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sábado, 9 de junho de 2012

Mercado de carbono não vai salvar o capitalismo, diz economista


Para Patrick Bond, professor de Economia da Universidade de KwaZulu-Natal, na África do Sul, o círculo vicioso do capitalismo, com produção como resposta para os problemas criados por ele na sociedade e no sistema financeiro, esbarrou no problema ambiental, que não é resolvido dentro dessa lógica. “Deixar apenas como um mecanismo de mercado? Deixar os banqueiros salvarem o planeta? Não! É maluquice!”, afirmou durante palestra na UFRJ.

     Rio de Janeiro - “Não! Não é possível. O mercado de carbono não vai resolver, ele está falhando”, afirmou Patrick Bond, professor de economia da universidade de KwaZulu-Natal, na África do Sul, em resposta à pergunta se o próprio capitalismo reverteria a crise financeira e ambiental que fecundou, principal tema colocado durante sua palestra “A Economia Política do Mercado de Carbono”. A palestra foi realizada na quinta-feira (7), no XVII Encontro Nacional de Economia Política, que acontece até sexta-feira na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apesar da greve nacional das instituições federais de ensino superior.
     Bond é taxativo ao descreditar os certificados negociáveis de empresas que reduziram suas emissões de gases poluentes como espaço regenarativo de mais produção, consumo e negócios. “Para mim e esse é o tipo de pergunta que devemos fazer quando queremos relativizar os problemas do capitalismo, ‘será que isso resolve o problema da produção?’. Usar a lógica de internalizar as externalidades não dá certo. O capitalismo não será bem sucedido em resolver um problema causado para o mercado com o mercado”, afirma.
     Para o economista, o círculo vicioso do capitalismo, com produção como resposta para os problemas criados por ele na sociedade e no sistema financeiro, esbarrou no problema ambiental, que não é resolvido dentro dessa lógica. “Deixar apenas como um mecanismo de mercado? Deixar os banqueiros salvarem o planeta? Não! É maluquice!”, vocifera Bond.
     Bond embasa sua oposição ao explicar que a resposta do mercado foi a “comoditização” do ambiente como a grande área de crescimento após a exaustão do ouro, da prata e da propriedade. “Recentemente uma rede internacional anunciou que tem três milhões de unidade do ambiente brasileiro para pôr no mercado mundial. O que é isso? Como se permite? Qual a ligação do Brasil com a privatização do ar?”, questiona.

Truques
     Nesse novo mercado, o economista aponta um dos mecanismos que estão criando a bolha de carbono. “É um truque técnico para limitar a poluição e permitir que as grandes corporações poluam mais. Ou se paga outras companhias que poluam menos para uma espécie de tabela de compensações, ou se faz essa compensação com árvores que seqüestrem carbono no Brasil. E aí dizem, ‘poluímos mais no hemisfério Norte porque temos plantações que tiram esse carbono do ar no Brasil’”, afirma ele.
     Citando truques, o sul-africano volta às raízes da criação do mercado de carbono. “A aposta sempre foi o ‘neoliberalismo do carbono’. Al Gore (ex-vice presidente dos Estados Unidos), em 1997, em Kyoto, disse que se a ONU aceitasse o comércio de carbono, para que as corporações continuassem a poluir, os EUA assinariam o protocolo. Foi uma chantagem. Só que depois, no Senado americano, a assinatura perdeu por 95 a 0. Ou seja, ele não assinou e impôs a lógica do mercado de carbono”.
     Para ele, esse mecanismo, ao não consertar a questão climática, acaba virando mais um custo. “E eles não fazem nada. Estão apostando que os mercados de carbono continuarão a existir. E com o Brasil e a África do Sul acordados, significa um subimperilaismo do carbono”.

Sem saída
     Bond classifica a questão central como a impossibilidade de se financiar uma transição para uma ampla economia pós-carbono com os preços e as formas que esse mercado está estipulando, que varia entre sete e 35 euros por tonelada. “o comércio não tem as pré-condições necessárias para estabelecer operações e transações líquidas, até por causa da quantidade desses certificados de emissões roubados e fraudados. Ou seja, esse mercado está minado”.
     A resposta que o economista tateia recai em uma estratégia fora desse mercado em implantação, mas em um ponto ideológico a partir da crise ambiental. “Precisamos começar a descobrir como fica o ecossocialismo, lutar contra os yuppies-verdes e os ecocapitalistas que estão por aí. A questão deve chegar não só ao pagamento da dívida ecológica, mas também à restauração ecológica”.
Fotos: Rodrigo Otávio
Nossa Fonte: Carta Maior

ONU elogia política do Brasil contra crise e critica austeridade

Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) dá razão às políticas econômicas adotadas pelo Brasil contra a crise econômica que afeta principalmente a Europa. O documento "Situação e Perspectivas Econômicas Mundiais 2012" indica que os incentivos fiscais e o aumento dos investimentos públicos, medidas adotadas pela equipe econômica de Dilma Rousseff após uma queda na produção industrial, representaram um estímulo à retomada do crescimento.
O Brasil tem um grande mecanismo de proteção que é o seu mercado interno. Mas a Europa traz oscilações, tanto diretamente pelo comércio com o Brasil, como também ao criar um clima de muita incerteza nos mercados financeiros mundiais”, afirmou o diretor do escritório no Brasil da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), Carlos Mussi, em entrevista à Rádio ONU.

O relatório divulgado na quinta-feira (7) aponta ainda que a União Europeia continua a representar a maior ameaça para a estabilidade econômica mundial, e que o agravamento da crise regional pode resultar em um novo impacto negativo para todas as nações. O documento indica que as políticas de austeridade, com corte de investimentos, de benefícios sociais e de direitos trabalhistas, representam uma via negativa para a superação do problema, tal como advertia desde o ano passado o governo brasileiro, que acreditava que a saída estava no crescimento econômico e no estímulo à criação de empregos.

A ONU prevê um crescimento médio mundial de 2,5% neste ano e de 3,1% em 2013, ligeiramente abaixo das estimativas anteriores. Segundo o relatório, uma piora da crise na Europa traria mais turbulência ao mercado financeiro e provocaria uma contração mais profunda na expansão da economia.

"A pior hipótese é o que o mercado chama de 'sudden stop', ou seja, a paralisação dos fluxos financeiros, e isso terá um impacto na economia brasileira mesmo com as reservas e vários mecanismos de proteção que nós temos”, diz Mussi. “O melhor, é claro, se o mundo volta a crescer como um todo, o Brasil pode voltar a ter uma participação importante nos mercados de exportação dele, de commodities e manufaturas, e dar uma tranquilidade para a construção do seu mercado interno".

Fonte: Rede Brasil Atual

Jovens estudantes apresentarão mapa georreferenciado na Rio+20

Um grupo de alunos do ensino médio de escolas públicas do Rio vai apresentar durante o Pop Ciência, evento paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), um mapageorreferenciado. Omapa cruza dados sociais com coordenadas geográficas, apontando problemas socioambientais diagnosticados nas comunidades onde vivem os estudantes: Maré, Manguinhos e Jacaré, todas na zona norte da cidade.
O trabalho foi desenvolvido em parceria com jovens de Moçambique, na África, por meio do CEnaRios – versão em português para Science Centers Engagement and the Rio Summit. Trata-se de um desafio internacional lançado pela Associação de Centros de Ciência e Tecnologia, organização internacional sem fins lucrativos que reúne 600 instituições de várias nacionalidades a centros de pesquisa de 12 países. Esses centros convocaram representantes da juventude para desenvolver projetos sobre desafios globais e os impactos locais. No Brasil, o único participante é o grupo carioca, vinculado ao Museu da Vida da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Os resultados dos projetos, cujos temas são acesso à água potável e alternativas sustentáveis de consumo de energia e saúde, serão apresentados por meio de videoconferência com a participação de todos os jovens contemplados pelo CEnaRios.
As descobertas estão sendo narradas em um blog, no qual jovens brasileiros e moçambicanos trocam experiências e informações. No blog, a estudante Taize Fagundes, 16 anos, afirma que em Manguinhos, onde mora, há “muitos pontos negativos, mas também não podemos esquecer dos pontos positivos”. Entre os negativos, ela cita a truculência de policiais que “acabam matando pessoas inocentes”, os alagamentos em caso de chuva, o esgoto a céu aberto e “lixo pra todo lado”, além do tráfico de drogas que, segundo a menina, é explícito.
Mayara Lima, 17 anos, moradora da Maré, destacou que em sua comunidade os principais problemas são a falta de “infraestrutura das passagens pelas pontes, o saneamento básico e a educação”, além da presença do tráfico.
Já Mariane Cavalcante, que também mora na Maré, destacou que a mudança que procura é a “que faça bem para todos”. “Devemos pensar uns nos outros, se isso acontecer vamos enxergar as diferenças, mas abandonar preconceito ou recriminação seja por cor, ou por dinheiro, todos devemos ser respeitados e também respeitar. Devemos buscar a mudança que faça bem para todos, que é salvar o Planeta”, destacou.
A apresentação do documento ocorrerá no dia 19 de junho, às 14h, no Armazém 4, do Cais do Porto. O Pop Ciência na Rio+20 é gratuito e aberto a todo o público. O evento foi criado pelo Grupo de Trabalho Popularização da Ciência na Rio+20, do qual participam o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o Instituto Brasileiro de Museus e a Fiocruz, entre outros.
Nossa fonte: Correio do Brasil

Reforma Agrária, a grande demanda


Cúpula dos Povos: roteiro para a soberania alimentar
A soberania alimentar é o tema de uma das plenárias de convergência da Cúpula dos Povos, evento paralelo a Rio + 20 que será realizado entre 15 e 23 de junho no Aterro do Flamengo. O engenheiro agrônomo Horacio Martins vê a retomada da agricultura familiar como ponto crucial para a reversão da atual ordem mundial, onde cerca de 12 grupos multinacionais controlam o mercado, manipulando formas de produção e especulando preços. “A agricultura passou a ser um dos maiores negócios do mundo", diz.
Rodrigo Otávio

     Rio de Janeiro - A soberania alimentar é o tema de uma das plenárias de convergência da Cúpula dos Povos, evento paralelo a Rio + 20 que será realizado entre 15 e 23 de junho no Aterro do Flamengo. Na dinâmica do evento, os resultados das plenárias de convergência serão encaminhados para a Assembleia dos Povos, que nos últimos três dias da cúpula definirá as agendas e lutas para o período pós Rio+20.
     A partir do conceito de soberania alimentar como “o direito dos povos a alimentos nutritivos e culturalmente adequados, acessíveis, produzidos de forma sustentável e ecológica, advindos do direito de decidir o próprio sistema alimentar e produtivo”, definido pela Via Campesina em 1996, durante a Cúpula Mundial sobre Alimentação da agência das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o engenheiro agrônomo Horacio Martins vê a retomada da agricultura familiar como ponto crucial para a reversão da atual ordem mundial, onde cerca de 12 grupos multinacionais controlam o mercado, manipulando formas de produção e especulando preços.
     “A agricultura passou a ser um dos maiores negócios do mundo. O volume financeiro no comércio de alimentos processados entre 2010/11 foi de US$ 3,5 trilhões”, afirma o membro da Associação Brasileira de Reforma Agrária. “Não é mais o custo de produção que determina o preço. O preço é determinado fora. A Bolsa de Chicago movimenta financeiramente em um ano o equivalente a 46 vezes a produção mundial de trigo, e 24 vezes a de milho”, exemplifica Martins.
Novo campesinato
     Segundo o agrônomo, o processo de construção da soberania alimentar recai em alguns lugares comuns. O primeiro é a necessidade de uma reforma agrária ampla, ligada a uma soberania nacional e popular, para que “não o mercado decida o que nós devemos comer, mas sim uma política nacional de alimentação que acabe com a tirania da dieta alimentar definida pelas multinacionais a partir dos produtos agrícolas rentáveis”.
     Martins é taxativo. “Precisamos criar camponeses!”, e propõe um novo olhar sobre esse campo. “O camponês como modo de produção e como classe social. Ele tem uma especificidade que não é nem o produtor simples de mercadoria, nem a pequena burguesia, mas uma nova abordagem da questão camponesa, Ele e o trabalho da terra com sua família, uma família moderna, contemporânea, estudando”, diz.
     Para o trabalho da terra desembocar na mesa de jantar sem especulação, a retomada dos circuitos curtos de mercado é o caminho ideal, na visão do agrônomo. “Só equaciono a soberania alimentar com a oferta de alimentos sadios nos mercados locais e produção regional, contra as ‘mercadorias de não lugar’”, afirma, pontificando que esse cenário representa “o processo de desconcentração e democratização do uso da terra e da oferta de serviços”.

Tecnologia
     Para Martins, outra vantagem desse modelo seria forjar um novo padrão tecnológico, a partir da agroecologia para o pequeno. “Se agrotóxicos, fertilizantes e sementes estão na mão das multinacionais, o padrão é dado de fora para dentro. E nossas políticas públicas e empresas de pesquisas passam a ser determinadas por esse grande mercado, sem emancipação e liberdade”, diz ele.

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ossa fonte: Carta Maior