Ilda e Ramon - Sussurros de Liberdade

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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O ESCRITOR E AS DITADURAS

Frei Betto
(Tema proposto pela União Brasileira de Escritores para o Congresso Brasileiro de Escritores, Ribeirão Preto, 14 de novembro de 2011.)

     Sabemos todos que a arte literária é polissêmica. As palavras têm vida própria e se multiplicam em diferentes significados.
      Todo leitor capta o texto a partir de seu contexto. E então extrai, para seu enriquecimento subjetivo e cultural, o pretexto. Ou melhor, o pós-texto. Dito de outro modo, a cabeça pensa onde os pés pisam. O lugar sociocultural do leitor influi na hermenêutica do texto. Há sempre um diálogo entre leitor e narrativa. E, de certo modo, o leitor se espelha naquilo que lê. O enigma da esfinge - “Decifra-me ou te devoro” - bem se aplica ao exercício da leitura.
      Um texto é tanto melhor compreendido quanto mais o leitor se encontra no contexto em que o texto foi produzido. Quem melhor tem condições de conhecer a obra de Guimarães Rosa, um mineiro ou um alemão? Certamente o alemão tem mais possibilidades de usufruir da obra de Goethe do que o mineiro.
      Todo ponto de vista é a vista a partir de um ponto – aquele no qual se encontra o leitor. O leitor A não coincide com o lugar sociocultural do leitor B. A mudança de lugar sociocultural provoca mudança de lugar epistêmico. Daí as diferenças hermenêuticas comportadas por um texto literário, como são exemplos a Bíblia, o Alcorão e O capital de Karl Marx.
     Escrita subversiva
      Não conheço nenhuma obra literária de valor que faça apologia do stalinismo, do nazismo ou mesmo do capitalismo. Há, sim, obras que, amparadas por poderes ditatoriais, alcançaram grande sucesso de vendas, como é o caso de Minha luta, de Adolf Hitler. Mas êxito comercial não significa talento ou obra de arte.
      Esta a força da literatura sob ditaduras: ela traduz o sofrimento das vítimas e dialoga com as vítimas. Dá voz a quem foi silenciado. Dá vida a quem morreu assassinado. Não nasce da encomenda do poder, e sim do grito parado no ar, da garganta sufocada, do sentimento reprimido, da oceânica vocação humana à liberdade. É literalmente uma escrita subversiva, que corre “por baixo” e projeta luz crítica sobre o que se passa “por cima”.
      Cinco textos clássicos redigidos e divulgados sob regimes autoritários são os quatro Evangelhos e o Apocalipse. Foram escritos sob o Império Romano. E expressam a visão das vítimas, a partir daquela vítima que mais se destacou – Jesus de Nazaré, preso, torturado e condenado à pena de morte romana, a cruz.
      Nos Evangelhos são nítidas as críticas ao Império Romano e a seu preposto, o Sinédrio judaico. A começar pelo massacre das crianças decretado pelo rei Herodes. O símbolo das legiões romanas era o porco. É numa vara de porcos que Jesus ordenou aos demônios entrarem e se precipitarem no abismo (Mateus 8, 28-34). O capítulo 23 de Mateus é, todo ele, uma forte denúncia contra o poder autoritário, reforçado pela suposta sacralidade de se falar em nome de Deus. Ali as autoridades religiosas são tratadas, por Jesus, como “hipócritas! Exploradores e ladrões! Guias cegos! Sepulcros caiados! Raça de víboras! Assassinos!”
      A crítica mordaz não poupa nem Herodes Antipas, que decretou a decapitação de João Batista. Quando os fariseus alertaram Jesus: “Deves ir embora daqui, porque Herodes quer te matar”, o homem de Nazaré qualificou o governador da Galileia de “raposa” (Lucas 13, 31-32).
      O Apocalipse (= Revelação, tirar o véu) está distribuído em 22 capítulos. O livro se chama Apocalipse porque, ao tirar o véu, mostra ao leitor o outro lado das coisas. Aquilo que só a fé enxerga. Seus capítulos foram redigidos em diferentes épocas. Os iniciais, provavelmente escritos na província romana da Ásia (atual Turquia), no ano 64, sob a perseguição de Nero. Outros consideram que foram redigidos durante os anos em que os romanos promoveram o cerco de Jerusalém e o massacre da população da cidade (67-70). De todo modo, são textos sob tirania. Textos que brotaram da lancinante angústia de quem já não suportava tanto sofrimento e perguntava: “Até quando, Senhor?” (6, 10).
      Os capítulos introdutórios do Apocalipse se espelham no livro do Êxodo. Porque a pergunta é a mesma: quando estaremos livres das garras do faraó? A diferença é que, agora, o faraó chama-se imperador romano.
      João convoca seus leitores a se colocarem em nível mais elevado que o palco de sofrimentos. Convida-os a se deslocarem de seu lugar geográfico e epistêmico e ocuparem o lugar do qual Deus encara os fatos: o céu. “Ele encontrou a porta do céu aberta” (4, 1). E lá está o trono de Deus. A imagem do trono aparece 47 vezes no texto!
      Ao entrar no trono, o leitor tem, dali, uma visão abrangente, que abarca inclusive o futuro, “o que deve acontecer depois” (4, 1; 1,1). E quem olha do trono de Deus relativiza todos os poderes da Terra!
      O trono é envolvido pelo arco-íris, que evoca o fim do Dilúvio e a aliança de Deus com a humanidade. Ao redor do trono de Deus estão 24 tronos com 24 anciãos – são os líderes do Antigo e do Novo Testamento, os chefes das 12 tribos de Israel e os 12 apóstolos. Todos trajam roupas brancas e trazem coroas na cabeça – símbolos da vitória e da realeza.
      Todo o texto do Apocalipse joga com duplo sentido. Os recursos do sonho e das visões permitem que o autor veja o passado e o futuro. Não há motivo para chorar, pois é o Cordeiro – Jesus – que conduz a história. A imagem do Cordeiro vem de Isaías 53, 7 e do cordeiro pascal, cujo sangue nos pórticos libertou os hebreus da dominação do faraó egípcio (Êxodo 12, 23). Esse díptico é constante em toda a literatura bíblica.
       Na Bíblia, cavalo equivale, hoje, a um tanque de guerra, sinal do poder opressor. Os quatro cavalos do Apocalipse simbolizam as desgraças que o povo da época mais temia: cavalo branco (6, 2) – invasões de exércitos inimigos; cavalo vermelho (6, 4) – guerras e matanças; cavalo negro (6, 5) – fome e carestia; cavalo esverdeado, cor de cadáver (6, 8) – doenças, peste e morte.
    Escritores vítimas da tirania
     Na história universal da ignomínia figuram inúmeros escritores vítimas da tirania: o apóstolo Paulo, condenado ao cárcere; Dante, ao exílio; Galileu, à abjuração; Campanella, à masmorra; Giordano Bruno, à fogueira; Dostoievski, ao fuzilamento.
      Figuram também padre Antônio Vieira, vítima da Inquisição, e Cervantes, aprisionado pelos mouros na Argélia. E ainda Gorki, Trotsky, Gramsci, Primo Levi e Soljenítsin. E Cláudio Manoel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga; Graciliano Ramos e Jorge Amado; Monteiro Lobato e Mário Lago, e Carlos Drummond de Andrade como em A noite dissolve os homens (1940). E mais recentemente, no Brasil, Augusto Boal, Flávia Schilling, Fernando Gabeira, Renato Tapajós, Thiago de Mello e Maurice Politi, entre tantos outros que, na literatura, registraram suas memórias do cárcere ou do exílio.
      As memórias dos “subterrâneos da liberdade”, da perseguição ou do exílio são feitas de fragmentos, de diários inconclusos, de cartas censuradas, de romances nos quais a ficção é apenas um artifício para melhor traduzir a realidade. Tais memórias têm tríplice finalidade: a primeira, terapêutica, permitir ao autor organizar minimamente seu caos interior e, na medida do possível, objetivar seu sofrimento, aplacar as dores. Como bem expressa Ferreira Gullar em Traduzir-se:
      "Uma parte de mim / é só vertigem; / outra parte, / linguagem. / Traduzir uma parte / na outra parte / - que é uma questão / de vida ou morte – / será arte?"
      Fazer literatura é traduzir-se, traduzir a vertigem em linguagem, transformar o caos em cosmo, como assinala Adélia Bezerra de Meneses. "Quer percebamos claramente ou não,” - diz Antonio Candido – “o caráter de coisa organizada da obra literária torna-se um fator que nos deixa mais capazes de ordenar a nossa própria mente e sentimentos; e em consequência, mais capazes de organizar a visão que temos do mundo."
       A segunda finalidade é denunciar a opressão, a ditadura, desvelando sua face cruel, monstruosa, que sequer admite a liberdade de opinião e pensamento. Por fim, a terceira é produzir obra de arte, é transmutar o real, abrir os olhos e a mente dos leitores para outras dimensões e nuances do terror, como são exemplos notáveis a Recordação da casa dos mortos, de Dostoiévski e, aqui no Brasil, Memórias do cárcere, de Graciliano Ramos.
      Como afirmou Augusto Roa Bastos, pela boca do ditador Francia, no célebre romance Eu, o supremo, “escrever não significa converter o real em palavras, mas sim fazer com que a palavra seja real.”
      Literatura de resistência
     O primeiro romance escrito na América, que se tem notícia, foi Periquillo sarniento, do mexicano José Joaquín Fernández de Lizardi (1776-1827). Publicou-se o texto em 1816. Através das aventuras do protagonista, o autor descreve a vida colonial e critica veladamente o colonizador espanhol. Desde então a literatura latino-americano ficou marcada por uma íntima relação com a política.
      A literatura, como toda obra de arte, é uma forma de resistência, de denúncia e de anúncio. Ela pode estar contida num livro, num manifesto ou mesmo num simples grafite gravado no muro de rua. Ali as palavras quebram o silêncio que nos é imposto, expressam nossa dor e nossa esperança, desmascaram e ridicularizam o tirano e a tirania.
      “Ele (o romancista) – assinala Alfredo Bosi em seu clássico Literatura e resistência - dispõe de um espaço amplo de liberdade inventiva. A escrita trabalha não só com a memória das coisas realmente acontecidas, mas com todo o reino do possível e do imaginável. O narrador cria, segundo o seu desejo, representações do bem, representações do mal ou representações ambivalentes. Graças à exploração das técnicas do foco narrativo, o romancista poderá levar ao primeiro plano do texto ficcional toda uma fenomenologia da resistência do eu aos valores ou antivalores do seu meio. Dá-se assim uma subjetivação intensa do fenômeno ético da resistência, o que é a figura moderna do herói antigo.” (PP. 121-122 in Literatura e resistência, Companhia das letras, SP, 2002).
      A literatura se nutre de nostalgia e de utopia. E muitas vezes as duas convergem, como no verso de Castro Alves, em Poesia e mendicidade:
      “Hoje o Poeta – caminheiro errante, / Que tem saudades de um país melhor.”
      Excelente exemplo de arte literária que bem traduz o espanto frente à ignomínia é o brevíssimo conto de Augusto Monterroso, nascido em Honduras em 1921 e falecido no México em 2003. Seu miniconto, intitulado O dinossauro, mereceu elogios de Gárcia Márquez, Carlos Fuentes e Isaac Assimov, e tem apenas sete palavras: “Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá.”
      Monterroso refugiou-se, ainda jovem, por razões políticas, na Guatemala e, posteriormente, no México. O conto do dinossauro é de seu primeiro livro, publicado em 1959, aos 38 anos, ironicamente intitulado Obras completas (e outros contos). Ali já transparecia seu estilo satírico, que ele talentosamente utilizava para criticar injustiças e discriminações.
      Todos nós, escritores latino-americanos nascidos no século XX, quando acordamos o dinossauro ainda estava lá... Entre intervalos de democracia burguesa, predominaram regimes ditatoriais, jurássicos, violentos, que nos fizeram mergulhar no pesadelo captado, no Brasil, pelas obras de Graciliano Ramos, Jorge Amado, Cecília Meirelles, Antônio Callado, Carlos Drummond de Andrade, Affonso Romano de Sant’anna, Thiago de Mello e tantos outros.
      Ética e imaginário
      A literatura logra contornar uma questão ética que se coloca sob as ditaduras: a questão da mentira. Ali a razão política supera o valor ético. Se um dissidente ou opositor é interrogado a respeito da identidade de seus companheiros, a verdade deverá ser calada, omitida. Como diz Castoriadis, os efeitos de suas respostas não concernem apenas à sua pessoa, à sua consciência, à sua moralidade, mas à vida de muitas outras pessoas.
      O escritor, entretanto, não tem, como autor, compromisso com a verdade. Como observou Platão, “os poetas mentem muito”. O compromisso do escritor é com a verossimilhança. Ele transgride as regras da sintaxe e da ordem estabelecida. Como frisou Sartre, o escritor, como intelectual, sente-se à vontade com o pensamento subversivo. Ele só tem que prestar contas a si mesmo. Ele é a sua própria autoridade. Tem o poder de caricaturar, simular, sugerir, ridicularizar o poder e exaltar as vítimas. Como faz o autor do Magnificat no evangelho de Lucas, ao proclamar que “o Senhor despediu os ricos de mãos vazias e saciou os pobres de bens; derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes” (1, 46-55).
      O escritor suscita o diálogo entre o real e o possível, a realidade e o sonho. Como intelectual, jamais se instala na inércia de um saber adquirido. Está sempre se interrogando a respeito das concepções de mundo, dos modelos sociais, dos valores e normas que regem uma sociedade. Ele se inscreve nas fileiras do contrapoder político. Na opinião de Camus, o papel do escritor, como o do intelectual, é defender a lógica da indignação contra a lógica da resignação.
      Sob ditadura, tirania ou opressão, o escritor, inconformado, lida com a mais poderosa arma do ser humano: a imaginação. Ela é capaz de suscitar o mais hediondo ato de violência ou mais solidário gesto de amor. É capaz de desfantasiar o ditador – “o rei está nu” – e fantasiar o reino da liberdade. E ao empunhar a sua pena, o escritor afirma a sua liberdade em relação a todos os poderes – civis, militares, políticos, econômicos e religiosos. Demole preconceitos. Aborda a condição humana com razão aberta, capaz de dialogar com as demais modalidades de saber.
      O escritor é um indignado. A ele se aplica a máxima de Terêncio: “Nada do que é humano me é indiferente”. Pois se recusa a aceitar o mundo tal como ele é ou aparece. Contesta-o, critica-o, amplia suas potencialidades, transforma-o através de sua imaginação, povoa-o com seus personagens, transubstancia-o por sua arte.
      Quando postado diante do pelotão de fuzilamento, em 1849, Dostoiévski se convenceu do que, mais tarde, colocaria na boca de um de seus personagens: “Podem destruir tudo, menos a mais poderosa arma que um homem possui: a sua consciência.”
      Toda obra literária é uma apologia à liberdade de consciência. E é na consciência que o artista se define como clone de Deus. Pois transforma a fantasia em realidade, o sonho em narrativa, a intuição em arte. Porque nada existe que, antes de se tornar real, não tenha sido concebido pela fantasia. Da roupa que vestimos aos veículos nos quais trafegamos, dos sapatos que calçamos à moradia na qual habitamos, tudo brotou da fantasia. Daí o impacto da literatura, filha dileta do imaginário. Ela é uma arte ontologicamente subversiva e subvertida, brota do chão da vida, dos porões de nosso psiquismo, de nossas reações atávicas ao que ameaça ou suprime a liberdade.
       É curioso constatar que mesmo autores declaradamente simpáticos a ditaduras - como o foram Fernando Pessoa em relação a Salazar; Ezra Pound em relação a Mussolini; Céline em relação a Hitler; Borges em relação a Pinochet e aos generais argentinos -, à revelia de suas convicções políticas conservadoras não deixaram de produzir obras de forte impacto subversivo, crítico, páginas que nos induzem a ansiar por mais liberdade, o que não deve ser confundido com liberalismo ou neoliberalismo. Como predisse o profeta Isaías, não há verdadeira liberdade se ela não estiver irmanada com a justiça, de modo a gerar paz.
      Tenhamos sempre presente, entretanto, que a literatura não tem que ser de esquerda ou de direita, a favor ou contra o governo vigente. Tem que ser bela, obra de arte, signo estético, sem o que perde valor. Não se exija, portanto, literatura engajada, e sim de qualidade, capaz de suscitar em nós leitores um novo olhar sobre o real. Do escritor, sim, pode-se esperar engajamento, compromisso com a justiça, empenho contra a opressão. Até porque, em sua obra, ele nada mais faz do que nos abrir a outros mundos possíveis, através do imaginário que não conhece limites. Seu campo de trabalho é simplesmente o infinito.
Frei Betto é escritor, autor do romance “Minas do Ouro” (Rocco), entre outros livros. http://www.freibetto.org/>    twitter:@freibetto.
Copyright 2011 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer  meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Assine todos os artigos do escritor e os receberá diretamente em seu e-mail. Contato – MHPAL – Agência Literária (mhpal@terra.com.br)
 

Sexta edição da Balada Literária paulistana


Balada Literária em SP recebe Caetano e Laerte


Referência no calendário cultural de São Paulo, a Balada Literária promove sua sexta edição a partir desta quarta-feira (16). O homena­geado da vez é o poeta, tradutor e ensaísta Augusto de Campos. Marcando o início da programação, Cam­pos e seu filho Cid se apresentam ao lado da cantora Adriana Calcanhotto no show "Poe­música", no Sesc Pinheiros (zona oeste). Na ocasião, pai e filho lançam o CD "Poesia É Risco". Os ingressos para a apresentação já estão esgotados.



      Na quinta-feira (17), a unidade de Pi­nheiros da Livraria da Vila abriga um debate entre os escritores Marçal Aquino e Adriana Falcão, que falam sobre a interface da litera­tura com o cinema e a TV.
      No mesmo dia, o homenageado volta à ce­na em um debate com Caetano Veloso sobre concretismo e tropicalismo, no Centro Cultu­ral B_arco. Após o bate-papo, o cartunista da Folha Laerte conversa com a escritora Ivana Arruda Leite sobre arte e maturidade.
      A noite será encerrada com o show da compositora Cida Moreira, além de exposi­ções e de lançamento de livros, como a antologia "Tão", composta por vários artistas que completam 60 anos em 2011.
     Na sexta (18), o compositor Tom Zé canta e conversa sobre música com Claudiney Ferreira e Edson Natale, às 19h30, no Itaú Cultural. Sábado(19) é a vez de o escritor João Gilberto Noll se apresentar no mesmo local, na peça "Solidão Sentimental", às 20h.
     No domingo há debate entre Sérgio Vaz, Geni Guimarães e Miró, às 16h, no Centro Cultural B_arco, que abriga logo depois um Sarau de encerramento do festival.

Nossa fonte: Vermelho

CONVITE: Feira Orgânica em Guarulhos


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A Coordenadoria do Fundo Social de Solidariedade de Guarulhos,
 tem o prazer de convidá-lo a conhecer e prestigiar a FEIRA ORGÂNICA E NATURAL, onde os Agricultores  Guarulhenses que aderiram ao Cultivo sem veneno, juntamente com produtores e comerciantes de orgânicos convidados de outros municipios, estarão comercializando uma gama de hortaliças, cereais, méis, ervas condimentares, ovos e carne de frango orgânicos, óleos e castanhas, secos e molhados, tudo certificado e autenticado como produção orgânica.

A feira dará lugar também a uma Barraca que servirá um delicioso café da manhã orgânico,  espaços para massagens, oficinas de culinária entre outras atrações.

Todos os sábados a a partir deste 19 de novembro, das 07h00 até as 13h, na Praça IV Centenario, próximo a antiga estação de trem.
Utilizem suas sacolas retornáveis!!!

Carlos Artur Salgado
Gerente da Divisão de Agricultura Urbana. Perirubana e Familiar



PREFEITURA MUNICIPAL DE GUARULHOS
COORDENADORIA DO FUNDO SOCIAL DE SOLIDARIEDADE
PROGRAMA MUNICIPAL DE AGRICULTURA URBANA, PERIURBANA E FAMILIAR
Alameda Tutóia, 534 - Gopoúva - 07092-000
GUARULHOS - SP
11- 24725195     11- 73397160 

PERFIL DO CORRUPTO


Frei Betto


       Manifestações públicas em várias cidades exigem o fim do voto secreto no Congresso; o direito de o CNJ investigar e punir juízes; a vigência da Ficha Limpa nas eleições de 2012; e o combate à corrupção na política.      

Por que há tanta corrupção no Brasil? Temos leis, sistema judiciário, polícias e mídia atenta. Prevalece, entretanto, a impunidade – a mãe dos corruptos. Você conhece um notório corrupto brasileiro? Foi processado e está na cadeia?      

O corrupto não se admite como tal. Esperto, age movido pela ambição de dinheiro. Não é propriamente um ladrão. Antes, trata-se de um requintado chantagista, desses de conversa frouxa, sorriso amável, salamaleques gentis. Anzol sem isca peixe não belisca.  
    
O corrupto não se expõe; extorque. Considera a comissão um direito; a porcentagem, pagamento por serviços; o desvio, forma de apropriar-se do que lhe pertence; o caixa dois, investimento eleitoral. Bobos aqueles que fazem tráfico de influência sem tirar proveito.      

Há vários tipos de corruptos. O corrupto oficial se vale da função pública para extrair vantagens a si, à família e aos amigos. Troca a placa do carro, embarca a mulher com passagem custeada pelo erário, usa cartão de crédito debitável no orçamento do Estado, faz gastos e obriga o contribuinte a pagar. Considera natural o superfaturamento, a ausência de licitação, a concorrência com cartas marcadas.   
   
Sua lógica é corrupta: "Se não aproveito, outro sai no lucro em meu lugar". Seu único temor é ser apanhado em flagrante. Não se envergonha de se olhar no espelho, apenas teme ver o nome estampado nos jornais e a cara na TV.       

O corrupto não tem escrúpulo em dar ou receber caixas de uísque no Natal, presentes caros de fornecedores ou patrocinar férias de juízes. Afrouxam-no com agrados e, assim, ele relaxa a burocracia que retém as verbas públicas.      Há o corrupto privado. Jamais menciona quantias, tão somente insinua. É o rei da metáfora. Nunca é direto. Fala em circunlóquios, seguro de que o interlocutor sabe ler nas entrelinhas.     

O corrupto “franciscano” pratica o toma lá, dá cá. Seu lema: "quem não chora, não mama". Não ostenta riquezas, não viaja ao exterior, faz-se de pobretão para melhor encobrir a maracutaia. É o primeiro a indignar-se quando o assunto é a corrupção.      


O corrupto exibido gasta o que não ganha, constrói mansões, enche o pasto de bois, convencido de que puxa-saquismo é amizade e sorriso cúmplice, cegueira.       

O corrupto cúmplice assiste ao vídeo da deputada embolsando propina escusa e ainda finge não acreditar no que vê. E a absolve para, mais tarde, ser também absolvido.      

O corrupto previdente fica de olho na Copa do Mundo, em 2014, e nas Olimpíadas do Rio, em 2016. Sabe que os jogos Pan-americanos no Rio, em 2007, orçados em R$ 800 milhões, consumiram R$ 4 bilhões.      

O corrupto não sorri, agrada; não cumprimenta, estende a mão; não elogia, incensa; não possui valores, apenas saldo bancário. De tal modo se corrompe que nem mais percebe que é um corrupto. Julga-se um negocista bem-sucedido.      

Melífluo, o corrupto é cheio de dedos, encosta-se nos honestos para se lhe aproveitar a sombra, trata os subalternos com uma dureza que o faz parecer o mais íntegro dos seres humanos.
Enquanto os corruptos brasileiros não vão para a cadeia, ao menos nós, eleitores, ano que vem podemos impedi-los de serem eleitos para funções públicas.

Frei Betto é escritor ne assessor de movimentos sociais, autor do romance “Minas do Ouro” (Rocco), entre outros livros. http://www.freibetto.org/>    twitter:@freibetto.

Copyright 2011 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer  meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Assine todos os artigos do escritor e os receberá diretamente em seu e-mail. Contato – MHPAL – Agência Literária (mhpal@terra.com.br

CONVITE: Documentário "Percepção de risco, a descoberta de um novo olhar"



PROJETO EDUCACINE AMBIENTAL
“PERCEPÇÃO DE RISCO, A DESCOBERTA DE UM NOVO OLHAR”
Dia 21 de NOVEMBRO, às 14h, na UMAPAZ
O período de chuvas está se aproximando e trazendo preocupação para a defesa civil br asileira, por conta das dramáticas catástrofes climáticas que vitimam milhares de pessoas em dezenas de cidades. As inundações e os deslizamentos revelam as contradições entre ao nosso modelo de urbanização e a natureza, e convidam para uma mudança de postura de todos, em todos os setores da assim chamada sociedade de risco.
Pensando nesta temática a UMAPAZ realizou recentemente o seminário “Riscos ambientais urbanos: percepção, mitigação e adaptação”, atividade inserida dentro das diretrizes para ações de combate aos efeitos das mudanças climáticas.
Dando continuidade a estas reflexões, a UMAPAZ convida para assistir e debater o documentário “PERCEPÇÃO DE RISCO, A DESCOBERTA DE UM NOVO OLHAR”, que tem como tema as mudanças climáticas, a vulnerabilidade e a prevenção a desastres climáticos e suas conseqüências. O encontro acontece dia 21 de novem br o das 14h às 17h.
Trata-se de uma produção da Defesa Civil do estado de Santa Catarina em parceria com o Centro de Estudos e Pesquisas so br e Desastres da Universidade Federal de Santa Catarina. O documentário agrega entrevistas com pesquisadores, jornalistas, mem br os da defesa civil, ambientalistas, antropólogos e cidadãos, proporcionando múltiplas visões so br e os fenômenos climáticos e seu enfrentamento.
É destacada a necessidade de um novo olhar para a formação de uma nova percepção de mundo e para a constituição de uma cidadania ativa, frente ao desafio atual e constante na busca de soluções para os efeitos da mudança climática.
Ficha técnica:
Título: Percepção de risco, a descoberta de um novo olhar.
Gênero: documentário
Duração: 77 minutos
Direção e produção: Sandra Alves e Vera Longo – Companhia Artes Cabeça ao Vento.
Público alvo: interessados em geral.
Faixa etária: livre.
Essa atividade faz parte do projeto EducaCine Ambiental, que acontece mensalmente na UMAPAZ, trazendo filmes e documentários com temáticas socioambientais, visando proporcionar conhecimentos e espaço de debates para o desenvolvimento de uma postura reflexiva e ativa frente aos desafios contemporâneos.
Serviço: Projeto EducaCine Ambiental
Dia e Horário: 21 de novem br o(segunda-feira), das 14h às 17h
Local: UMAPAZ – Av. IV Centenário, 1268 – portão 7A, Parque Ibirapuera. Tel. 5572-1004
Coordenação: Valério Igor Victorino e Nadime Boueri Netto Costa
Não é necessário inscrição. Pede-se chegar com 15 minutos de antecedência

11ºColóquio Internacional de Direito Humano


Ativistas acreditam que o mundo vive tensão entre modelo de desenvolvimento e direitos humanos

modelo
Manifestantes são contra o modelo de desenvolvimento previsto para Belo Monte
A escolha por um modelo desenvolvimentista e a recusa em estruturá-lo sob as bases dos direitos humanos tem tensionado a economia e a sociedade de muitos países. O modelo de planejamento econômico e social cresce às custas do respeito e do direito das pessoas, sugerem ativistas que participaram do 11º Colóquio Internacional de Direito Humanos, na sexta-feira, na capital paulista.
– Se o desenvolvimento vem ao custo de alguns terem vida decente e outros viverem em condições desumanas, isso não é desenvolvimento. Não pelo menos o que valha a pena –destacou David Bilchitz, diretor do Instituto Sul-Africano para Avanço Constitucional, Público, Direitos Humanos e Direito Internacional (Saifac).
Para Tamaryn Nelson, pesquisadora da Anistia Internacional para a América Latina, até mesmo os chamados governos de esquerda optaram por um tipo de política desenvolvimentista que, inevitavelmente, leva a conflitos sociais. Ela cita os projetos extrativistas, incluindo grandes empreendimentos financiados por governos e empresas privadas, como os principais motivos, atualmente, que levam os defensores dos direitos humanos a protestarem.
– A Bolívia passou por isso. O anúncio da construção de uma grande estrada, inclusive financiada pelo Brasil, numa reserva indígena, fez com que os bolivianos protestassem contra o presidente. Evo Morales chegou a dizer que jamais abriria as fronteiras de seu país a empresas privadas. E não foi isso o que se viu – argumentou a representante da Anistia Internacional.
Ela considera que há uma dificuldade muito grande em protestar a favor de uma causa, pois os propósitos contrários, como a lentidão de processos jurídicos e mesmo a marginalização da comunidade envolvida e dos atores sociais, fazem com que a única saída sejam os próprios protestos.
Tamaryn exemplifica com um caso ocorrido na Guatemala, onde uma comunidade entrou com processo contra uma empresa mineradora reivindicando seus direitos. Entretanto, a justiça guatemalteca permitiu que a própria empresa tivesse o papel de um segundo promotor, ou seja, eles mesmos acabam sendo o segundo acusador do processo e, como era de se esperar, a favor de si próprio, fazendo com que a comunidade não tivesse outra forma de agir, senão protestar.
– É preciso documentar o protesto inteiro, Mostrando que não houve diálogo e que os mecanismos não protegem os defensores dos direitos humanos – ressalta a pesquisadora.
Ela afirmou ainda sobre a necessidade de usar os meios de comunicação a favor dos movimentos sociais, pois “eles adoram falar sobre isso (os protestos)”, completa Tamaryn.
Belo Monte
Para Leonardo Sakamoto, jornalista e responsável pela ONG Repórter Brasil, com o crescimento econômico do Brasil, o governo tem mandado os movimentos socais “passearem”, ignorando suas reivindicações. O jornalista ressalta que mesmo com a pressão da sociedade, por meio dos movimentos, o governo optou por não comparecer a uma audiência convocada pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), organismo ligado à Organização dos Estados Americanos (OEA), para que fosse explicada a ausência de medidas cautelares que seriam necessárias para que se concedesse a autorização da usina.
Os motivos da decisão da comissão relacionam-se a demandas de comunidades indígenas da região e à falta de consultas públicas com as comunidades afetadas. A comissão questionou o estudo e o relatório de impacto ambiental aprovados provisoriamente pelos órgãos competentes para a obra.
Tamaryn e Sakamoto levantaram a questão de que “muitas outras Belo Monte” poderão ser feitas pelo governo e, possivelmente, a Amazônia virará “um grande canteiro de obras”, segundo os palestrantes. Por outro lado, o governo brasileiro vê nas hidrelétricas a saída para suprir a necessidade de energia do país e também há argumentação de não poder abrir mão do potencial energético a partir de uma matriz que não envolve queima de combustíveis (como termelétricas), nem produz resíduo tóxico (como as nucleares).
Nossa fonte: Correio do Brasil