Este blog se destina a discutir ideias e caminhos ligados à literatura, à vida de bem com a natureza, à construção de um país mais justo. Buscar ser feliz é nossa obrigação. Vamos falar de livros,artesanatos, bichos,plantas orgânicas, saúde,movimentos sociais. LULA PRESIDENTE!
sábado, 29 de março de 2014
quinta-feira, 27 de março de 2014
FUP: Não deixaremos sangrar a Petrobrás no ringue das disputas eleitorais
Federação Única dos Petroleiros acusa PSDB, DEM e grandes empresas de comunicação de retomar tática eleitoral que visa privatização da Petrobras.
Mais uma vez, a Petrobrás volta a ser palanque de disputas políticas em ano eleitoral. Foi assim no governo Lula, foi assim em 2010 e não seria diferente esse ano, quando as pesquisas eleitorais refletem o apoio popular ao governo Dilma. Tensionada, a oposição, em conluio com a velha mídia, mira na Petrobrás para tentar desmoralizar a gestão pública da maior empresa brasileira.
Os mesmos PSDB e DEM, que quando governaram o país fizeram de tudo para privatizar a Petrobrás, trazem de volta à cena política antigas denúncias sobre refinarias adquiridas pela empresa no exterior e tornam a atacar as que estão em fase final de construção no Brasil. Quem acompanha a nossa indústria de petróleo sabe da urgência de reestruturação do parque de refino da Petrobrás, que, durante o governo do PSDB/DEM, foi sucateado e estagnado, assim como os demais setores da empresa.
Quando exercia o papel de governista (dos anos 90 até 2002), a oposição demo-tucana quebrou o monopólio estatal da Petrobrás, escancarou a terceirização, privatizou alguns setores e unidades da empresa, reduziu drasticamente os efetivos próprios, estagnou investimentos em exploração, produção e refino e ainda tentou mudar o nome da Petrobrás para Petrobrax. Foi nessa época que a empresa protagonizou alguns dos maiores acidentes ambientais do país e o afundamento da P-36.
São os mesmos neoliberais que insistem em atacar a gestão estatal que desde 2003 iniciou o processo que fará da Petrobrás uma empresa verdadeiramente pública e voltada para os interesses nacionais.
Vamos aos fatos: em 2002, a Petrobrás valia R$ 30 bilhões, sua receita era de R$ 69,2 bilhões, o lucro líquido de R$ 8,1 bilhões e os investimentos não passavam de R$ 18,9 bilhões. Uma década depois, em 2012, o valor de mercado da Petrobrás passou a ser de R$ 260 bilhões, a receita subiu para R$ 281,3 bilhões, o lucro líquido para R$ 21,1 bilhão e os investimentos foram multiplicados para R$ 84,1 bilhão.
Antes do governo Lula, a Petrobrás contava em 2002 com um efetivo de 46 mil trabalhadores próprios, produzia 1 bilhão e 500 mil barris de petróleo por dia e tinha uma reserva provada de 11 bilhões de barris de óleo. Após o governo Lula, em 2012, a Petrobrás quase que dobrou o seu efetivo para 85 mil trabalhadores, passou a produzir 2 bilhões de barris de óleo por dia e aumentou a reserva provada para 15,7 bilhões de barris de petróleo.
Apesar da crise econômica internacional e da metralhadora giratória da mídia partidária da oposição, a Petrobrás descobriu uma nova fronteira petrolífera, passou a produzir no pré-sal e caminha a passos largos para se tornar uma das maiores gigantes de energia do planeta. Não aceitamos, portanto, que esse processo seja estancado por grupos políticos que no passado tentaram privatizar a empresa e hoje, fortalecidos por novos aliados, continuam com o mesmo propósito.
Se confirmados erros e irregularidades na gestão da Petrobrás, exigiremos que sejam devidamente apurados pelos órgãos de controle do Estado e pela Justiça. A FUP e seus sindicatos acompanharão de perto esse processo, cobrando transparência na investigação e responsabilização de qualquer desvio que possa ter ocorrido. No entanto, não permitiremos que sangrem a Petrobrás em um ringue de disputas políticas partidárias eleitorais, como querem os defensores da CPI. Reagiremos à altura contra qualquer retrocesso que possa ser imposto à maior empresa brasileira, alavanca do desenvolvimento do país.
Direção Colegiada da Federação Única dos Petroleiros
Rio de Janeiro, 25 de março de 2014
terça-feira, 18 de março de 2014
Dirceu e o ódio da Veja
Renato Rovai (1)
A capa de Veja desta semana repete a fórmula que a levou a ser processada por Luis Gushiken e cujo resultado foi proferido na última semana, uma condenação de R$ 100 mil à família do ex-deputado, que não poderá tirar proveito da vitória por ter falecido em setembro do ano passado.
Por Renato Rovai*, em seu blog
Repete a fórmula que levou o desembargador Antonio Vilenilson, em voto seguido pelos demais desembargadores da Nona Câmara de Direito Privado do TJ-SP, a afirmar:
“A Veja dá a entender que não eram fantasiosas as contas no exterior. E não oferece um único indício digno de confiança. Infere, da identidade dos acusadores e dos interesses em jogo, a verdade do conteúdo do documento. A falácia é de doer na retina.”
Veja repete a fórmula de assassinato de reputações e procede da mesma forma que quadrilheiros ao esquartejarem e queimarem vivos aqueles que estão do outro lado dos seus interesses.
Não importa o quanto aquilo possa afetar a família do alvo. Não importa o quanto de sofrimento aquilo cause ao atingido pela crueldade. Não importa nada.
Gushiken foi condenado por Veja e seus parceiros da mídia tradicional num processo onde foi absolvido pelo “magnânimo” relator Joaquim Barbosa por falta de provas. Mas os algozes não lhe reservaram nenhuma retratação.
Nesta semana Veja utiliza a mesma técnica do “numa conversa entreouvida” para acusar Genoíno de não se medicar com o objetivo de ter crises e se livrar do semi-aberto. E Zé Dirceu, pasmem, de comer peixadas e lanches do Mc Donalds.
Nenhuma prova, apenas conversas entreouvidas e supostos depoimentos de supostas fontes que não se identificam e não oferecem nada que possa comprovar o que dizem.
A revista acha que mata aos poucos seus alvos com este tipo de reportagem. E talvez tenha razão. Mas neste caso tem um objetivo bem claro, fazer com que Genoíno e Zé Dirceu fiquem mais tempo na cadeia, se possível numa de segurança máxima, e que ao saírem estejam totalmente derrotados tanto do ponto de vista físico quanto moral.
Veja deixou a muito tempo o jornalismo de lado. Mas a cada capa como a desta semana, não coloca em risco apenas a sua reputação. Ela incentiva uma geração de novos profissionais a se comportarem como bandidos midiáticos. Incentiva a acusação sem provas e autoriza o vale tudo em nome de objetivos empresariais ou pessoais.
Hoje, o tipo de jornalismo de Veja é uma das maiores ameaças ao jornalismo. É tão danoso quanto a censura. Porque ele traz no seu cerne a marca do ódio, da mentira e da crueldade. Quando o jornalismo que se preza deveria ao menos tentar respeitar a verdade factual e ser minimamente sério.
(1) É jornalista.
Leia também no Vermelho:
Paulo Moreira Leite: A fábrica de “supostas” regalias
Mauricio Dias: O ovo da serpente
Nossa fonte: Vermelho
A capa de Veja desta semana repete a fórmula que a levou a ser processada por Luis Gushiken e cujo resultado foi proferido na última semana, uma condenação de R$ 100 mil à família do ex-deputado, que não poderá tirar proveito da vitória por ter falecido em setembro do ano passado.
Por Renato Rovai*, em seu blog
Repete a fórmula que levou o desembargador Antonio Vilenilson, em voto seguido pelos demais desembargadores da Nona Câmara de Direito Privado do TJ-SP, a afirmar:
“A Veja dá a entender que não eram fantasiosas as contas no exterior. E não oferece um único indício digno de confiança. Infere, da identidade dos acusadores e dos interesses em jogo, a verdade do conteúdo do documento. A falácia é de doer na retina.”
Veja repete a fórmula de assassinato de reputações e procede da mesma forma que quadrilheiros ao esquartejarem e queimarem vivos aqueles que estão do outro lado dos seus interesses.
Não importa o quanto aquilo possa afetar a família do alvo. Não importa o quanto de sofrimento aquilo cause ao atingido pela crueldade. Não importa nada.
Gushiken foi condenado por Veja e seus parceiros da mídia tradicional num processo onde foi absolvido pelo “magnânimo” relator Joaquim Barbosa por falta de provas. Mas os algozes não lhe reservaram nenhuma retratação.
Nesta semana Veja utiliza a mesma técnica do “numa conversa entreouvida” para acusar Genoíno de não se medicar com o objetivo de ter crises e se livrar do semi-aberto. E Zé Dirceu, pasmem, de comer peixadas e lanches do Mc Donalds.
Nenhuma prova, apenas conversas entreouvidas e supostos depoimentos de supostas fontes que não se identificam e não oferecem nada que possa comprovar o que dizem.
A revista acha que mata aos poucos seus alvos com este tipo de reportagem. E talvez tenha razão. Mas neste caso tem um objetivo bem claro, fazer com que Genoíno e Zé Dirceu fiquem mais tempo na cadeia, se possível numa de segurança máxima, e que ao saírem estejam totalmente derrotados tanto do ponto de vista físico quanto moral.
Veja deixou a muito tempo o jornalismo de lado. Mas a cada capa como a desta semana, não coloca em risco apenas a sua reputação. Ela incentiva uma geração de novos profissionais a se comportarem como bandidos midiáticos. Incentiva a acusação sem provas e autoriza o vale tudo em nome de objetivos empresariais ou pessoais.
Hoje, o tipo de jornalismo de Veja é uma das maiores ameaças ao jornalismo. É tão danoso quanto a censura. Porque ele traz no seu cerne a marca do ódio, da mentira e da crueldade. Quando o jornalismo que se preza deveria ao menos tentar respeitar a verdade factual e ser minimamente sério.
(1) É jornalista.
Leia também no Vermelho:
Paulo Moreira Leite: A fábrica de “supostas” regalias
Mauricio Dias: O ovo da serpente
Nossa fonte: Vermelho
O que está em disputa
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por Silvio Caccia Bava | ||
Já estamos em plena campanha eleitoral, com praticamente toda a mídia
batendo forte no governo Dilma. Os focos são dois: uma economia que “vai
mal” e a “incapacidade do governo” de enfrentar as crises de
governabilidade geradas pelas mobilizações e protestos sociais, e pela
violência que penetra o cotidiano e desborda o controle do Estado. A economia “vai mal” depois que o governo Dilma tomou iniciativas como reduzir a taxa Selic, enfrentar a usura dos bancos privados reduzindo as taxas de juros dos bancos públicos e ser contra o aumento real de tarifas de serviços públicos privatizados. Mesmo com uma ampla política de isenções tributárias para a defesa da indústria, o risco de o governo não cumprir a meta do “superávit primário”, isto é, a parte de arrecadação dos impostos que é destinada ao pagamento dos juros da dívida interna, o grande nó que impede o crescimento, deixou a direita em pé de guerra. Indicadores positivos como os menores índices de desemprego da história recente e o aumento do consumo não entram em consideração. A internacionalização de nossa economia nos últimos anos trouxe para a cena política nacional a atuação de grandes lobbies empresariais internacionais, que têm todo interesse em manter o câmbio com o real apreciado, favorecendo seus produtos importados e combatendo assim a concorrência nacional. A ameaça da inflação é o espectro que ronda esses argumentos, mesmo que não exista evidência de que um ajuste na política cambial provoque a inflação, como aponta Amir Khair. A desindustrialização do país é consequência disso. As remessas de lucros das empresas internacionais para suas matrizes colaboram para que a taxa de investimento produtivo no país se reduza e o crescimento desacelere. Na verdade, essa corrente de pensamento que anuncia que a economia vai mal não pensa no país e no bem-estar dos brasileiros. Antes, no governo Lula, o cenário da economia internacional era favorável a uma política que tanto contemplava as exigências do capital quanto permitia o aumento do emprego, o crescimento real do salário mínimo, o aumento do consumo, o incremento das políticas sociais e as transferências de renda para os mais pobres, mas essa realidade mudou. A crise internacional teve seu impacto na economia brasileira, e a balança comercial mostra isso, mas a oposição não trata do assunto. Age como se o Brasil flutuasse no nada e toda a responsabilidade sobre o desempenho da economia dependesse do governo federal. A exigência apresentada pelas manifestações de escolas “padrão Fifa” expressa a contradição do momento. Se há dinheiro para a Copa, para obras faraônicas, por que não se tem para a educação? Mas esse clamor que veio das ruas, que sensibilizou num primeiro momento o governo, agora não encontra eco entre as autoridades. As pressões empresariais são enormes e o governo vem recuando em todas as frentes: aumenta a Selic, desacelera a atuação dos bancos públicos na redução das taxas de juros e no preço dos serviços, oferece novas áreas de exploração de serviços públicos para as empresas privadas na forma de novas concessões, vai a Davos assegurar que vai priorizar os interesses do mercado. Nem mesmo o recente contingenciamento do gasto público − esse corte da ordem de R$ 44 bilhões nas despesas previstas no orçamento da União para assegurar o superávit primário − acalma os ânimos. Nada disso agora tranquiliza “o mercado”. Mesmo com essas concessões e garantias, a direita vê neste momento a oportunidade de desestabilizar o governo Dilma e fragilizá-la para as próximas eleições; quer lutar para terminar com o longo período em que se viu privada do controle da máquina pública federal. Daí toda a ofensiva que se vê nas maiores revistas semanais, nos grandes jornais e na TV, apontando a existência de uma violência social descontrolada, a ameaça de uma sociedade a caminho da barbárie e do caos, como se essas questões não estivessem ligadas à desigualdade social e à precariedade dos serviços públicos. A receita da direita para enfrentar essa situação seria, portanto, endurecer o controle social e a repressão, criminalizar os movimentos sociais, ter um governo que imponha a lei e a ordem a qualquer custo, em suma, militarizar a gestão pública. As discussões, hoje, são muito diferentes das que se esboçaram depois das manifestações de junho, quando Dilma propôs, para atender às demandas expressas nas ruas, uma reforma política, investimentos maciços em mobilidade nas cidades e mais recursos para educação e saúde. Muita coisa parou no Congresso. Só o que teve impacto imediato foi o Programa Mais Médicos, apesar da virulenta resistência da categoria profissional. As bandeiras da oposição, até o momento, falam em garantir a independência e autonomia do Banco Central em relação ao governo, abrir mais a economia para as corporações transnacionais, privatizar mais, exportar commodities cada vez mais. Está na hora de essa campanha eleitoral olhar para as demandas dos cidadãos brasileiros e superar o autismo com que o Congresso trata as manifestações de junho. Afinal, quais são os planos de governo que estão em disputa? É alentador ver que no Rio de Janeiro o candidato a governador pelo PT, o senador Lindbergh Farias, já no ato de lançamento de sua candidatura, defendeu a educação em tempo integral para toda a rede pública, recuperando a proposta de Darcy Ribeiro materializada nos Cieps; a erradicação do analfabetismo em quatro anos no estado; a volta dos pontos de cultura; a participação cidadã na formulação das políticas e no controle da gestão pública, entre outras propostas. Esperamos pelos planos de governo dos candidatos. Silvio Caccia Bava é Diretor e editor-chefe do Le Monde Diplomatique Brasil |
domingo, 16 de março de 2014
Unasul critica ação imperialista dos EUA na Venezuela
Por Redação, com Telesur - de Caracas
A Unasul representa os esforços dos países latino-americanos por uma unidade regional
Secretário-geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), Ali Rodriguez Araque afirmou, durante coletiva em Buenos Aires, que EUA empreende uma política imperialista que busca desestabilizar a Venezuela. Rodriguez reafirmou, neste sábado, a “defesa incondicional da soberania da Venezuela. Sem soberania não há democracia “. Ele denunciou que uma das estratégias aplicadas pelo país do Norte é o isolamento internacional da Venezuela.
– Observamos a execução de uma campanha de propaganda negativa raramente vista no mundo, exceto as duas guerras mundiais. Você coloca qualquer canal de qualquer país fora da Venezuela , ou ler qualquer jornal e unanimidade surpreendente com que refletem e distorcem a situação – alertou.
Ele ainda destacou que que qualquer um que vê a informação refletida dessa forma “acha que realmente o país está em chamas e há uma guerra , por causa do que é acompanhar esta política de privacidade com uma política de desestabilização”.
Neste sábado, o povo venezuelano ocupa as ruas de Caracas, capital do país, em apoio à Força Nacional e para protestar contra as ações violentas perpetradas pela direita golpista. De acordo com informações da TeleSur, as investidas dos golpistas resultaram na morte de três soldados militares.
Até agora, a violência já causou a morte de 28 pessoas e feriu outras 365 em diferentes partes do país , segundo o último relatório do Ministério do Interior, Justiça e Paz.
A ministra das Comunicações, Delcy Rodriguez , postou em sua conta no Twitter que a concentração para a mobilização ocorreria na Plaza e se encaminharia para o Pátio Símbolos Academia Militar. Desde fevereiro de 12, as ações violentas da direita venezuelana foram mortos três soldados militares. Além de 109 policiais e militares foram feridos , 21 deles por tiros .
Nas redes sociais os usuários também mostraram seu apoio para as Forças Armadas com as tags #VenezuelaPuebloDePaz SomosFANB??. Nesta sexta-feira, em coletiva à imprensa nacional e internacional, no Palácio de Miraflores, o presidente Nicolas Maduro declarou há uma campanha de desinformação e mentiras sobre Venezuela no mundo.
Nossa fonte: CdB
sexta-feira, 14 de março de 2014
Mulheres com mais de 70 anos têm ‘o melhor sexo de suas vidas’, segundo pesquisa
Uma vida
ativa e saudável é importante para o sexo
Por Redação, com BBC - de Londres
Segundo a crença popular, o desejo e a atividade sexual diminuem com a idade, especialmente nas mulheres. Mas uma acadêmica da American University, de Washington, sugere que mulheres com mais de 70, 80 ou até 90 desfrutam a melhor atividade sexual de suas vidas.
Iris Krasnow, professora de Jornalismo e Estudos Femininos, entrevistou 150 mulheres entre 20 e 90 anos sobre os seus segredos mais íntimos e teve conversas surpreendentes e reveladoras – que acabada de publicar no livro Sex After…: Women Share How Intimacy Changes as Life Changes (“Sexo depois dos…: Mulheres compartilham como a intimidade muda com as mudanças da vida”, em tradução livre).
Krasnow abordou o assunto de vários ângulos, indagando sobre a atividade sexual em diferentes fases da vida: depois da faculdade, da maternidade, da menopausa e da viuvez.
Descobriu que as mulheres mais velhas eram mais aventureiras e mais confiantes na sua sexualidade que as jovens que estão em fase de “envolvimento” ou namoro. “A era da senhora”, diz.
‘Frágil, enrugada e seca’
Suas entrevistadas eram de diferentes idades, classes sociais, raças, culturas e religiões. Mas o fator comum é que relatos de sexo bom estavam sempre ligados ao desenvolvimento de intimidade e conexão emocional.
- As pessoas pensam sobre o sexo até o momento em que morrem – disse Iris Krasnow, em entrevista à agência britânica de notícias BBC.
E, de acordo com o que dizem, não estão só pensando, mas também praticando e se divertindo. “A era da mulher de 78 anos, frágil, enrugada e seca é coisa do passado”, disse a autora.
Ela acrescentou que as mulheres entre 80 e 90 anos estão na faixa etária que mais cresce dentro da população idosa, em muitos países ocidentais. O que estamos vendo agora é não só um aumento na longevidade, mas o aumento da atividade sexual neste setor da sociedade.
Este crescimento da expectativa de vida vem com melhores remédios, mais vigor, mais exercício, melhor dieta e saúde o que resulta numa população de terceira idade mais sexual e saudável do que antes.
Igualmente arcaico, indica Krasnow, é o mito de que as mudanças fisiológicas, como a menopausa, cirurgias de câncer ou histerectomia (retirada do útero), não permitem o desenvolvimento da atividade sexual saudável.
- Uma das minhas entrevistadas fez uma histerectomia aos 30 e, depois disso, melhorou sua vida sexual – deu como exemplo. “Também inclui no livro as histórias de mulheres de 90 que estão iniciando relacionamentos”, destacou.
Segundo a especialista em Estudos Femininos, a alegada incapacidade das mulheres permanecerem sexualmente ativas na velhice é um mito perpetuado por homens mais velhos que querem firmar sua juventude e, com a ajuda de Viagra, buscam relacionamentos com mulheres mais novas.
Embora não seja necessariamente defensora do uso de medicamentos, que podem ter efeitos colaterais graves, a acadêmica argumenta que hoje há acesso a uma gama de opções de tratamentos, desde os hormonais e lubrificantes aos antidepressivos, que podem devolver o entusiasmo e a capacidade de desfrutar do sexo.
Saúde e aparência
Iris Krasnow divide as mulheres que se reencontram com sua sexualidade após os 65 anos em duas categorias:
A primeira é a do “ninho vazio” – aquela mulher que terminou de criar os filhos, adolescentes e estudantes universitários, e estes já saíram de casa.
Se antes estavam sobrecarregadas pela agitação doméstica, ocupadas em levar as crianças para lá e para cá ou preocupadas com que alguma delas a surpreendesse fazendo amor com seu parceiro, agora estão comemorando as possibilidades oferecidas por esta última fase da vida.
Essas mulheres e seus parceiros estão geralmente aposentados, mas ativos e conectados com o mundo exterior por meio de dispositivos modernos e redes de comunicação. Mas, principalmente, eles estão relaxados.
- Uma mulher me disse que, pela primeira vez, fez sexo na cozinha e estava experimentando um vibrador – disse Krasnow.
A outra categoria é a viúva. A mulher que foi casada por 55 anos e cuja vida sexual passou de ardente a aborrecida e, finalmente, inexistente. A que cuidou de seu marido doente por dez anos e o viu morrer.
- Agora essa viúva conhece outro viúvo – jogando golfe ou cartas – e os dois começam a praticar carícias de formas que nunca fizeram. Isso torna-se o melhor sexo de suas vidas – disse ela.
Um aspecto importante é a boa saúde, conseguida através de atividade e dieta adequadas.
As pessoas que vivem um estilo de vida sedentário e comendo demais não só se sentem mal, como não gostam como se vêem, afirma Krasnow.
- Alguém com sobrepeso geralmente têm outros problemas, come para preencher um buraco em sua alma – disse ela. “Se você estiver com sobrepeso, certamente não tem boa circulação e não há irrigação para os órgãos genitais. Sexo é a irrigação”, observa.
- 100% das mulheres em seus 70 e 80 anos que disseram que estavam tendo um bom sexo estão em excelente condição física – contou.
Sexo, por sua vez, prolonga a vida, assegura a pesquisadora. “Fisiologicamente, mantém o coração andando, as entranhas andando, o corpo andando, a vida andando”.
Intimidade
Mas o mais importante no desenvolvimento de uma boa prática sexual é a conexão emocional. O sexo é melhor quando há uma emoção igualmente profunda.
Krasnow chegou a essa conclusão depois de entrevistar milhares de casais ao longo de mais de três décadas.
- A pessoa que diz que só quer sexo sem amor mente. Todo mundo quer amar e ser amado. Isso é uma sensação primária que todos buscamos, sentir-se único nos olhos do amante – diz.
- Tudo parte de uma química sexual, explica, e, se essa química converte-se em compromisso e amor, o casal tem uma boa chance de sucesso e uma vida longa juntos. E se os dois estão de acordo com a evolução sexual de ambos, tudo fluirá bem – nota.
- Se você escolhe um parceiro desejado e sua mente pode se adaptar a um corpo envelhecido, sexualmente qualquer coisa é possível – acrescenta.
Nem tudo tem que ser sexo na cozinha ou de alta intensidade, Krasnow explica. Pode ser uma boa sessão de amasso ou uma massagem lenta e concentrada.
- O que pode ser melhor que isso? Sexo é o vínculo que temos com a nossa juventude. Nos mantém feliz, jovens e vivos.
Nossa fonte: Correio do Brasil
segunda-feira, 10 de março de 2014
“Eu não sou nada”: o que se esconde sob a humildade de Pepe Mujica
Kiko Nogueira
No início da “Divina Comédia”, Dante encontra Virgílio, seu guia no inferno, e lhe diz: “Mestre, para mim, são tão certos e me impõem tanta confiança os teus arrazoados, que os demais me parecem carvões apagados.”
Pepe Mujica, o presidente do Uruguai, erra muito pouco. Em sua última entrevista, ao jornal “O Globo”, explicou como pretende lidar com as visitas de turistas a seu país para fumar maconha (como se sabe, o Uruguai legalizou o comércio da erva). Falou muito mais. E, como costuma acontecer, transcende as questões comezinhas e dá a qualquer conversa um tom filosófico. Nas palavras de Vargas Llosa, é um velhinho estadista que fala com sinceridade insólita para um governante.
“Queremos tirar o mercado do narcotráfico, queremos tirar-lhes o motivo econômico, queremos que o narcotráfico tenha um competidor forte e não seja o monopolista do mercado. Ao mesmo tempo, tentamos incitar as pessoas a atuarem do ponto de vista médico”, disse ele. “Mas temos que ter muito cuidado, porque não é uma legalização como as pessoas supõem no exterior, não vai ter um comércio, os estrangeiros não poderão vir aqui ao Uruguai para comprar maconha. Não vai existir o turismo da maconha. A decisão tomada não tem nada que ver com esse mundo boêmio. É uma ferramenta de combate a um delito grave, o narcotráfico, é para proteger a sociedade. É muito sério”.
Sobre seu exemplo como líder: “Pretende ser um mini-ato de protesto. As repúblicas não vieram ao mundo para estabelecer novas cortes, as repúblicas nasceram para dizer que todos somos iguais. E entre os iguais estão os governantes. Têm uma responsabilidade implícita e penso que devem viver de forma bastante similar à maneira de viver da maioria do seu povo. Ninguém é mais que ninguém, começando pelo governante.”
Sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo: “O casamento homossexual, por favor, é mais velho que o mundo. Tivemos Julio Cesar, Alexandre, O Grande, por favor. Dizer que é moderno, por favor, é mais antigo do que nós todos. É um dado de realidade objetiva, existe. Para nós, não legalizar seria torturar as pessoas inutilmente”.
Sobre trabalho: “Temos que lutar para que todos trabalhem, mas trabalhem menos, todos devemos ter tempo livre. Para quê? Para viver, para fazer o que gostam. Isto é a liberdade. Agora, se temos de consumir tanta coisa, não temos tempo por que precisamos ganhar dinheiro para pagar todas essas coisas. Aí vamos até que pluff, apagamos.”
Sobre manifestações: “Eu simpatizo com os protestos, mas não levam a lugar nenhum. Não construíram nada. Para construir, há de se criar uma mente política, coletiva, de longo prazo, com ideias, disciplina, e com método. E isso é antigo, ou parece antigo. Mas sem interesses coletivos, é difícil mudar. Não são os grandes homens que mudam as sociedades, mudam quando os protestos se organizam, disciplinam, têm métodos de longo prazo. Estes movimentos de protesto têm a vantagem do novo, e tentam alguma coisa nova porque desconfiam de todos os velhos, especialmente os partidos, por que perderam a confiança neles. Mas as primaveras têm se transformado em inverno por que não sabem onde ir.”
Sobre política: “Temos de revalorizar o papel da política. Mas no mundo real, muita gente se mete na política por que gosta de dinheiro, estes devem ser expulsos porque prostituem a política. A política tem de ser feita com carinho, a política tem a ver com a harmonia das contradições que há na sociedade, tem de lutar para harmonizar este mundo frágil e cheio de contradições que estamos vivendo.”
Sobre seu reconhecimento: “Não é que me achem tão excepcional, me usam como uma maneira de criticar os outros. A última vez que estive na ONU escutei discursos de um presidente de um país europeu [Hollande, da França] pelo qual temos um respeito enorme pela cultura, por suas tradições, pelo que significou no mundo. Fiquei assustado, porque parecia um discurso neo-colonialista. Eu não sou nada, sou um camponês com senso comum. Sem dúvida, estou vivendo uma peripécia. Talvez, se não tivesse passado tantos anos presos com tempo para pensar, fosse diferente.”
Sobre o Brasil e a América Latina: “Brasil vai fazer um campeonato do mundo lindo. Brasil deve apreciar o melhor que tem, não é a Amazônia nem o petróleo, é o experimento social de ser o país mais mestiço do mundo. E tem uma grande alegria de viver, mesmo com as dificuldades e isso deve à África. Por isso, a luta é que brasileiros sejam mais latino-americanos.”
A admiração de Llosa é genuína, mas há algo de condescendente em sua consideração. Mujica é também mais que um camponês com senso comum. É alguém em quem sempre vale a pena prestar atenção. Um mestre. Como disse Dante: “Com aquela medida que o homem usa para medir a si mesmo, mede as suas coisas”.
Sobre o AutorDiretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.
No início da “Divina Comédia”, Dante encontra Virgílio, seu guia no inferno, e lhe diz: “Mestre, para mim, são tão certos e me impõem tanta confiança os teus arrazoados, que os demais me parecem carvões apagados.”
Pepe Mujica, o presidente do Uruguai, erra muito pouco. Em sua última entrevista, ao jornal “O Globo”, explicou como pretende lidar com as visitas de turistas a seu país para fumar maconha (como se sabe, o Uruguai legalizou o comércio da erva). Falou muito mais. E, como costuma acontecer, transcende as questões comezinhas e dá a qualquer conversa um tom filosófico. Nas palavras de Vargas Llosa, é um velhinho estadista que fala com sinceridade insólita para um governante.
“Queremos tirar o mercado do narcotráfico, queremos tirar-lhes o motivo econômico, queremos que o narcotráfico tenha um competidor forte e não seja o monopolista do mercado. Ao mesmo tempo, tentamos incitar as pessoas a atuarem do ponto de vista médico”, disse ele. “Mas temos que ter muito cuidado, porque não é uma legalização como as pessoas supõem no exterior, não vai ter um comércio, os estrangeiros não poderão vir aqui ao Uruguai para comprar maconha. Não vai existir o turismo da maconha. A decisão tomada não tem nada que ver com esse mundo boêmio. É uma ferramenta de combate a um delito grave, o narcotráfico, é para proteger a sociedade. É muito sério”.
Sobre seu exemplo como líder: “Pretende ser um mini-ato de protesto. As repúblicas não vieram ao mundo para estabelecer novas cortes, as repúblicas nasceram para dizer que todos somos iguais. E entre os iguais estão os governantes. Têm uma responsabilidade implícita e penso que devem viver de forma bastante similar à maneira de viver da maioria do seu povo. Ninguém é mais que ninguém, começando pelo governante.”
Sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo: “O casamento homossexual, por favor, é mais velho que o mundo. Tivemos Julio Cesar, Alexandre, O Grande, por favor. Dizer que é moderno, por favor, é mais antigo do que nós todos. É um dado de realidade objetiva, existe. Para nós, não legalizar seria torturar as pessoas inutilmente”.
Sobre trabalho: “Temos que lutar para que todos trabalhem, mas trabalhem menos, todos devemos ter tempo livre. Para quê? Para viver, para fazer o que gostam. Isto é a liberdade. Agora, se temos de consumir tanta coisa, não temos tempo por que precisamos ganhar dinheiro para pagar todas essas coisas. Aí vamos até que pluff, apagamos.”
Sobre manifestações: “Eu simpatizo com os protestos, mas não levam a lugar nenhum. Não construíram nada. Para construir, há de se criar uma mente política, coletiva, de longo prazo, com ideias, disciplina, e com método. E isso é antigo, ou parece antigo. Mas sem interesses coletivos, é difícil mudar. Não são os grandes homens que mudam as sociedades, mudam quando os protestos se organizam, disciplinam, têm métodos de longo prazo. Estes movimentos de protesto têm a vantagem do novo, e tentam alguma coisa nova porque desconfiam de todos os velhos, especialmente os partidos, por que perderam a confiança neles. Mas as primaveras têm se transformado em inverno por que não sabem onde ir.”
Sobre política: “Temos de revalorizar o papel da política. Mas no mundo real, muita gente se mete na política por que gosta de dinheiro, estes devem ser expulsos porque prostituem a política. A política tem de ser feita com carinho, a política tem a ver com a harmonia das contradições que há na sociedade, tem de lutar para harmonizar este mundo frágil e cheio de contradições que estamos vivendo.”
Sobre seu reconhecimento: “Não é que me achem tão excepcional, me usam como uma maneira de criticar os outros. A última vez que estive na ONU escutei discursos de um presidente de um país europeu [Hollande, da França] pelo qual temos um respeito enorme pela cultura, por suas tradições, pelo que significou no mundo. Fiquei assustado, porque parecia um discurso neo-colonialista. Eu não sou nada, sou um camponês com senso comum. Sem dúvida, estou vivendo uma peripécia. Talvez, se não tivesse passado tantos anos presos com tempo para pensar, fosse diferente.”
Sobre o Brasil e a América Latina: “Brasil vai fazer um campeonato do mundo lindo. Brasil deve apreciar o melhor que tem, não é a Amazônia nem o petróleo, é o experimento social de ser o país mais mestiço do mundo. E tem uma grande alegria de viver, mesmo com as dificuldades e isso deve à África. Por isso, a luta é que brasileiros sejam mais latino-americanos.”
A admiração de Llosa é genuína, mas há algo de condescendente em sua consideração. Mujica é também mais que um camponês com senso comum. É alguém em quem sempre vale a pena prestar atenção. Um mestre. Como disse Dante: “Com aquela medida que o homem usa para medir a si mesmo, mede as suas coisas”.
Sobre o AutorDiretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.
Nossa fonte: Diário do Centro do Mundo
sexta-feira, 7 de março de 2014
BARBOSA NÃO HONRA O STF
Uma justiça sem venda, sem balança e só com a espada?
Leonardo Boff
Tradicionalmente a Justiça é representada por uma estátua que tem os olhos vendados para simbolizar a imparcialidade e a objetividade; a balança, a ponderação e a equidade; e a espada, a força e a coerção para impor o veredito.
Ao analisarmos o longo processo da Ação Penal 470 que julgou os envolvidos na dita compra de votos para os projetos do governo do PT, dentro de uma montada espetacularização mediática, notáveis juristas, de várias tendências, criticaram a falta de isenção e o caráter político do julgamento.
Não vamos entrar no mérito da Ação Penal 470 que acusou 40 pessoas. Admitamos que houve crimes, sujeitos às penas da lei.
Mas todo processo judicial deve respeitar as duas regras básicas do direito: a presunção da inocência e, em caso de dúvida, esta deve favorecer o réu.
Em outras palavras, ninguém pode ser condenado senão mediante provas materiais consistentes; não pode ser por indícios e ilações. Se persistir a dúvida, o réu é beneficiado para evitar condenações injustas. A Justiça como instituição, desde tempos imemoriais, foi estatuída exatamente para evitar que o justiciamento fosse feito pelas próprias mãos e inocentes fossem injustamente condenados mas sempre no respeito a estes dois princípios fundantes.
Parece não ter prevalecido, em alguns Ministros de nossa Corte Suprema esta norma básica do Direito Universal. Não sou eu quem o diz mas notáveis juristas de várias procedências. Valho-me de dois de notório saber e pela alta respeitabilidade que granjearam entre seus pares. Deixo de citar as críticas do notável jurista Tarso Genro por ser do PT e Governador do Rio Grande do Sul.
O primeiro é Ives Gandra Martins, 88 anos, jurista, autor de dezenas de livros, Professor da Mackenzie, do Estado Maior do Exército e da Escola Superior de Guerra. Politicamente se situa no pólo oposto ao PT sem sacrificar em nada seu espírito de isenção. No da 22 de setembro de 2012 na FSP numa entrevista à Mônica Bérgamo disse claramente com referência à condenação de José Dirceu por formação de quadrilha: todo o processo lido por mim não contem nenhuma prova. A condenação se fez por indícios e deduções com a utilização de uma categoria jurídica questionável, utilizada no tempo do nazismo, a “teoria do domínio do fato.” José Dirceu, pela função que exercia “deveria saber”. Dispensando as provas materiais e negando o princípio da presunção de inocência e do “in dubio pro reo”, foi enquadrado na tal teoria.
Claus Roxin, jurista alemão que se aprofundou nesta teoria, em entrevista à FSP de 11/11/2012 alertou para o erro de o STF te-la aplicado sem amparo em provas. De forma displicente, a Ministra Rosa Weber disse em seu voto:” Não tenho prova cabal contra Dirceu – mas vou condená-lo porque a literatura jurídica me permite”. Qual literatura jurídica? A dos nazistas ou do notável jurista do nazismo Carl Schmitt? Pode uma juíza do Supremo Tribunal Federal se permitir tal leviandade ético-jurídica?
Gandra é contundente: “Se eu tiver a prova material do crime, não preciso da teoria do domínio do fato para condenar”. Essa prova foi desprezada. Os juízes ficaram nos indícios e nas deduções. Adverte para a “monumental insegurança jurídica” que pode a partir de agora vigorar. Se algum subalterno de um diretor cometer um crime qualquer e acusar o diretor, a este se aplica a “teoria do domínio do fato” porque “deveria saber”. Basta esta acusação para condená-lo.
Outro notável é o jurista Antônio Bandeira de Mello, 77, professor da PUC-SP na mesma FSP do dia 22/11/2013. Assevera:”Esse julgamento foi viciado do começo ao fim. As condenações foram políticas. Foram feitas porque a mídia determinou. Na verdade, o Supremo funcionou como a longa manus da mídia. Foi um ponto fora da curva”.
Escandalosa e autocrática, sem consultar seus pares, foi a determinação do Ministro Joaquim Barbosa. Em princípio, os condenados deveriam cumprir a pena o mais próximo possível das residências deles. “Se eu fosse do PT” – diz Bandeira de Mello – “ou da família pediria que o presidente do Supremo fosse processado. Ele parece mais partidário do que um homem isento”.
Escolheu o dia 15 de novembro, feriado nacional, para transportar para Brasília, de forma aparatosa num avião militar, os presos, acorrentados e proibidos de se comunicar. José Genuino, doente e desaconselhado de voar, podia correr risco de vida.
Colocou a todos em prisão fechada mesmo aqueles que estariam em prisão semi-aberta. Ilegalmente prendeu-os antes de concluir o processo com a análise dos “embargos infringentes”.
O animus condemnandi (a vontade de condenar) e de atingir letalmente o PT é inegável nas atitudes açodadas e irritadiças do Ministro Barbosa. E nós tivemos ainda que defendê-lo contra tantos preconceitos que de muitas partes ouvimos pelo fato de sua ascendência afro-brasileira. Contra isso afirmo sempre: “somos todos africanos” porque foi lá que irrompemos como espécie humana. Mas não endossamos as arbitrariedades deste Ministro culto mas raivoso. Com o Ministro Barbosa a Justiça ficou sem as vendas porque não foi imparcial, aboliu a balança porque ele não foi equilibrado. Só usou a espada para punir mesmo contra os princípios do direito. Não honra seu cargo e apequena a mais alta instância jurídica da Nação.
Ele, como diz São Paulo aos Romanos: “aprisionou a verdade na injustiça”(1,18). A frase completa do Apóstolo, considero-a dura demais para ser aplicada ao Ministro.
Fonte: http://www.brasil247.com/pt/247/brasilia247/122609/Leonardo-Boff-Barbosa-n%C3%A3o-honra-o-STF.htm
terça-feira, 4 de março de 2014
O Brasil, os EUA e o “Hemisfério Ocidental” (2)
JOSÉ LUÍS FIORI
Pensamento dominante em Washington
enxerga hoje, em quase todos os governos sul-americanos, uma ameaça a ser
contida e derrotada
Washington deve sufocar militarmente ações comuns da América do Sul, propôs teórico geopolítico norte-americano mais influente dos no século XX. Em que medida proposição prevalece?
—
Em grandes linhas, foi a visão estratégica de Nicholas Spykman1, formulada na década de 1940, que orientou a política externa dos EUA para a América do Sul — democrata e republicana — durante toda a segunda metade do século XX. Nesse período, só Henry Kissinger teve — dentro dos EUA — uma visão geopolítica do mundo tão ampla e inovadora, mas apesar disso, ele não mudou uma vírgula, com relação à visão hemisférica de Spykman. Com a diferença, que Kissinger foi também um executivo, e ocupou cargos de importância crescente, dentro das administrações republicanas, a partir do primeiro governo de Dwight Eisenhower, em 1953, até o final das administrações de Richard Nixon e Gerald Ford, de quem foi Conselheiro de Segurança, e Secretario de Estado, respectivamente. Nesse tempo, participou de conjunturas e decisões internacionais que o transformaram numa das figuras mais importantes da política externa norte-americana, da segunda metade do século XX. Sobretudo durante as administrações de Nixon e Ford, quando deu uma contribuição decisiva para a formulação da nova estratégia dos EUA, de resposta à crise econômica mundial dos anos 70, e à derrota americana no Vietnã, em 1973.
Ele participou diretamente das
negociações de paz no Vietnã, que levaram à assinatura dos Acordos de Paris, em
1973; e das negociações secretas com Chou en Lai e Mão Tse Tung, em 1971 e
1972, que levaram à reaproximação dos Estados Unidos com a China, e a
reconfiguração completa da geopolítica mundial, antes e depois do fim da Guerra
Fria. Mas ao mesmo tempo, Kissinger tomou várias decisões “sangrentas”, que
também foram cruciais, como foi o caso da ordem de bombardeio aéreo do Camboja
e do Laos, sem a autorização do Congresso Americano, em 1969; do apoio à guerra
do Paquistão com a Índia, no território atual de Bangladesh, em 1971; do apoio
e financiamento ilegal da invasão do Chipre, pela Turquia, em 1974; do apoio à
invasão sul-africana de Angola, em 1975; e finalmente, também em 1975, do apoio
à invasão do Timor Leste, pela Indonésia, que se transformou numa ocupação de
24 anos, e custou 200 mil vidas.
Sobre a América do Sul, entretanto,
Henry Kissinger inovou muito pouco, com relação à visão de Spykman, sobre o
potencial de ameaça para os EUA, dos países do Cone Sul. Já haviam passado três
décadas da publicação da sua obra clássica, “America´s
Strategy in World Politics”, em 1942, mas Kissinger seguia considerando
inaceitável o surgimento de um poder hemisférico alternativo nessa região, e
ainda mais, se fosse da parte de um governo de esquerda, ou comunista. Razão
pela qual, apoiou e sustentou os violentos golpes militares2 que derrubaram os governos eleitos da
Bolívia, em 1971, do Uruguai e do Chile, em 1973, e da Argentina, em 1976. E existem
evidencias inapeláveis de que também teve injunção na Operação Condor3,
que integrou os serviços de inteligência das Forças Armadas da Argentina,
Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, para seqüestrar, torturar e assassinar
personalidades políticas de oposição, nesses países.
Nas décadas de 80 e 90, Henry
Kissinger afastou-se da diplomacia direta, mas manteve uma influencia pessoal e
intelectual muito grande dentro do establishmentamericano,
e entre as elites conservadoras sul-americanas. Em 2001 — uma década depois do
fim da Guerra Fria e da “ameaça comunista” — Kissinger publicou um livro4que
marcou época, discutindo o futuro geopolítico do mundo, e sintetizando os novos
consensos da politica externa dos EUA, para o século XXI. Chama atenção, de
novo, nesse livro, sua posição com relação à América do Sul: para Kissinger, o
continente sul-americano segue sendo — no novo século — uma “zona de
influencia” onde os EUA não podem admitir nenhum tipo de contestação à sua
supremacia estratégica e econômica. Da mesma forma que no século anterior, só
que agora, a grande ameaça à supremacia americana já não vem do comunismo, vem
do “populismo autoritário”, e do “nacionalismo” dos governos que rejeitam as
propostas norte-americanas de integração econômica, do tipo ALCA, na década de
90, e do tipo Aliança do Pacífico, nos anos mais recentes. Ou seja, desse ponto
de vista dominante nos EUA, nesse momento, todos os governos da América do Sul
representariam uma ameaça aos interesses norte-americanos, que deve ser contida
e derrotada, com exceção da Colômbia, do Peru, e do Chile.
–
1 J.L.Fiori, “Brasil, EUA e o Hemisfério Ocidental ” (1), Valor Econômico, 29/01/2014
1 J.L.Fiori, “Brasil, EUA e o Hemisfério Ocidental ” (1), Valor Econômico, 29/01/2014
2Na França, Henry Kissinger foi chamado a
depor, pelo juiz Roger Lê Loire, no processo sobre a morte de cidadão franceses
na Operação Condor, e sob a ditadura militar chilena. O mesmo ocorrendo na
Espanha, com a investigação do juiz Juan Guzman, sobre a morte do jornalista
americano Charles Horman, sob a ditadura chilena. E também na Argentina, onde
Kissinger foi investigado pelo juiz Rodolfo Canicoba, por envolvimento na
Operação Condor, assim como em Washington , onde existe um processo na corte
federal com acusação, contra Kissinger, de haver dado a ordem para o
assassinato do Gal Schneider, Comandante em Chefa das Forças Armadas Chilenas,
em 1970.
3Vide Chistopher Hitchens, The
Trial of Henry Kissinger(2003); e
também a resenha de Kenneth Maxwelll, do livro de Peter Kornbluh, The Pinochet file: a Desclassified Dossier
on Atrocity and Accountability, publicado na Revista Foreign Affairs, de
Dezembro de 2003, sobre as relações de Kissinger com o regime de Augusto
Pinochet, em particular com o assassinato do diplomata chileno Orlando Letelier,
em Washington, 1976.
4H. Kissinger, 2001, Does America Need a Foreign
Policy, Simon&Schuster, New York
José Luís Fiori é professor titular de Economia Política Internacional da UFRJ, é
Coordenador do Grupo de Pesquisa do CNPQ/UFRJ, “O poder Global e a Geopolítica
do Capitalismo”,www.poderglobal.net. O último livro publicado
pelo autor, O Poder Global,
editora Boitempo, pode ser
encontrado em nossa loja
virtual. O acervo de seus textos publicados no Outras
Palavras, podem ser lidos aqui.
Nossa fonte: Outras Palavras
segunda-feira, 3 de março de 2014
Por que a Rússia é um importante contraponto ao poder unilateral dos Estados Unidos
Paulo Nogueira
Putin quer que a Rússia volte a ser grande
Na época de reunificação da Alemanha, fato contra o qual se bateu, Margaret Thatcher deixou escapar um desabafo numa reunião de líderes mundiais: “Lá vêm os alemães.”
Pois é.
Lá vêm os russos, como o caso da Crimeia mostra claramente.
Uns gostam dos russos, outros detestam, alguns ignoram, mas o que é claro que o mundo precisa de um anteparo ao poder unilateral dos Estados Unidos.
É uma necessidade, um imperativo geopolítico.
O que se viu depois da desintegração da União Soviética foi uma única superpotência abusar da paciência do mundo.
A Guerra do Iraque – feita com premissas mentirosas e não questionadas – é o maior exemplo disso, e está longe de ser o único.
Na Era da Informação, ficou difícil para os americanos sustentar a pose de campeões da liberdade. Não existe um único caso de um país que você possa dizer que melhorou depois de uma intervenção militar americana.
No mundo menos imperfeito, você não precisaria de contraponto aos Estados Unidos, mas este mundo em que vivemos é absurdamente imperfeito.
É admissível que o horror do Iraque não tivesse ocorrido com uma Rússia forte freando a agressividade destruidora dos Estados Unidos.
Putin, aparentemente, entende que a obra de sua vida é devolver grandeza global à Rússia. Haverá nisso mais ganho que perda, embora a Rússia não seja a Madre Teresa de Calcutá.
A Rússia tem a única coisa que os Estados Unidos verdadeiramente respeitam nas relações internacionais: bombas. Muitas bombas. São armas capazes de destruir várias vezes os Estados Unidos.
O outro possível contraponto ao poder americano, a China, tem uma economia fabulosa, mas sem armas acaba tendo escasso poder intimidatório para Washington.
Devemos ler com algum cuidado o noticiário nacional e internacional sobre a Rússia e Putin, pois a tendência é demonizar ambos.
Mas uma coisa é certa: com todos os defeitos da Rússia, é melhor um mundo com ela do que um mundo sem ela – ao menos enquanto os Estados Unidos estiverem tão dispostos a fazer uso de seus armamentos.
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo (Nossa fonte)
Putin quer que a Rússia volte a ser grande
Na época de reunificação da Alemanha, fato contra o qual se bateu, Margaret Thatcher deixou escapar um desabafo numa reunião de líderes mundiais: “Lá vêm os alemães.”
Pois é.
Lá vêm os russos, como o caso da Crimeia mostra claramente.
Uns gostam dos russos, outros detestam, alguns ignoram, mas o que é claro que o mundo precisa de um anteparo ao poder unilateral dos Estados Unidos.
É uma necessidade, um imperativo geopolítico.
O que se viu depois da desintegração da União Soviética foi uma única superpotência abusar da paciência do mundo.
A Guerra do Iraque – feita com premissas mentirosas e não questionadas – é o maior exemplo disso, e está longe de ser o único.
Na Era da Informação, ficou difícil para os americanos sustentar a pose de campeões da liberdade. Não existe um único caso de um país que você possa dizer que melhorou depois de uma intervenção militar americana.
No mundo menos imperfeito, você não precisaria de contraponto aos Estados Unidos, mas este mundo em que vivemos é absurdamente imperfeito.
É admissível que o horror do Iraque não tivesse ocorrido com uma Rússia forte freando a agressividade destruidora dos Estados Unidos.
Putin, aparentemente, entende que a obra de sua vida é devolver grandeza global à Rússia. Haverá nisso mais ganho que perda, embora a Rússia não seja a Madre Teresa de Calcutá.
A Rússia tem a única coisa que os Estados Unidos verdadeiramente respeitam nas relações internacionais: bombas. Muitas bombas. São armas capazes de destruir várias vezes os Estados Unidos.
O outro possível contraponto ao poder americano, a China, tem uma economia fabulosa, mas sem armas acaba tendo escasso poder intimidatório para Washington.
Devemos ler com algum cuidado o noticiário nacional e internacional sobre a Rússia e Putin, pois a tendência é demonizar ambos.
Mas uma coisa é certa: com todos os defeitos da Rússia, é melhor um mundo com ela do que um mundo sem ela – ao menos enquanto os Estados Unidos estiverem tão dispostos a fazer uso de seus armamentos.
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo (Nossa fonte)
AP 470: A mídia constrangida com o monstro que criou
A mesma mídia que defendeu Barbosa, mais uma vez, partirá para o ataque. “Qualquer sugestão de que haverá revisão criminal será tratada como “pizza” e haverá tentativa de insuflar a sociedade contra o STF. O que foi, aliás, o que fizeram durante todo o julgamento: tentaram emparedar o STF com a ameaça da “opinião pública”. A lógica do “linchamento”, da importância do “símbolo”, foi usada sem nenhum pudor pela mídia para chantagear os ministros do STF. Entretanto, a estratégia vai ficar mais difícil. A catarse inicial foi feita: os condenados foram presos. A grande novidade agora é: e se prenderam inocentes, e se o julgamento foi equivocado?”, questionou o jornalista Miguel do Rosário, em seu blog.
Leia, a seguir, a íntegra do artigo:
A mídia agora está tropeçando no próprio pé, porque o seu interesse exagerado, histérico, na condenação, não deixará de ser associado à vergonhosa truculência de Joaquim Barbosa. E não só truculência: a mídia está associada à decisão arbitrária de Joaquim Barbosa de atropelar a tradição legal e transformar o STF no instrumento de vingança política contra alguns réus.
Ele é a prova de crime contra a Constituição Brasileira, contra o direito moderno, contra o humanismo que marca o direito penal desde o advento de Cesare Beccaria. Joaquim Barbosa confessa, despudoramente, que aumentou a pena do crime de quadrilha para que Dirceu permanecesse em regime fechado, e não semi-aberto. Um juiz não pode aumentar a pena para “compensar” a demora de um tribunal em julgar uma causa. Se eu for preso por assalto, e meu julgamento ocorrer daqui a 10 anos, o tribunal não poderá aumentar minha pena de 10 para 15 anos, apenas para evitar a prescrição. Isso não existe. Até porque o réu também é vítima do atraso no julgamento.
O tempo de espera angustia muito mais o réu do que o juiz. O juiz continua sua vida, comprando apartamentos em Miami e passando férias na Europa, enquanto o réu aguarda, ansioso, pelo julgamento que irá determinar seu destino. Por isso Beccaria, pensador central do direito penal moderno, observa que os julgamentos tem de ser rápidos, eficazes e brandos.
Nossa fonte: Correio do Brasil, onde poderá ver o vídeo
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