Ilda e Ramon - Sussurros de Liberdade

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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

STF que soltou Daniel Dantas nega Habeas Corpus para José Rainha

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Cezar Peluso, indeferiu nesta segunda-feira (16) pedido de liminar para Habeas Corpus em favor de José Rainha e de dois outros militantes da reforma agrária que atuam no estado de São Paulo.

Os três estão presos numa decisão política e em favor do latifúndio, tomada por um juiz federal de Presidente Prudente. Pelos “crimes” apontados, percebesse bem qual o entendimento do magistrado sobre a luta pela reforma agrária.

O mais impressionante na decisão expedida pelo presidente do STF é que ele se fundamenta, para impedir a soltura dos militantes, em um precedente de negação de Habeas Corpus relatado pelo ministro Gilmar Mendes. Sim, ele mesmo, o Gilmar Dantas que mandou soltar Daniel Dantas duas vezes e o médico estuprador Roger Abdelmassih, que imediatamente fugiu do Brasil.

Peluso se reportou à decisão do juiz de Presidente Prudente, segundo o qual, mesmo após sua prisão, José Rainha e Antonio Carlos teriam ameaçado uma testemunha. Não levou em conta o argumento da defesa de que a suposta ameaça foi sustentada por uma denúncia anônima.

Dois pesos...
Ou seja, para manter José Rainha preso, vale uma denúncia anônima de ameaça à testemunha. Mas para soltar Daniel Dantas, não vale uma mala com dois milhões de reais, entregue numa tentativa de suborno, filmada e exibida para milhões de pessoas no Jornal Nacional. 

A cada decisão do Supremo, comprovasse que aquele Tribunal é o retrato mais fiel de como ainda é injusto o Brasil. E cada vez mais descobrimos como são sábias as palavras da ministra Eliana Calmon, corregedora nacional da Justiça, que afirmou que existem “muitos bandidos de toga”. 

De Brasília, Kerison Lopes

Nossa fonte:Vermelho

"A vida quer é coragem - A trajetória de Dilma Rousseff, a primeira presidenta do Brasil"


"A vida quer é coragem - A trajetória de Dilma Rousseff, a primeira presidenta do Brasil", escrito pelo jornalista Ricardo Batista Amaral e publicado pela Editora Sextante.

De estupros e outros crimes faz-se a Rede Globo


Por André Cintra

     Aos 31 anos, o modelo Daniel Echaniz alcançou a fama. Para chegar lá, não precisou de 15 minutos. Bastaram-lhe sete. Poderia ter brilhado em tradicionais passarelas da moda ou em milionários anúncios publicitários. Foi virar celebridade num dos programas televisivos de maior audiência no Brasil – o “Big Brother Brasil 12”.


     O porém é que, para Daniel, a fama veio pelo avesso. Pesa contra o modelo a acusação de ter estuprado a estudante Monique Amin, de 23 anos, em meio a uma madrugada de bebedeiras, de sábado para domingo passado, num dos ambientes do reality-show da TV Globo. Daniel teria molestado uma desacordada Monique por 25 minutos, dos quais apenas sete foram transmitidos ao vivo para assinantes do pay-per-view do “BBB”. Uma gravação em vídeo já está em poder da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
     A cena do suposto estupro foi vista por centenas de milhares de pessoas em sites de compartilhamento de vídeos e repercutiu até na imprensa internacional. Alvo de crescente execração pública nas redes sociais, Daniel foi eliminado do reality- show nesta segunda-feira (17), “devido a um grave comportamento inadequado”, conforme a nota oficial da Globo.
     A situação de Daniel Echaniz é complicada, para dizer o mínimo. Seu destino está nas mãos de Monique — que, ao sair do “BBB”, poderá se submeter a exame de corpo de delito e formalizar uma denúncia contra o modelo. Aberto o inquérito, Daniel correrá o risco de ser preso, com reclusão de oito a 15 anos. É uma reviravolta impensável para um sujeito que, duas semanas atrás, mal desconfiava que seria um dos escolhidos para disputar o prêmio de R$ 1,5 milhão do programa.
    Recorrentes baixarias
    Difícil é prever se a Globo sairá incólume do caso. Não que, nos quase 47 anos de história da emissora carioca, esse novo episódio pareça raio em céu azul. Criada à margem da lei em 1965 — e consolidada à base de inúmeros escândalos, alguns conhecidos, outros acobertados —, a Globo nunca considerou a ética uma moeda de livre circulação em seu território. Muito pelo contrário.
     Historicamente, o dia a dia na emissora sempre foi povoado, como diria o filósofo, por artimanhas tais quais “o engano, o lisonjear, mentir e ludibriar, o falar-por-trás-das-costas, o representar, o viver em glória do empréstimo, o mascarar-se, a convenção dissimulante, o jogo teatral diante de outros e diante de si mesmo”. Com o “BBB”, ano após ano, “essa arte do disfarce chega a seu ápice”.
     Que o diga a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal. Uma única edição do Big Brother — a décima, exibida de agosto de 2009 a abril de 2010 — fez chegar à comissão nada menos que 227 denúncias de “desrespeito à dignidade humana, apelo sexual, exposição de pessoas ao ridículo e nudez”. Na visão da Globo, a perda de audiência e de credibilidade era compensada com faturamentos recordes.
     A carta branca para a baixaria se incrementou na 11ª edição, no primeiro trimestre de 2011. Antes mesmo de o programa começar, o diretor-geral do reality show, J.B. Oliveira, o Boninho, já anunciava uma série de mudanças para “esquentar” a atração. “Nada é proibido no BBB, pode fazer o que quiser. Esse ano... liberado! vai valer tudo, até porrada”, escreveu ele no “Twitter”, prometendo ainda álcool à vontade: “Vai ser power... chega de bebida de criança. Acabou o ICE no BBB, esse ano TUDO vai ser diferente”.
    “Circo de débeis mentais”
     Não é nenhum exagero apontar que o episódio do estupro decorre dessa inacreditável escalada de permissividade. “Para ser bem franco, eu achava que iria haver um assassinato no ‘BBB’, antes de acontecer um estupro. Desde muito tempo que o critério de seleção para o programa tem sido a demência intelectual, o comportamento antissocial, o perfil violento e a falta de caráter, tudo isso potencializado em festas regadas a enormes quantidades de álcool”, sintetizou o jornalista-blogueiro Leandro Fortes.
     “Que tenha aparecido um idiota para estuprar uma mulher quase em coma alcoólico não chega a ser exatamente uma surpresa, portanto”, emenda. Suas críticas se dirigem especialmente ao jornalista Pedro Bial, chamado por Leandro de “mestre-de-cerimônias desse circo de débeis mentais montado pela TV Globo”.
     Qualquer mestre-de-cerimônias, como se sabe, tem limitada autonomia para fugir do script. Pode-se topar o (digamos assim) “desafio profissional” por inúmeras razões — mas não consta que Pedro Bial demonstre algum tipo de repúdio às aberrações do “BBB”. No caso do suposto “estupro”, o comportamento de Bial seguiu à risca a máxima da americana Janet Malcolm: “Qualquer jornalista que não seja demasiado obtuso ou cheio de si para perceber o que está acontecendo sabe que o que ele faz é moralmente indefensável”.
      Na noite de domingo, em sua primeira aparição depois da polêmica — e da repercussão do caso nas redes sociais —, o apresentador do BBB se limitou a reduzir tudo a um chavão: “O amor é lindo”. Horas antes, a pedido do departamento jurídico da Globo, o vídeo do suposto estupro foi apagado na página do “BBB” na internet e em sites como o “YouTube”. Boninho chegou a dizer que “não rolou” crime e que “eles (Daniel e Monique) supostamente transaram”. Artistas globais que criticaram Daniel ou o programa foram igualmente censurados.
     Os "limites"     Já se sabe, a esta hora, que a “operação abafa” da Globo fracassou rotundamente. Graças ao corajoso delegado Antonio Ricardo, uma diligência policial foi ao estúdio do Projac, no Rio, para ouvir Daniel e Monique, por “suspeita de abuso sexual”. A Secretaria de Políticas para Mulheres da Presidência da República, pediu que o Ministério Público do Rio de Janeiro tomasse “providências cabíveis” na apuração do caso, em consideração às “demandas encaminhadas por cidadãs de várias cidades brasileiras”.
      O fato é que a expulsão de Daniel do “BBB” ocorreu apenas quando a Globo se viu prestes a ser indiciada por “crime de omissão” — o que poderia tirar o programa do ar. Depois de abrir as portas do Projac para a polícia e cortar até o áudio do reality-show, a emissora se deu conta de que uma crise de credibilidade também estava em curso.
      Só então Bial esqueceu que “o amor é lindo” e falou em “violação do regulamento”, enquanto Boninho finalmente admitiu que Daniel “passou dos limites do relacionamento com as pessoas” e que “o comportamento dele foi excessivo”. Para todos os efeitos, o crime e a e Globo estão, mais uma vez, de mãos dadas.
     Na zona das sombras, a emissora da família Marinho prometeu colaborar “ao máximo” com a investigação e arcar com os custos judiciais do agora ex-BBB Daniel. Falta combinar quem prestará assistência à suposta vítima, Monique Amin, a quem a Globo não teve nem sequer a dignidade de mostrar a íntegra das polêmicas imagens. E falta, sobretudo, reconhecer que violar regras, ultrapassar limites e cometer excessos são práticas consagradas, há pelo menos 47 anos, pela própria Globo.

Fonte: Fundação Maurício Grabois

PAUTA 2012


Frei Betto


     Tudo indica que não teremos pela frente um ano fácil. A crise do capitalismo, que não é apenas financeira, mas estrutural, começa a afetar as economias emergentes, inclusive a do Brasil. Nada indica que os países da zona do euro vão deter a corrosão de suas economias e manter a mesma moeda.     

    Se a China, os EUA e a União Europeia reduzirem suas importações, o PIB brasileiro, que já chega ao patamar de R$ 4 trilhões (= US$ 2,5 trilhões) cairá junto com o crescimento do país. O governo Dilma dará tratos à bola para aquecer o mercado interno, segurar a inflação e favorecer o crédito. Tomara que consiga. Mas tudo indica que nessa viagem rumo ao desenvolvimento o Brasil enfrentará sérias turbulências.      
     Os próximos meses terão, como pauta prioritária, as eleições municipais de outubro. De novo, muita baixaria vai rolar... O importante é o eleitor não torcer o nariz para o processo eleitoral. Lembre-se: quem tem nojo de política é governado por quem não tem.      
      Deixo uma sugestão: faça uma lista de 10 prioridades que você e sua comunidade (associação, sindicato, ONG etc) consideram urgentes ao seu município. Tire cópias. Toda vez que um candidato a prefeito ou vereador vier pedir voto, pergunte, sem mostrar a lista, se concorda com os 10 pontos. Se disser que sim, apresente a lista e exija que ele assine. Se não assinar, alerte os eleitores.      
     Para que os candidatos se comprometam com metas e prazos, consulte as propostas da Rede Nossa São Paulo:www.nossasaopaulo.org.br     
     Outro assunto que dominará o ano são as obras da COPA. Haja esforço para que terminem antes de a bola rolar e haja fiscalização para evitar (ou ao menos reduzir) a corrupção via superfaturamento!      
    Entre 4 e 6 de junho, o Brasil sediará o megaevento ambiental conhecido como Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável) – vinte anos após a Eco 92, que reuniu líderes mundiais, inclusive Fidel Castro. A proposta de realização deste evento foi de Lula, em 2007.      A Eco 92 rendeu frutos importantes, como a Agenda 21, a Carta da Terra, e as convenções do Clima e da Biodiversidade.      
     A diplomacia brasileira terá de fazer muito esforço para trazer à Cidade Maravilhosa ao menos meia dúzia de chefes de Estado do G8, os países que governam o planeta. Isso porque o G8 está cada vez menos interessado em preservação ambiental, e mais em tirar suas nações da recessão.    
      Paralela à Rio+20 haverá a Cúpula dos Povos, que reunirá ONGs e empresas, universidades e associações, enfim, segmentos da sociedade civil interessados na questão ambiental.     
      E atenção: o Calendário Maia termina em 2012. Há quem encare isso como anúncio do fim do mundo! Há quem afirme ser o início de novo ciclo cósmico! Não se afobe. Faça de 2012 o fim de tudo isso que reduz sua qualidade de vida e o início do que pode melhorá-la. Garanto que você terá um feliz ano novo!


Frei Betto é escritor, autor do romance “Minas do Ouro” (Rocco), entre outros livros. http://www.freibetto.org/>    twitter:@freibetto. 
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