Ilda e Ramon - Sussurros de Liberdade

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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Dia 16: Dia Mundial da Alimentação


Ibase defende mecanismos contra aumento de preços dos alimentos


      A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) comemora domingo (16) o Dia Mundial da Alimentação, com o tema Preço dos Alimentos: da Crise à Estabilidade. A entidade considera que o preço é uma ameaça para a segurança alimentar dos países em desenvolvimento e quer discutir como esse impacto pode ser reduzido entre as populações mais carentes.


      O diretor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Francisco Menezes, disse à Agência Brasil que o aumento dos preços dos alimentos, que tem ocorrido com certa frequência, mostra que esse não é um problema ocasional. “Há uma característica mais estrutural”.
     Para Menezes, a questão resulta de uma “mercantilização” dos alimentos. Embora reconheça que alimentos são também mercadorias compradas e vendidas, “isso não pode estar acima de todas as coisas. Nós sabemos que por trás dessa volatilidade dos preços está a especulação”. O diretor do Ibase lembrou que especialmente nas bolsas de futuros, os alimentos são tratados como meras mercadorias.
      Por isso, defendeu a criação de instrumentos de proteção. Ele explicou que como o alimento é um bem essencial, garantido pela Constituição brasileira, seus preços não podem ficar ao sabor do jogo dos mercados. No mercado interno, o problema exige, segundo Francisco Menezes, políticas públicas de regulação e impedimento dos excessos especulativos.
     “Mas existe também, no plano internacional, a necessidade de criação de mecanismos que impeçam essas flutuações. Porque o mercado hoje é muito globalizado”. O diretor disse ainda que se o preço de uma commodity agrícola, como o milho, sobe em um país, a repercussão vai ser sentida aqui, sem sombra de dúvida. “Nesse sentido, deve haver um esforço, um mutirão de regulação do mercado de alimentos”.
     Menezes avaliou que, nos últimos anos, o Brasil apresentou avanços importantes na área de alimentação, a partir de ações efetivas de combate à fome e de elaboração de políticas públicas de segurança alimentar e nutricional, que atenderam aos mais necessitados. “Foi uma combinação dessas iniciativas, como o Bolsa Família e o Programa de Aquisição de Alimentos, que possibilitou grandes avanços. Os últimos dados disponíveis mostram isso”, acrescentou.
     O diretor admitiu, entretanto, que ainda há muito a ser feito em relação ao acesso aos alimentos. “O que se conseguiu não significa que tenhamos chegado ao fim desse trajeto. Há muito a ser trabalhado”, observou. Entre os problemas que precisam ser olhados com mais rigor, ele indicou a qualidade dos produtos. Há a preocupação de contaminação por agrotóxicos, associada ao modelo de produção, que ainda precisa ser transformado, além da mudança dos hábitos alimentares da própria população.
     O Ibase tem um posicionamento firme em relação à publicidade dos alimentos. O instituto não concorda, por exemplo, com o argumento de que interferir na publicidade de alimentos constitui agressão à liberdade de expressão. “A gente acha que isso, ao contrário, é uma utilização da possibilidade, sobre públicos muito vulneráveis, como as crianças, de uma manipulação, por todas as consequências desastrosas que pode gerar uma má alimentação”. 
     Ele acredita que a realização da 4ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, em Salvador (BA), em novembro próximo, será um momento importante para que se estabeleçam diretrizes que orientem os próximos passos a serem dados no Brasil nessa área.


Agência Brasil


Nossa fonte: Vermelho

Morte e Velhice: veja a opinião do Frei Beto


MORRER É TRANSVIVENCIAR

Frei Betto  



      A morte de toda celebridade provoca impacto midiático.  Por isso, os arquivos da mídia guardam obituários da rainha Elizabeth II e do  papa Bento XVI, de Pelé e Neymar, de Demi Moore e Sebastien Vettel.
      A morte nem sempre manda aviso prévio. Se uma  celebridade deixa a vida por acidente, como Ayrton Senna e Lady Di, ou por  causa inesperada, como Michael Jackson e Amy Winehouse, as redações precisam  ter pronto o perfil biográfico do falecido.
      Agora, Steve Jobs morreu aos 56 anos. O impacto é  tanto maior quanto mais prematura e irreparável a perda: não há como clonar  cérebros e talentos geniais. Há pessoas, sim, insubstituíveis. Como já não  estão entre nós, ficamos sem parâmetro de comparação, sem saber o que fariam  no lugar de quem lhes sucedeu.
      Sim, sabemos todos que ninguém é imortal. Em  determinado dia, mês e ano do calendário cada um de nós deixará este mundo. O  que choca é ver alguém morrer antes do tempo... Sobretudo quando se respira  uma cultura de preconceito à velhice.
      Chamar, hoje, alguém de velho é uma ofensa. No máximo,  admite-se “idoso”. E haja eufemismos para qualificar quem passou dos 60:  terceira idade, melhor idade etc. Vi escrito numa van: “Aqui viaja a turma da  dign/idade”.
      Como velho que sou, rejeito tais artimanhas da  linguagem. A melhor idade é dos 20 aos 35 anos (embora a ditadura, ao  encarcerar-me, tenha me roubado 4). Se é para inventar eufemismo, melhor ser  realista e considerar, nós velhos, a turma da eterna idade, já que estamos  naturalmente mais próximos dela...
      Nossa cultura pós-moderna lida muito mal com a morte.  Busca ansiosamente o elixir da eterna juventude: academias de ginástica,  anabolizantes, macrobiótica, cirurgias plásticas etc. Na minha infância,  criança era quem tinha de zero a 11 anos. Adolescente, de 11 a 18. Jovem, de  18 a 30. Adulto, de 30 a 50. Velho, mais de 50.
      Hoje, tem-se a impressão de que criança é de zero a  18, quando se vive na dependência dos pais. Adolescente, de 18 a 30, sem  segurança quanto a compromissos afetivos e profissionais. E, jovem, dos 30 em  diante, ainda que se tenha 80 ou 90...
     O mundo desencantou-se, disse Max Weber. Religiões e  ideologias estão em crise. Pouco se pergunta pelo sentido desta vida e,  portanto, muito menos o que nos espera na outra. A relativização de valores e  a desculpabilização ética exorcizam o medo de padecer eternamente no inferno.
     A morte, como fato social, é tratada como  inconveniente: não há rituais fúnebres. Morre-se no hospital, faz-se breve  velório, crema-se o corpo, espalham-se as cinzas ao pé de alguma árvore. E  vira-se a página. Não há luto nem memória do falecido. E em famílias ricas não  raramente a briga por herança começa antes de o defunto  esfriar.
     As escolas deveriam educar seus alunos  quanto aos ritos de passagem inevitáveis ao longo da vida. Eles aprenderiam  que a morte não merece credibilidade porque, em si, não existe. Existem a  passagem para quem se foi e a perda para quem ficou.
     Há famílias que cometem o erro de evitar que as  crianças compareçam ao velório de entes queridos. Elas ficam com uma incômoda  interrogação na cabeça frente ao “sumiço” do parente  querido.
     Não gosto do verbo morrer. Prefiro  transvivenciar. Por uma questão de fé e sentimento. Quando nascemos, todos  riem e nós choramos. Quando transvivenciamos, ocorre o  contrário.
      A vida é um milagre excepcionalmente belo  para enclausurar-se nos poucos anos que nos são dados viver. Acredito que, ao  sair do casulo, todos haveremos de virar borboletas – o que é ainda mais belo  e promissor.

Frei Betto é escritor, autor do romance “Minas do  Ouro” (Rocco), entre outros livros. http://www.freibetto.org/>    twitter:@freibetto.
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Mobilização mundial neste sábado em defesa da democracia e contra o neoliberalismo: