Ao Robertão
Dona Pandá teve uma boa discussão com seu amigo Zezé do
Leite. O tema foi bem atual, as injustiças e a concentração de renda. Ela dizia
que com a justa distribuição das riquezas e das terras o Brasil, o mundo seria
outro. O Sr. Zezé afirmava que quem quer
fica rico, as oportunidades existem. Já dá para perceber o nível de comunhão de
pensamento entre os dois. Depois de algum tempo, ela perdeu a compostura,
fechou a cara, saiu da sala e voltou com um livro, dizendo:
- Olha aqui, você primeiro leia este livro até entendê-lo,
depois volta para continuarmos. Está bem?
- Ele leu a capa “História da riqueza do homem”.
- Como você sabe que ainda não li. Este livro fazia parte da
lista do meu vestibular. O autor é ... – pegou o livro e completou – Leo Huberman.
- Isto mesmo. Sei que você não leu ou, pelo menos, não
assimilou nada do seu conteúdo senão não faria as afirmações tão ...
- Tão o quê?!
- Sem fundamento.
Depois de mais um troca troca pouco esclarecedora, e já
passando da hora, o Sr. Zezé se despediu levando o livro.
Dona Pandá continuou macambúzia
por alguns minutos. Depois resmungando algumas palavras tipo abracadabra, foi
até seu canteirinho de ervas e, aí sim, pude lhe adivinhar o que dizia, pedia
licença à melissa para apanhar suas folhas. Agradeceu e foi fazer o chá. Em
seguida, com a caneca na mão, sentou-se na varanda e, só então, se deu conta de
que estávamos observando-a. Ela, sorriu, nos ofereceu o chá, dizendo que havia
feito uma chaleira completa e até insistiu na oferta.
- Vejam como fui idiota de ficar irritada com o Zezé. Privei-me
dos cantos desses pássaros que estão tão esperançosos chamando para a sedução
suas companheiras. Eles nos mostram a beleza e eu, quebrando a harmonia do momento e do
lugar, fico brava, discuto com quem nem quer ouvir. O dia está lindo, os verdes estão exuberantes,
as flores nos dão perfumes e cores a escolher. As íris, roxas e brancas, as buganvílias
e as rosas vermelhas, as azáleas... Qual é a cor das azáleas? No meu tempo...
será que ele já passou? Se ainda cá estou...
chamava cor de maravilha. Que maravilha! Acho que estou ouvindo o
Caetano.
Bem, basta olhar, ver, sentir, deixar a beleza entrar para a paz ficar a nosso
alcance. Podemos escolher entre curti-la e nos alimentar, ou ficarmos
idiotas. E os passarinhos estão insistindo... Querem me abençoar. Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário