello mostra que pode ser regional, falar do país, e universal. Corrobora também a tese de que o cinema nacional encontrou o caminho para atingir o grande público.

Por Marcos Aurélio Ruy (*)

      A comédia “O Palhaço”, dirigida e protagonizada por Selton Mello, tem humor leve, inteligente, que não desfaz de ninguém. O tema – o circo – é uma alegoria para falar de nossas vicissitudes, onde caricatura o brasileiro e brinca com essa temática ao ir fundo nas questões com referência aos filmes muito populares de Mazzaropi e de Os Trapalhões pra fazer rir e refletir sobre o povo em que nos transformamos, mas com clareza para mostrar que a história nos fez assim. Como cinema é principalmente imagem ressalta-se a fotografia de Adrian Teijido, um dos pontos fortes da película.
      A força da imagem aliada a um roteiro bem amarrado e conexo transforma o filme numa bela pintura que tem tudo para despontar como um dos grandes filmes já produzidos no país. E pelo que se nota atingir bilheteria pra alçá-lo entre os mais vistos. É essa junção de fazer cinema com inteligência e ternura, almejando o grande público, que o transforma em novidade alvissareira. Há a influência do Cinema Novo – movimento que revolucionou o cinema nacional nos anos 1950 e 60 -, em cujo teor desponta a vontade de refletir o país ao mostrar Minas Gerais, terra do diretor, ressaltando que somos um povo único.
        A veia cômica transborda em simplicidade e alegoria, com um toque de “Bye Bye Brasil” (1979) de Cacá Diegues, mostrando que temos história e vislumbrando a possibilidade de mudança; remonta também à interiorização do país, como em “2 filhos de Francisco” (2005), de Breno Silveira.
      Regional e universal      Mas a obra reflete sobre o brasileiro em que estamos nos transformando com as mudanças dos últimos anos. É o caipira matreiro que vende um mapa da Venezuela como se fosse da região, o policial que vai averiguar o alvará de funcionamento do circo e, na inexistência deste, pede ingressos para não cumprir com a exigência. É o delegado que para não manter a trupe circense detida ao se envolverem em polêmica num bar pede propina pois, afinal, não pode estar em casa para desfrutar a presença de seu gato.
        Numa fala esporádica um personagem conversa com o palhaço Puro Sangue (o imperdível Paulo José), pai do protagonista (Selton). O personagem conta a história de seu pai, que vendeu a fazenda para ingleses e perdeu tudo e, em consequência, ele virou dono de um bar de estrada. E fala: “o gato bebe leite, o rato come queijo e a gente faz o que sabe”. Num diálogo com o palhaço Pangaré (Selton) Puro Sangue repete a frase para tentar convencer o filho, que estava disposto a testar novas possibilidades na vida, a permanecer no circo. O que de fato acontece. Pangaré percebe que realmente a sua vocação é ser palhaço e, voltando ao circo, diz ao pai: “o gato bebe leite, o rato come queijo e eu sou palhaço”.
       O circo é apresentado na tela grande como uma alegoria do país, mas também como uma demonstração de resistência cultural à opressão massiva de uma indústria ávida de grandes lucros. Com a valorização exacerbada do que vem de fora em detrimento da cultura nacional com suas representações populares. Por isso o palhaço Pangaré aparece triste no filme e num diálogo pergunta: “quem via me fazer rir?”, não por uma pura crise existencial, mas criticando o niilismo de boa parte das produções cinematográficas e apresenta uma esperança, aliás, o nome do circo. Para dizer que agora o país tem esperança, assim como o circo administrado por Pangaré.
       “O Palhaço” mostra que o país ainda tem muitos problemas a resolver. Mostra a necessidade de aprofundar o entendimento da vida do país pelo interior adentro como na música de Milton Nascimento e Fernando Brant “Notícias do Brasil”, que diz: “Ficar de frente para o mar/De costas pro Brasil/Não vai fazer deste lugar um bom país”. Enfim, um filme para ser assistido por todos os brasileiros.



Vejam o trailer de "O Palhaço" no site:
 http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=168498&id_secao=11
Nossa fonte: Vermelho
*Marcos Aurélio Ruy é colaborador do Vermelho

Salve Chico



“Cálice” volta à cena: o rap de Criolo e Chico Buarque


Criolo Doido surgiu na cena paulista em 1989, de família vinda do Ceará. Hoje é rapper famoso, do tipo que fecha casa de show no Rio de Janeiro, templo de funkeiros. Sem entrar em detalhes sobre a sua escalada musical, importante dizer que ele detectou e letrou o que todo mundo já sabe: “Não existe amor em SP”.

Por Christiane Marcondes*


    Mesmo assim, com seu jeito “manero” o compositor foi conquistando seguidores e se consagrou para além dos fãs do rap quando fez, de improviso e nitidamente muito emocionado, uma versão para a música “Cálice”, de Chico Buarque e Gilberto Gil. 
     O vídeo foi para o Youtube e chegou até o velho Chico, que não tem nada de velho, anda acelerando com os motores ligados a mil e explorando a internet com mais avidez do que os primeiros astronautas que desembarcaram na lua.
     Com este pique, o Chico retomou uma turnê musical pelo país, após cinco anos fora dos palcos, e deslumbrou seu fiel “eleitorado” quando abriu o primeiro show da série, em Belo Horizonte, cantando o rap que o Criolo Doido fez para “Cálice”.
     Sabe-se que Chico tirou do repertório ao vivo essa música e “Apesar de você” há muito tempo, por serem muito ligadas ao período da ditadura. Mas não causa espanto ele finalmente retomar o cálice, desta vez servido pelo Criolo Doido, que teve a sacada de que a música está atualizadíssima com os novos tempos, de PM em universidade, de imprensa manipuladora ou censurada, de indignados e indignos. Viva Chico, salve Criolo, o que parecia quase impossível virou uma parceria de trazer lágrimas aos olhos. Confiram o diálogo musical da dupla.
     O Cálice do Criolo    

     Criolo Doido teve influências de MPB, samba e jovem guarda na composição de seu primeiro álbum lançado em  2006 e com tiragem esgotada em três semanas. Em 2009,  comemorou vinte anos de carreira com o lançamento de um DVD gravado ao vivo na ''Rinha dos Mc's'' e o lançamento de seu segundo álbum com influências da sonoridade turca, francesa e jamaicana. Foi indicado em 2007 a ''Artista do Ano '' e a ''Revelação do ano'' pelo "HUTUZ'' maior premiação de hip hop no Brasil. Em 2008, recebeu o prêmio de ''Música do ano'' e de ''Personalidade do Ano'' na quarta ediçao da premiação ''O Rap é Compromisso" em São Paulo. Fundador da Rinha dos Mc's, evento que abriga em suas atividades semanais shows, batalhas de Freestyle, exposições de graffiti e fotografia.
* Da Redação do Vermelho.
Vejam os vídeos de Criolo e de Chico no site: 
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=168523&id_secao=11