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domingo, 14 de julho de 2013

FHC: as portas do Brasil abertas à CIA

Jornalista desmente ex-presidente e rememora escalada de fatos que deram a Washington vasto poder sobre a Polícia Federa

Por Bob Fernandes*, em seu blog

fhc herança

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso diz que “nunca soube de espionagem da CIA” no Brasil. O governo atual cobra explicações dos Estados Unidos, e a presidente Dilma trata do assunto com a cúpula do Mercosul, no Uruguai, nesta quinta-feira (11). O Congresso Nacional envia protesto formal ao governo de Barack Obama.

Vamos aos fatos. Entre março de 1999 e abril de 2004, publiquei 15 longas e detalhadas reportagens na revista CartaCapital. Documentos, nomes, endereços, histórias provavam como os Estados Unidos espionavam o Brasil.Documentos bancários mostravam como, no governo FHC, a DEA, agência norte-americana de combate ao tráfico de drogas, pagava operações da Polícia Federal. Chegava inclusive a depositar na conta de delegados. Porque aquele era um tempo em que a PF não tinha orçamento para bancar todas operações e a DEA bancava as de maiores dimensão e urgência.

A CIA, via Departamento de Estado, pagou uma base eletrônica da PF em Brasília, até os tijolos. Nos idos do governo Sarney. Para trabalhar nessa base, até o inicio da gestão do delegado Paulo Lacerda, em 2002, agentes e delegados da PF eram submetidos ao detector de mentiras nos EUA. Não em Langley, sede da CIA, mas em hotéis de Washington.

Dentre as perguntas, que alguns dos agentes e delegados se recusaram a responder: já haviam participado de atos de corrupção? Eram homossexuais?

Isso até que viessem a gestão do ministro Márcio Thomaz Bastos e do delegado Paulo Lacerda e um orçamento adequado. Essa base na PF chamava-se CDO, Centro de Dados Operacionais. Publicadas as reportagens, tornou-se SOIP, depois COE. Hoje é a DAT, Divisão Anti-terrorismo.

Carlos Costa chefiou o FBI no Brasil por 4 anos. Em entrevista de 17 páginas, em março de 2004, revelou: serviços de inteligência dos EUA haviam grampeado o Itamaraty. Empresas eram espionadas. Nem o Palácio da Alvorada escapou.

Pelo menos 16 serviços secretos dos EUA operavam no Brasil. Às segundas-feiras, essas agências realizavam a “Reunião da Nação”, na embaixada, em Brasília.

Tudo isso foi revelado com riqueza de detalhes: datas, nomes, endereços, documentos, fatos. Em abril de 2004, com a reportagem de capa, publicamos os nomes daqueles que, disfarçados de diplomatas, como é habitual, chefiavam CIA, DEA, NSA e demais agências no Brasil.

Vicente Chellotti, diretor da PF, caiu depois da reportagem de capa “Os Porões do Brasil”, de 3 de março de 1999. Isso no governo de FHC, que agora, na sua página no Facerbook, disse desconhecer ações da CIA no país.



Renan Calheiros, quando ministro da Justiça no governo FHC, foi convocado pelo Congresso na sequência de uma das reportagens sobre atividades de agências secretas dos EUA. Em público, esquivou-se, negaceou. A mim, numa cerimônia no Supremo Tribuinal Federal, diria na tarde do mesmo dia: “Isso é assim mesmo, é do jogo”.

Carlos Costa, que chefiara o FBI no Brasil, foi ouvido em sessão secreta do Congresso, já em 2004.

Antes de o Congresso decidir como seria a sessão, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) foi à embaixada dos EUA ouvir Donna Hrinak, a embaixadora. Segundo testemunho do senador à época, a embaixadora dos EUA informou:

- Se a sessão não for secreta ele (Carlos Costa) será processado pelo governo dos Estados Unidos.

Essa disposição falava por si mesma. E na sessão, que terminaria sendo secreta, Carlos Costa confirmou tudo o que dissera na entrevista; sobre as ações do seu FBI, da CIA, DEA, NSA, e sobre a espionagem em geral, no Brasil, mas não apenas.

Tudo isso sob quase absoluto e estrondoso silêncio. Um silêncio assustador à época. Tão assustador quanto a suposta perplexidade ao “descobrir”, só agora, que os Estados Unidos, e não apenas eles, espionam o Brasil e o mundo.


*Foi redator-chefe de CartaCapital. Trabalhou em IstoÉ (BSB e EUA) e Veja. Repórter da Folha de S.Paulo e JB, fez “São Paulo, Brasil” no GNT/TV Cultura. Comentarista da TVGazeta e Rádio Metrópole (BA)

Rede social popular na América Latina bate metas de audiência


Reproduzindo matéria do Correio do Brasil 13/7/2013 11:32
Por Redação, com BBC - de Buenos Aires






O Facepopular bateu todas as metas de audiência e fechou para novas inscrições até semana que vem

Começou pela Argentina a construção de uma nova rede social para o continente, o com objetivo de fazer frente ao Facebook e se tornar a principal ferramenta de interação social na América do Sul. O Facepopular, em que “face” não significa rosto, mas “Frente Alternativa Contra o Establishment”, tem uma posição crítica em relação ao establishment Facebook, que seria controlado pela máquina norte-americana de espionagem, para roubar o perfil dos usuários.

A rede social, que espera ser um competidor direto do Facebook, conta com servidores localizados na Argentina e seu lançamento, esta semana, coincide com os planos de criação da mega rede de fibra ótica que a União das Nações Sul-Americanas (Unasul), da qual o Brasil faz parte, está desenvolvendo para toda a região. O Facepopular é o produto-estrela da Red Popular, grupo de mídia que reúne rádio, TV e sites na internet, cujo objetivo é servir de plataforma de integração tecnológica para os países da Unasul e da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, Celac, da qual o Brasil também é membro.

E seus criadores são otimistas: esperam que o Facepopular se torne a rede social mais predominante na América Latina no prazo de um ano.

Em termos conceituais, o Facepopular tem muitas aplicações, opções e botões semelhantes ao Facebook. Mas há também diferenças.

Em vez de emoticons (caracteres tipográficos que expressam emoções), há “EmoPerones” e seus usuários podem enviar uma “Evita”, um “Perón” ou até um “Bolívar”, em alusão aos ícones da política latino-americana.

Os hambúrgueres, por sua vez, serão substituídos por choripanes, sanduíches argentinos feitos com chouriço.

Outra diferença em relação ao site é que o Facepopular não tem limite de amigos.

Também contará com um botão de “Não Curtir” e com uma seção denominada “O indesejável da semana”.

Em sua declaração de princípios, seus idealizadores dizem que o objetivo do Facepopular é “gerar um canal de comunicação e interação comunitária sem as arbitrariedades e modelos de imposição de outras redes sociais desenhadas e operadas fora da América Latina por corporações multinacionais”.

“É uma rede latino-americana, para hispanófonos, pensada e concebida segundo nossos próprios parâmetros e padrões”, diz em sua página na web.

Programa-espião

O lançamento da rede popular é mais um ato de protesto contra o escândalo de espionagem dos Estados Unidos, que teriam violado milhões de mensagens de e-mail em vários países, inclusive no Brasil.

– Esperamos superar a marca dos 100 mil usuários no final de semana. Vamos incorporar um quarto servidor porque não vamos dar conta – disse Pablo Lenz, um dos fundadores da rede social, em entrevista à televisão local, na manhã deste sábado. Um recado, no entanto, na página para o ingresso na rede, agradece “aos participantes desta fase” e informa que novas inscrições serão aceitas nos próximos dias, indicando que as metas de audiência foram cumpridas, momentaneamente.

Diante das várias semelhanças com o Facebook, que vão desde a tipografia até as mais variadas funções, a agência britânica de notícias BBC contactou a rede social para saber sua opinião a respeito do lançamento do Facepopular e se haviam comentários sobre direitos autorais.

“Estamos analisando. Não temos comentários a fazer neste momento”, respondeu à BBC Alberto Arébalos, chefe de comunicações para América Latina do Facebook por e-mail.