Almoço com quem vai chegar
À Milza, Gabi e Guto
Depois de
uma noite repousante na Sossego, Dona Pandá ganhou uma carona do cunhado até a
rodoviária de Lagoa Santa, onde pegou o ônibus para Belo Horizonte. Lá, o
motorista do táxi, como de hábito, pediu o destino da passageira que
prontamente lhe respondeu: - Santa Efigênia.
- Pois não,
senhora. Em que rua de Santa Efigênia?
-Dona Pandá
se atrapalhava com o celular que, como é de hábito, lhe mostrava uma gentil
mensagem na tela, sem dar conta de sua principal função, fazer um telefonema. O
motorista:
- Senhora,
em que rua a senhora vai? – E o celular dizia: - Dê dois toques para
desbloquear. – Os dedos da aflita passageira obedeciam e a ligação, neca de pitibiriba.
O motorista insistia na pergunta, enquanto Dona Pandá tentava chegar a um
acordo com o celular, consciente de que aquela ligação precisava ser feita
urgentemente, pois o carro corria pela ruas milagrosamente desertas de Belo Horizonte.
Ela só podia repetir: - Já lhe digo...
Ela só podia repetir: - Já lhe digo...
– Estamos
chegando a Santa Efigência...
- Espera aí,
estou conseguindo a ligação. – E no telefone: - Já estou no táxi, qual o seu
endereço? – Do outro lado da linha, a irmã que trocou de apartamento e Dona
Pandá não sabia o novo endereço:
- Fala para
o motorista ir até a Contorno...- Dona Pandá repetia em voz alta para o
motorista que já levantava a voz:
- Já saímos da
av. Contorno, qual a rua? – O telefone achando que precisava mostrar que não
era um simples telefone, começou a chamar a atenção com ruídos diferentes e
novas mensagens de tela, enquanto Dona Pandá, desconsolada, informava:
- Parece que
a ligação caiu. – O motorista tirou o seu celular do painel e perguntou:
– Qual é o número? – Ele, desconfiado da
possibilidade de sua passageira conseguir usar um telefone celular, discou ele
próprio e, em seguida, lhe passou o aparelho, dizendo:
- Pronto, agora, é só falar. Diga para ela dar o nome
da rua, eu estou na praça há 20 anos, sei chegar a qualquer lugar de Santa
Efigência. – Dona Pandá se sentindo absolutamente imbecilizada, pegou o
telefone e ouviu a irmã dizer:
- Já estou
em frente ao prédio, esperando. - E e a passageira repete em voz alta:
- Ela já
está em frente ao prédio. – E o motorista:
- Pelo amor de deus, qual é a rua? – Dona
Pandá que já estava com real dificuldade de raciocínio, repete:
- Qual é a rua?
- Tenente...
– O ágil motorista completa:
- Já sei e o número?
- O celular, que funcionara tão prontamente, solidarizou-se com o aparelho paulista e
desligou, deixando as falas para o ar e a passageira olhando incrédula aquele
objeto mais estranho em sua mão.
Toca, então, o seu próprio celular e a passageira aflitíssima, sem se preocupar em identificar a chamada, grita:
Toca, então, o seu próprio celular e a passageira aflitíssima, sem se preocupar em identificar a chamada, grita:
- O número
do prédio? - Uma voz desconhecida responde:
- Vai gritar
no ouvido da vovozinha! Quero falar com o Afrânio. – Dona Pandá com um suspiro
consegue desligar e dizer baixinho:
- Era
engano!
- Qual é o
número? - Continua insistindo o perplexo motorista - Estamos na rua Tenente ...
– - Qual é o número? – Então, a passageira, dando um pulo no banco e mostrando
com todo o seu braço para frente:
- É ela, é
minha irmã.
- Aquela que
está abanando os braços com um pedaço de pano levantado? E os dois soltam, em uníssono, um prolongado e
alto suspiro.
Ao descer do
carro, Dona Pandá ficou entre a delícia do abraço da mana e sua bronca por não
ter se comunicada antes de pegar o táxi. Rindo, afinal, as duas abrem a porta
do elevador e... a grande surpresa, lá estava a sobrinha e, na barrigona, quem vai chegar . Toda gentil conta
que está preparando o almoço e uma pequena reunião – o pai de quem vai chegar e a avó – a terceira irmã de Dona Pandá.
Só um pequeno parênteses: a avó - que é médica - colocou na internet todas as "fotos", com complicadas legendas, tiradas nas seções de ultrassom. Ela conseguia ver as parecenças do pezinho da neta com o seu.
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A gentil e linda sobrinha com quem vai chegar na barrigona |
Dona
Pandá teve, pois, outra deliciosa recepção,
além de ver quase toda a família e comer gostosamente, conheceu o novo
apartamento da mana e o quarto já
preparado de quem vai chegar.
O motivo escolhido para o quarto é coruja, o que imediatamente levou Dona Pandá a perguntar se a sobrinha-neta, que vai morar naquele lindo espaço, está predestinada a ser filósofa.
A família está na grande espera que deverá ser para as vésperas do natal, ou quem sabe se irá coincidir com o aniversário do ansioso papai.
O motivo escolhido para o quarto é coruja, o que imediatamente levou Dona Pandá a perguntar se a sobrinha-neta, que vai morar naquele lindo espaço, está predestinada a ser filósofa.
A família está na grande espera que deverá ser para as vésperas do natal, ou quem sabe se irá coincidir com o aniversário do ansioso papai.