Ilda e Ramon - Sussurros de Liberdade

Ilda e Ramon - Sussurros de Liberdade
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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Ilda e Ramon - Sussurros de Liberdade - Prefácio de Jaqueline Lemos


A vida visceral











Jaqueline Lemos(1) (2)

[...] Escrevo porque sou um desesperado e estou cansando, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias.
A Hora da Estrela,
Clarice Lispector


Não faz muito tempo Mírian comentou comigo: “estou escrevendo um livro”. Apesar da novidade, não foi uma surpresa. Pareceu-me natural que assim fosse.  Dos muitos anos que nos conhecemos, mesmo com breves encontros, sempre imaginei que ela um dia seguiria o rumo da literatura. E, eis a primeira cria. Primeira, certamente.
Ilda e Ramon – sussurros de liberdade  é na verdade um grito visceral. Não é um sussurro. Aqui, a vida pulsa com a intensidade das tempestades: a vida da autora e a vida da narradora. Mírian e Mariana são um amálgama. Mulheres que carregam em si rebeldia, questionamento, paixão, dor e muita ternura. São mulheres que jamais saberiam viver no raso. É nas profundezas que elas se encontram.
E a vida profunda é dilacerante tanto quanto as dores físicas vividas por Mariana. Com Ilda, Ramon ou com Bei (seus bichos-companheiros) Mariana sangra corpo e alma. Parecem acidentes, mas não. Não existem acidentes nas vidas dessas mulheres.
Elas fazem escolhas, abrem caminhos. Em meio ao quase-nada, fincaram seu lugar no mundo: a chácara Xury. Tudo por fazer. Construíram. Tudo por plantar. Semearam. O que era um refúgio do eu, se transforma em aconchego de muitos. Pois para elas, mesmo a mais íntima solidão é um exercício de solidariedade com o outro. A vida é para ser compartilhada, comungada... A vida é para ser profunda.
Talvez toda a intensidade das vidas aqui narradas tenha nascido da junção de duas grandes paixões dessas mulheres: pela terra e pela liberdade. A paixão pela terra é algo que quase brota com elas. Oriundas dos rincões, criadas em fazendas e educadas ao sabor dos ventos impossível seria que não despertassem a outra paixão fundante em seus seres: a liberdade. Uma paixão finca raízes e alimenta o cotidiano. A outra paixão dá asas e alimenta a alma. Parecem caminhos contraditórios, mas não.
São reveladores da beleza do humano ser. Quando essas mulheres trilham seus caminhos elas o fazem abrindo mata fechada. É uma lida dura, muitas vezes solitária, mas somente as gentes que têm os pés no chão e a cabeça nas nuvens conseguem.
É caminhada de gigantes.
É caminhada de mulheres ousadas.
É a vida visceral.

Com café e afeto,
Jaqueline Lemos

 
Jaqueline Lemos é jornalista e professora-pesquisadora
na Universidade São Judas Tadeu, em SP.
Livros já publicados: "Betinho", "Sérgio Vieira de Mello" e
"Madre Teresa", pela Editora Salesiana. "Casa de Taipa"
(em co-autoria, também pela Ed. Salesiana). E "Mestres
da Comunicação" (em co-autoria, pela Phorte Editora).
(2) Desenho de Marcelo Pereira.


2 comentários:

  1. Comentário enviado por Milza Cintra Januário(milzacintra@gmail.com)

    Achei que Jaqueline foi muito feliz ao redigir o prefácio do livro "Ilda e Ramon". É assim mesmo que vejo Mian: visceralmente ligada à terra e à liberdade. É mesmo a mulher ousada que vai sempre na frente abrindo caminho para nós.

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  2. Milza, Vc e Jaque foram sempre muito generosas. Obrigada é muito gostoso sentir esse carinho.
    Muitos beijos

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