Ilda e Ramon - Sussurros de Liberdade

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sábado, 19 de fevereiro de 2011

As discrepâncias no tratamento dado aos ricos e aos pobres


Desigualdade social e renda injusta

Frei Betto(1)
Atenção: não confundir desigualdade com pobreza. Desigualdade resulta da distribuição desproporcional da renda entre a população.

Entre os 15 países mais desiguais do mundo, 10 se encontram na América Latina e Caribe. 
O mais desigual é a Bolívia, seguida de Camarões, Madagascar, África do Sul, Haiti, Tailândia, Brasil (7º lugar), Equador, Uganda, Colômbia, Paraguai, Honduras, Panamá, Chile e Guatemala. 
A ONU reconhece que, nos últimos anos, houve redução da desigualdade no Brasil. Em nosso continente, os países com menos desigualdade social são Costa Rica, Argentina, Venezuela e Uruguai. 
Na América Latina, a renda é demasiadamente concentrada em mãos de uma minoria da população, os mais ricos. São apontadas como principais causas a falta de acesso da população a serviços básicos, como transporte e saúde; os salários baixos; a estrutura fiscal injusta (os mais pobres pagam, proporcionalmente, mais impostos que os mais ricos); e a precariedade do sistema educacional.

No Brasil, o nível de escolaridade dos pais influencia em 55% o nível educacional a ser atingido pelos filhos. Numa casa sem livros, por exemplo, o hábito de leitura dos filhos tende a ser inferior ao da família que possui biblioteca. 
Na América Latina, a desigualdade é agravada pelas discriminações racial e sexual. Mulheres negras e indígenas são, em geral, mais pobres. O número de pessoas obrigadas a sobreviver com menos de um dólar por dia é duas vezes maior entre a população indígena e negra, comparada à branca. E as mulheres recebem menor salário que os homens ao desempenhar o mesmo tipo de trabalho, além de trabalharem mais horas e se dedicarem mais à economia informal. 
Graças à ascensão de governos democráticos-populares, nos últimos anos o gasto público com políticas sociais atingiu, em geral, 5% do PIB dos 18 países do continente. De 2001 a 2007, o gasto social por habitante aumentou 30%.

Hoje, no Brasil, 20% da rendas das famílias provêm de programas de transferência de renda do poder público, como aposentadorias, Bolsa Família e assistência social. Segundo o IPEA, em 1988 essas transferências representavam 8,1% da renda familiar per capita. De lá para cá, graças aos programas sociais do governo, 21,8 milhões de pessoas deixaram a pobreza extrema. 
Essa política de transferência de renda tem compensado as perdas sofridas pela população nas décadas de 1980-1990, quando os salários foram deteriorados pela inflação e o desemprego. Em 1978, apenas 8,3% das famílias brasileiras recebiam recursos governamentais. Em 2008, o índice subiu para 58,3%. 
A transferência de recursos do governo à população não ocorre apenas nos estados mais pobres. O Rio de Janeiro ocupa o quarto lugar entre os beneficiários (25,5% das famílias), antecedido por Piauí (31,2%), Paraíba (27,5%) e Pernambuco (25,7%). Isso se explica pelo fato de o estado fluminense abrigar um grande número de idosos, superior à media nacional, e que dependem de aposentadorias pagas pelos cofres públicos.

Hoje, em todo o Brasil, 82 milhões de pessoas recebem aposentadorias do poder público. Aparentemente, o Brasil é verdadeira mãe para os aposentados. Só na aparência. A Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE demonstra que, para os servidores públicos mais ricos (com renda mensal familiar superior a R$ 10.375), as aposentadorias representam 9% dos ganhos mensais. Para as famílias mais pobres, com renda de até R$ 830, o peso de aposentadorias e pensões da previdência pública é de apenas 0,9%.

No caso do INSS, as aposentadorias e pensões representam 15,5% dos rendimentos totais de famílias que recebem, por mês, até R$ 830. Três vezes mais que o grupo dos mais ricos (ganhos acima de R$ 10.375), cuja participação é de 5%.

O vilão do sistema previdenciário brasileiro encontra-se no que é pago a servidores públicos, em especial do Judiciário, do Legislativo e das Forças Armadas, cujos militares de alta patente ainda gozam do absurdo privilégio de poder transferir, como herança, o benefício a filhas solteiras.

Para Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas, no Brasil "o Estado joga dinheiro pelo helicóptero. Mas na hora de abrir as portas para os pobres, joga moedas. Na hora de abrir as portas para os ricos, joga notas de cem reais. É quase uma bolsa para as classes A e B, que têm 18,9% de suas rendas vindo das aposentadorias. O pobre que precisa é que deveria receber mais do governo. Pelo atual sistema previdenciário, replicamos a desigualdade."

A esperança é que a presidenta Dilma Rousseff promova reformas estruturais, incluída a da Previdência, desonerando 80% da população (os mais pobres) e onerando os 20% mais ricos, que concentram em suas mãos cerca de 65% da riqueza nacional.

(1)Escritor e assessor de movimentos sociais Adital 

Como reduzir o risco de desenvolver Doença de Alzheimer?


Resultado de pesquisa ajuda a evitar a doença

Qual é a forma mais eficaz para reduzir o risco de desenvolver Doença de 
 Alzheimer? Um estudo realizado em França procurou analisar diversas 
formas de reduzir o risco de desenvolver a doença e chegou à conclusão 
de que alguns factores ligados aos estilos de vida podem ser particularmente
 eficazes para manter o cérebro saudável.


Como reduzir o risco de desenvolver Doença de Alzheimer?
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Ensino e aprendizagem, comer muitas frutas e 
legumes e evitar a diabetes e depressão 
foram os factores encontrados como tendo um 
maior impacto na redução do risco de Doença de 
Alzheimer.
O estudo analisou 1.433 idosos residentes em 
Montpelier, em França, com idade média de 72 
anos. Todos foram submetidos a testes de memória 
e outros testes depois de dois, quatro e sete 
anos para se procurarem sinais de Doença de 
 Alzheimer e outras formas de demência ou declínio 
cognitivo, ou mesmo alguma forma de perda de memória,
 que muitas vezes acaba por conduzir à Doença de Alzheimer.
A análise estatística dos pacientes, apresentada na revista médica britânica
 BMJ, identificou vários factores particularmente importantes para reduzir o 
 risco de Alzheimer. A educação parece ter o maior impacto na 
prevenção da Doença, conduzindo a uma redução de 18% na incidência 
da Doença de Alzheimer ou declínio cognitivo leve.
Os investigadores concluíram, ainda, que os resultados de um teste de 
leitura destinado a medir a actividade intelectual ao longo da vida e 
exposição cultural, ou aquilo a que os pesquisadores chamam de "inteligência
cristalizada", se apresentam como um bom indicador de protecção 
contra o declínio de memória e outros sintomas da Doença de Alzheimer. 
Continuar sempre a exercer actividades que desenvolvam o 
vocabulário, aumentar a profundidade e a amplitude do conhecimento 
geral, e reforçar a capacidade de raciocinar usando palavras e 
números, são, então, colocados no topo da lista dos factores que podem
ajudar a impedir a perda de memória. "A mensagem de saúde pública
só pode ser para incentivar a alfabetização de todas as idades,  
independentemente da capacidade inata", escrevem os autores.
Tomar medidas para prevenir e tratar a depressão e diabetes, e 
comer mais frutas e verduras demonstrou, também, levar a uma 
redução global de 20 por cento na incidência de Doença de 
Alzheimer nos indivíduos em estudo. Destes, evitar a depressão 
teve o maior impacto, com uma redução de 10 por cento no número 
de novos casos ao longo dos sete anos de análise. A ligação entre 
depressão e Doença de Alzheimer, no entanto, continua a ser 
complexa. A depressão pode ser um sintoma precoce da Doença 
de Alzheimer, ocorrendo anos antes do início da doença. Por 
outro lado, a depressão pode causar mudanças no cérebro que  
aumentam a probabilidade da doença.
O estudo não abordou, no entanto, conclusões sobre outros 
potenciais factores de risco modificáveis, como a hipertensão
arterial, ferimentos na cabeça, ou o facto da pessoa viver 
sozinha, em parte devido à dimensão reduzida da amostra e do 
período de acompanhamento. Contudo, é de ressalvar que estudos 
 anteriores sugeriram já que estes e outros factores podem 
aumentar o risco de desenvolver problemas de memória e Doença 
de Alzheimer.
No entanto, convém frisar que actividades educacionais, evitar 
a depressão e diabetes, e uma dieta rica em frutas e vegetais
 não garante que a pessoa não vai ficar desenvolver a Doença 
de Alzheimer na velhice. Estes são apenas indicadores que ajudam 
a prevenir a Doença.
Os autores recomendam que as pessoas tomem medidas para 
evitar o desenvolvimento da Doença de Alzheimer na velhice. 
Os estudos indicam que o número de casos de doentes de 
Alzheimer deve crescer nas próximas décadas e, este facto 
só será contrariado se tratamentos novos e mais eficazes forem 
encontrados. O número de casos duplicará nos países em 
desenvolvimento entre 2001 e 2020. Deverão aumentar 300 por 
cento em países como aChina, Índia e países do sul da Ásia e 
Pacífico ocidental. Dado o peso crescente da Doença de 
Alzheimer em todas as sociedades, torna-se cada vez mais importante 
e vital que os Governos criem estratégias eficazes para tratar e prevenir a Doença.

Fonte: K Ritchie, I Carrière, C W Ritchie, C Berr, S Artero, and M-L Ancelin:
 “Designing prevention programmes to reduce incidence of dementia: 
prospective cohort study of modifiable risk factors.” BMJ 2010;341:c3885, 
doi: 10.1136/bmj.c3885 (Publicado em 5 de Agosto de 2010)
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