Ilda e Ramon - Sussurros de Liberdade

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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Dona Pandá vai às Alterosas II


Almoço com quem vai chegar

                                   À Milza, Gabi e Guto

Depois de uma noite repousante na Sossego, Dona Pandá ganhou uma carona do cunhado até a rodoviária de Lagoa Santa, onde pegou o ônibus para Belo Horizonte. Lá, o motorista do táxi, como de hábito, pediu o destino da passageira que prontamente lhe respondeu: - Santa Efigênia.
- Pois não, senhora. Em que rua de Santa Efigênia?
-Dona Pandá se atrapalhava com o celular que, como é de hábito, lhe mostrava uma gentil mensagem na tela, sem dar conta de sua principal função, fazer um telefonema. O motorista:
- Senhora, em que rua a senhora vai? – E o celular dizia: - Dê dois toques para desbloquear. – Os dedos da aflita passageira obedeciam e a ligação, neca de pitibiriba. O motorista insistia na pergunta, enquanto Dona Pandá tentava chegar a um acordo com o celular, consciente de que aquela ligação precisava ser feita urgentemente, pois o carro corria pela ruas milagrosamente desertas de Belo Horizonte.
Ela só podia repetir:  - Já lhe digo...
– Estamos chegando a Santa Efigência...
- Espera aí, estou conseguindo a ligação. – E no telefone: - Já estou no táxi, qual o seu endereço? – Do outro lado da linha, a irmã que trocou de apartamento e Dona Pandá não sabia o novo endereço:
- Fala para o motorista ir até a Contorno...- Dona Pandá repetia em voz alta para o motorista que já levantava a voz:
- Já saímos da av. Contorno, qual a rua? – O telefone achando que precisava mostrar que não era um simples telefone, começou a chamar a atenção com ruídos diferentes e novas mensagens de tela, enquanto Dona Pandá, desconsolada, informava:
- Parece que a ligação caiu. – O motorista tirou o seu celular do painel e perguntou:
 – Qual é o número? – Ele, desconfiado da possibilidade de sua passageira conseguir usar um telefone celular, discou ele próprio e, em seguida, lhe passou o aparelho, dizendo:
 - Pronto, agora, é só falar. Diga para ela dar o nome da rua, eu estou na praça há 20 anos, sei chegar a qualquer lugar de Santa Efigência. – Dona Pandá se sentindo absolutamente imbecilizada, pegou o telefone e ouviu a irmã dizer:
- Já estou em frente ao prédio, esperando. - E e a passageira repete em voz alta:
- Ela já está em frente ao prédio. – E o motorista:
 - Pelo amor de deus, qual é a rua? – Dona Pandá que já estava com real dificuldade de raciocínio, repete:
 - Qual é a rua?
- Tenente... – O ágil motorista completa:
 - Já sei e o número?
- O celular, que funcionara tão prontamente, solidarizou-se com o aparelho paulista e desligou, deixando as falas para o ar e a passageira olhando incrédula aquele objeto mais estranho em sua mão. 
Toca, então, o seu próprio celular e a passageira aflitíssima, sem se preocupar em identificar a chamada, grita:
- O número do prédio? - Uma voz desconhecida responde:
- Vai gritar no ouvido da vovozinha! Quero falar com o Afrânio. – Dona Pandá com um suspiro consegue desligar e dizer baixinho:
- Era engano!
- Qual é o número? - Continua insistindo o perplexo motorista - Estamos na rua Tenente ... – - Qual é o número? – Então, a passageira, dando um pulo no banco e mostrando com todo o seu braço para frente:
- É ela, é minha irmã.
- Aquela que está abanando os braços com um pedaço de pano levantado? E os dois soltam, em uníssono, um prolongado e alto suspiro. 
Ao descer do carro, Dona Pandá ficou entre a delícia do abraço da mana e sua bronca por não ter se comunicada antes de pegar o táxi. Rindo, afinal, as duas abrem a porta do elevador e... a grande surpresa, lá estava a sobrinha e, na barrigona, quem vai chegar . Toda gentil conta que está preparando o almoço e uma pequena reunião – o pai de quem vai chegar  e a avó – a terceira irmã de Dona Pandá.
Só um pequeno parênteses: a avó - que é médica - colocou na internet todas as "fotos", com complicadas legendas, tiradas nas seções de ultrassom. Ela conseguia ver as parecenças do pezinho da neta com o seu. 

A gentil e linda sobrinha com quem vai chegar na barrigona
Dona  Pandá teve, pois, outra deliciosa recepção, além de ver quase toda a família e comer gostosamente, conheceu o novo apartamento da mana e o quarto já  preparado de quem  vai chegar.
O motivo escolhido para o quarto é coruja, o que imediatamente levou Dona Pandá a perguntar se a sobrinha-neta, que vai morar naquele lindo espaço, está predestinada a ser filósofa.
A família está na grande espera que deverá ser para as vésperas do natal, ou quem sabe se irá coincidir com o aniversário do ansioso papai.