Ilda e Ramon - Sussurros de Liberdade

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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

A bateria fugiu do rato e os meninos fazem a festa


Dona Pandá se considera uma planejadora contumaz, o que não significa eficiente. Disto ela tem uma vaga noção. Vaga porque, sendo uma pessoa bastante inteligente, continua planejando nos três níveis: curtíssimo, curto e médio prazos. Longo já é demais para uma setentinha (ela é quem o diz). O planejamento, onde o dia hoje estava inserido, rezava que, após sua caminhada, iria trabalhar no seu livro, pois a protagonista já está chamando pela autora desde que foi aprisionada num sonho perturbador. Por outro lado, a véspera de uma feriado faz seu auxiliar  dedicar mais tempo à horta, sobretudo neste período após o plantio de mudinhas de várias hortaliças nas estufa.

Pois bem, ela calça seus tênis (nesta etapa, há sempre umas briguinhas com os cachorros que não seguram a alegre excitação do passeio anunciado pelo gesto). Lá vão os quatro subindo o morrinho até o platô onde dona Pandá caminha, enquanto Bei, Bia e Pretinho acompanham com terríveis latidos os passantes que ousam usar a estrada  frente à Chácara.
                      Bei e Bia

Passando em frente ao quartinho da pista de skate, dona Pandá vê a capota da Preta (1) e atrás dela... tan...tan... tan... um ninho que não era de passarinho. Bau bau planejamento de curto prazo, substituído imediatamente por outro de curtíssimo sem prazo.
- Vanderlei (será um vocativo urgentíssimo?!),  por favor, venha aqui.
Horta e suas belas mudinhas passam para o médio prazo. Entretanto,  as pobrezinhas confiam que alguém irá se condoer delas, lhes dando água antes que o dia acabe. Aguardemos (2).
- Vamos ter que tirar a capota. Veja só o que está atrás dela!!!
- Acho que o dono do ninho foi passear porque os cachorros não deram alarme.
                              Pretinho

De fato, Rattus rattus não foi visto, mas seus estragos estavam na proteção da capota e na sujeira espalhada pelo chão. Vanderlei e Dona Pandá levaram a capota para fora e a colocaram sobre a pista de skate. Começaram a examinar o trabalho do invasor (que ninguém me corrija dizendo que é uma ocupação), quando toca o telefone lá embaixo na casa. Dona Pandá sai correndo para atender e ao voltar:
- Vanderlei, era a Sandra dizendo que não poderá vir, como foi combinado, para limpar a geladeira. Vou ter que deixar você resolver isto aqui sozinho porque a água do gelo está começando a cair na cozinha.
- Deixa comigo. Vou pegar o material para lavar a capota. E a bateria que estava atrás?
- Essa bateria está aí há tanto tempo. Quer levar para alguém?
- Os meninos lá em casa e os da minha igreja vão ficar loucos de alegria.  É só eu chegar e contar que a senhora deu uma bateria que eles vão dar um jeito de buscar. Vamos ter que preparar os ouvidos. Até o meu pequeno vai brigar par tocar.

  
(1) Preta é a companheira de quatro rodas que transporta dona Pandá e seus cães, além de outras cositas más, como esterco para as mihocas e lixo para a reciclagem.
(2) Vanderlei deu conta do recado e ainda matou a sede das plantinhas.