Ilda e Ramon - Sussurros de Liberdade

Ilda e Ramon - Sussurros de Liberdade
Clic sobre o livro (download gratuito). LEIA E DÊ SUA OPINIÃO

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Dona Pandá vai às Alterosas I


 Visita à Sossego
               Para Mila e Gilbert que me levaram a revisitar Lagoa Santa

Dona Pandá está ansiosa para contar sua última viagem e, como prometeu, quer falar pouco – esta escrivinhadora está desafiando o leitor para uma aposta, nossa contadora de estórias não vai conseguir ficar de boca fechada – e mostrar mais, colocando muitas fotos. Estas são de autoria da maninha caçula que gentilmente as gravou num pen drive. Dona Pandá já saiu daqui com a intenção de explorar os dotes fotográficos da mana, pois lá chegando logo deu um jeitinho de passar o pen drive vazio para ser preenchido pelas paisagens mineiras.
Dona Pandá fez sua primeira parada justo na Sossego, casa da mana-fotógrafa, seu maridão e os seus cachorrinhos Petit e Bela. A Sossego fica em Lagoa Santa e aí vai um pouco do que é essa cidade simpática da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Segundo o site da Prefeitura, a cidade encontra-se a 800 metros de altitude,
possui 231,9 km² de área e uma população de 54 526 habitantes (IBGE/2010).
Está localizada a 35 km de Belo Horizonte, 776 km de Brasília, 553 km do Rio 
de Janeiro e 641 km de São Paulo. É uma região calcária situada na Bacia
Média do Rio das Velhas, formada por Planaltos com relevos pouco acentuados,
clima tropical e temperatura média anual de 22º.

Felipe Rodrigues, um tropeiro, chegou a Lagoa das Congonhas do Sabarabuçu
sofrendo com eczemas na sua perna, parece que era a direita. Sentou-se à 
beira da água e começou a lavar suas partes dolorosas e, surpreso, sentiu
grande alívio. Acampou ali mesmo, onde ficou alguns dias se lavando na Lagoa. Rapidamente obteve a cicatrização daquelas incômodas feridas. Isto foi no ano de 1733, quando, fazendo justiça àquelas águas, passou a chamar o lugar de Lagoa
Santa
A notícia da cura milagrosa logo se espalhou pelos arredores e o pequeno
arraial passou a receber peregrinos em busca da cura para seus males. 
A perenidade da lagoa é atestada pelos relatos dos naturalistas viajantes,
desde o século XVII. Sua profundidade não ultrapassa três metros, sendo que,
a aproximadamente 40 metros de sua base, encontra-se um aqüífero que
contribui para a sua existência. É também, em grande parte, alimentada por
águas pluviais. Seu formato é triangular e, no período das cheias, seu 
vertedouro lança suas águas no Rio das Velhas, através do Córrego do
Bebedouro.
A criação da freguesia (para os pouco afeitos à nossa história, o amigo Aurélio
nos informa: povoação, sob o aspecto eclesiástico, sempre a primeira a aparecer
era uma pessoa com batina, pedindo grana para a construção de uma capela,
que, depois sobe de posto e de tamanho, virando igreja) de Lagoa Santa se deu
em 1823, quando se separou da de Santo Antônio de Roças Grandes.
A padroeira Nossa Senhora da Saúde é culpada de uma festa onde todos da
cidade e cercanias se divertem,  no dia 15 de agosto. Nessa ocasião tocam as
bandas e os grupos de congados e folia de reis dançam pelas ruas alegres da
cidade. Uma das bandas, a Santa Cecília, foi criada por Peter Lund, o
naturalista dinamarquês que colocou Lagoa Santa em relevante lugar no
cenário científico mundial.
Peter Wilhelm Lund, em sua segunda visita ao Brasil, foi parar em Lagoa Santa,
onde se deixou fascinar pelas riquezas geológicas, paleontológicas e 
arqueológicas da região e acabou descobrindo inúmeras cavernas (dizem que
mais de 800). Lund era acompanhado de seu assistente e ilustrador Peter
Andreas Brandt que o ajudou a identificar rico material paleontológico, além 
de remanescentes esqueletais humanos. A partir desses achados foram 
identificados mais de 100 gêneros e 149 espécies de animais, sendo 19 gêneros
e 32 espécies extintas. Entre as lapas, grutas e cavernas exploradas a mais
importante se localiza na Lagoa do Sumidouro.


Dona Pandá resolveu, pela sua importância, citar aqui, um trecho que
encontrou no site da Prefeitura da cidade. Fica, pois, o leitor informado de que
o que está em itálico é dessa fonte.
Na maior parte do tempo, essa gruta (da L. do Sumidouro) fica alagada, 
tornando impossível qualquer tipo de exploração em seu interior. Ainda assim, 
durante eventos de seca intensa que ocorrem a cada 30 anos, o nível freático
fica tão baixo que é possível entrar nela. Em 1842 e 1843, durante um desses
grandes períodos de seca, Lund e Brandt escavaram os depósitos subterrâneos

da gruta do Sumidouro, que eles já desconfiavam serem muito antigos.
Neles, encontraram ossos humanos de muitos indivíduos associados a ossos de
animais extintos, convencendo-se da antiguidade temporal do homem 
americano. Foi nessa mistura de espécies extintas e ainda vivas que 
apareceram os restos enigmáticos do cavalo e do homem, todos no mesmo 
estado de decomposição, de modo a não deixar nenhuma dúvida sobre a 
coexistência desses seres, cujos restos foram enterrados juntos. Portanto, mais de
três décadas antes que a comunidade norte-americana sequer começasse a 
cogitar a existência do Homem Glacial americano, e mais de meio século antes
que as primeiras evidências nesse sentido fossem geradas, Peter Wilhelm Lund 
já estava convencido de que os primeiros americanos eram tão antigos que 
haviam convivido com os grandes animais extintos.

Lagoa Santa tornou-se município, em 1938. Dona Pandá recomenda um passeio
especial à Gruta da Lapinha, um lugar bonito inserido em uma paisagem linda.

Sem muito entusiasmo, Dona Pandá registra que é nessa bela e acolhedora
cidade que colocaram o maior aeroporto de Minas Gerais, o Tancredo Neves.

Voltemos à hospitaleira casa Sossego, onde Dona Pandá se deliciou com um 
bom vinho e o maravilhoso queijo da Canastra. O mais interessante e
agradável da Sossego, além de seus moradores, é o quintal-pomar-jardim. 
O casal é um verdadeiro aproveitador de espaço, veja pelas fotos.

     Calçada em frente à Sossego

   Uma vista do quintal


   O outro lado do quintal: jabuticabeira e algumas ervas (citronela, alecrim...) 


  A horta na frente do quintal (olha o cacho de bananas!)


                Varanda lateral


   Detalhe do jardim: amores perfeitos

Para finalizar, uma preciosidade: a flor que só abre durante uma única noite.

  A Rainha da Noite

Crédito das fotos: Mila Lemos Cintra