Ilda e Ramon - Sussurros de Liberdade

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sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

A poluição fabrica desequilíbrios


Vivi durante muito tempo no rural. Nasci numa fazenda e lá estive até precisar de me matricular numa escola. Passei, então, a ficar no urbano durante a semana e, às sextas feiras, à tarde, pegava carona em um caminhão e me mandava para a roça. Lá havia ar puro oferecido pelas irmãs árvores, leite no curral, cavalo para galopar, frutas no pomar, verduras e legumes na horta. As vaquinhas eram tratadas com capim no pasto e sal no coxo. As galinhas viviam soltas no grande quintal onde ciscavam suas proteínas e também lhes eram oferecido milho. A comida era feita com gordura suína e os porcos eram alimentados com restos da cozinha e soro do leite desnatado para fazer a manteiga.

Tomei gosto pela ar puro e pela comida orgânica. Tive que me mudar para a cidade grande para sobreviver ao tal mercado de trabalho, mas a mãe-terra me chamava e eu a atendia, morando em chácaras nas cercanias da capital paulista ou da mineira. Tenho 74 anos e saúde.

Percebo, no entanto, cada vez mais perto “o que se faz para a Terra vai para os filhos da Terra”. Estes, sem juízo, estão sofrendo de poluição, a fabricadora de doenças, os desequilíbrios energéticos. As doenças correm a ocupar o espaço da saúde. A poluição do ar – é carro demais, é fábrica demais – impede a respiração necessária aos pulmões. A poluição das águas – as águas, que deveriam ser santas, estão ficando empesteadas – contaminam nossas comidas que ainda recebem os malditos agrotóxicos. A falta de cuidado com as águas deixa abertas as portas para os insetos e começam a intensificar os males que já haviam desaparecidos. A poluição sonora entra pelos ouvidos, machucando os tímpanos, causando surdez e confusão nas cabeças. Os jovens aumentam cada vez mais o volume de seus sons, como se não pudessem suportar o silêncio, pedido pela música.


Toda essa poluição vai fazendo seu caminho nos corpos e nas almas. A paz, tranquilidade, necessárias à criatividade, à arte, estão escassas e o homem se perde sem o belo da arte. O belo da natureza, muitas vezes, já se foi, desrespeitado pela poluição. Aparecem os sentimentos contrários à paz e há uma alimentação do ódio, da ganância, da intolerância, fábrica das doenças O homem se perde  no meio poluído.